Donald Trump exige R$ 1,2 bilhão por investigações federais conduzidas contra ele durante a administração anterior, sob o comando do democrata Joe Biden. O ex-presidente dos Estados Unidos reivindica um valor equivalente a US$ 230 milhões diretamente do Departamento de Justiça dos EUA, segundo informações detalhadas em reportagem do jornal “The New York Times”. A publicação descreve a situação como algo “sem paralelo na história dos EUA”, ressaltando a natureza inédita da solicitação em face das normativas políticas e éticas do país.
A controvérsia surge da alegação de Trump de que ele foi alvo de supostas violações de seus direitos ao longo de duas investigações específicas. Estas análises aprofundadas sobre suas ações e condutas enquanto figura pública e ex-ocupante da Casa Branca geraram desdobramentos significativos. A inédita demanda de indenização ressalta a tensão contínua entre Trump e as instituições judiciais americanas.
Trump Cobra R$ 1,2 Bilhão por Investigações
Analistas consultados pelo “The New York Times” enfatizam que a demanda levanta questões éticas profundas e complexas. Os funcionários do Departamento de Justiça que teriam a responsabilidade de aprovar tais pagamentos foram, em grande parte, indicados por Trump ou por membros de sua equipe e aliados políticos. Mais delicado ainda é o fato de que muitos desses mesmos indivíduos trabalharam anteriormente como advogados de defesa de Donald Trump antes de seu retorno à esfera política ativa e à Casa Branca, conforme amplamente noticiado pela imprensa americana, como o prestigiado The New York Times.
Essa teia de relacionamentos e nomeações cria um claro conflito de interesses. O professor de ética Bennett L. Gershman, da universidade Pace, explicou a complexidade da situação ao jornal: “O conflito ético é tão básico e fundamental que não é preciso um professor de direito para explicá-lo. E então ter pessoas no Departamento de Justiça decidindo se sua reivindicação deve ser bem-sucedida ou não, e essas são as pessoas que reportam a ele decidindo se ele ganha ou perde. É bizarro e quase absurdo demais para acreditar.” A situação expõe um dilema sobre a imparcialidade das decisões dentro da pasta de justiça.
Entre as investigações pelas quais Trump busca ressarcimento, uma delas está diretamente ligada às suspeitas de interferência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016, ano em que ele venceu pela primeira vez. O relatório elaborado pelo procurador especial Robert Mueller, embora tenha concluído pela ausência de provas que incriminavam Trump pelo crime de conspiração com Moscou, absteve-se de isentá-lo de ter cometido um outro crime, o de obstrução de justiça. É importante ressaltar que nenhuma acusação formal foi impetrada contra Trump em relação a este caso.
A segunda investigação diz respeito a uma operação de busca e apreensão realizada pelo FBI em agosto de 2022. Essa ação foi executada em sua residência particular, no resort de Mar-a-Lago, na Flórida. Na ocasião, agentes federais coletaram mais de 20 caixas contendo uma vasta quantidade de documentos, superando uma centena, com marcações que variavam de “confidencial” a “ultrassecreto”. Esses documentos foram encontrados armazenados em locais diversos da propriedade, incluindo depósitos e, surpreendentemente, até mesmo em um banheiro do local.

Imagem: g1.globo.com
Conforme fontes anônimas do Departamento de Justiça que se manifestaram ao “The New York Times”, Trump também acusa a pasta, durante a gestão Biden, de orquestrar uma campanha de perseguição política contra ele. Essa alegação está vinculada às acusações de manipulação indevida de documentos oficiais após sua saída da presidência, configurando mais um ponto de atrito entre o ex-presidente e as autoridades federais.
Todas as investigações envolvendo Donald Trump que haviam sido iniciadas e conduzidas sob o Departamento de Justiça foram formalmente encerradas pela Justiça dos EUA após seu retorno à Casa Branca, sinalizando uma nova fase nas complexas relações entre o ex-líder e as instituições judiciárias do país.
Confira também: crédito imobiliário
A exigência de Donald Trump por uma compensação financeira robusta por investigações passadas reacende o debate sobre o papel da justiça e a política nos Estados Unidos. O desenrolar dessa reivindicação sem precedentes promete gerar amplas discussões sobre ética, imparcialidade e as responsabilidades dos poderes constituídos. Para ficar por dentro de todas as novidades e análises políticas, continue acompanhando nossa editoria de Política, onde abordamos os temas mais relevantes do cenário nacional e internacional.
Crédito da imagem: Imagem contida em um relatório apresentado em 30 de agosto de 2022 pelo Departamento de Justiça, e editado em parte pelo FBI, mostra documentos apreendidos durante a busca em 8 de agosto na propriedade do ex-presidente Donald Trump em Mar-a-Lago , na Flórida. Foto: AP/Jon Elswick



