Um acidente fatal com um ônibus na Serra dos Ventos, em Pernambuco, resultou na morte de 17 pessoas e deixou outras 17 feridas. A tragédia ocorreu na BR-423, no trecho entre os municípios de Paranatama e Saloá, na noite de sexta-feira, dia 17. Entre as vítimas estava Maria Sueli Simões Nogueira, uma mineira de 52 anos, cujo corpo foi liberado somente nesta segunda-feira, 20, após os procedimentos periciais.
Nilson Soares, amigo de longa data de Maria Sueli, foi o responsável por comparecer ao Instituto de Medicina Legal (IML), no Centro do Recife, para o reconhecimento e a liberação do corpo. Em um depoimento emocionante, ele revelou que, anualmente, fazia o percurso de Minas Gerais para Pernambuco duas vezes com a amiga, costume mantido desde 2015. No entanto, nesta última ocasião, Nilson optou por não viajar, mesmo após ser convidado por Sueli.
Acidente Fatal: 17 Mortos em Tombamento de Ônibus em PE
“Eu vim com ela todas essas vezes, desde 2015 para cá, duas vezes por ano. A gente vinha de carro próprio e, dessa vez, não sei o que houve, o que aconteceu, que ela preferiu vir de ônibus”, relatou Nilson Soares. Ele justificou sua decisão de não acompanhar Sueli afirmando não conseguir fazer viagens longas de ônibus devido a enjoos, condição que a amiga conhecia. “Ela veio nessa excursão e aconteceu isso aí”, lamentou.
A liberação dos corpos das vítimas levou alguns dias para ser concluída, devido à complexidade das perícias. Além de Maria Sueli, o corpo de Cirlene Alves de Jesus, de 45 anos e também originária de Minas Gerais, foi um dos últimos a ser entregue às famílias na mesma segunda-feira, com seu marido, Manoel Messias, realizando o procedimento. A dor da perda é profunda para Nilson, que considerava Maria Sueli como uma irmã. “Era uma pessoa que eu tinha como irmã (…) Terrível, pior sensação. Nunca imaginava ver isso acontecer, passar por essa situação. Uma pessoa tão boa, do bem, igual era Sueli”, desabafou o amigo.
O ônibus sinistrado havia sido fretado por uma companhia sediada em Brumado, na Bahia, com o propósito de transportar passageiros para realizar compras em um centro atacadista em Santa Cruz do Capibaribe, situado no Agreste pernambucano. O veículo estava retornando para a Bahia pela BR-423 quando o tombamento aconteceu, aproximadamente às 19h40. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que o trecho onde ocorreu o desastre é caracterizado por ser sinuoso e possuir iluminação deficiente, condições que podem ter contribuído para a ocorrência.
No momento do tombamento do ônibus, estima-se que havia um total de pelo menos 40 pessoas a bordo. Este número superou a capacidade declarada no termo de fretamento. Uma investigação posterior revelou que nenhuma das três listas de passageiros encontradas no interior do veículo correspondia exatamente à quantidade real de ocupantes no momento do grave acidente. As vítimas, tanto as que faleceram quanto as que ficaram feridas, eram principalmente residentes de Minas Gerais e da Bahia, indicando a vasta área de abrangência dos passageiros envolvidos na excursão.
Os 17 corpos das vítimas fatais foram encaminhados ao IML do Recife para os devidos procedimentos. A Secretaria de Defesa Social (SDS) foi responsável pela organização da liberação, garantindo que os corpos pudessem ser entregues às suas famílias. Enquanto isso, os passageiros feridos foram prontamente socorridos e transportados, primeiramente, para o hospital local de Saloá. Posteriormente, foram transferidos para o Hospital Regional Dom Moura, em Garanhuns, a fim de receberem tratamento mais especializado devido à gravidade de alguns casos.
Imagem: g1.globo.com
De acordo com um boletim médico atualizado na manhã de segunda-feira, 10 de novembro, pelo Hospital Regional Dom Moura, que inicialmente recebeu 18 pacientes, um deles infelizmente não resistiu e faleceu na unidade no sábado, dia 18, elevando o total de mortes relacionadas ao sinistro para 18 contando com esse óbito na unidade de saúde. As demais vítimas internadas apresentavam diferentes estados de saúde: um paciente permanecia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), outro estava em observação na sala vermelha, e três seguiam sob monitoramento na sala amarela. Já oito pacientes haviam recebido alta médica e três foram transferidos para o Hospital Geral da Bahia, em Salvador. Por fim, um paciente precisou ser removido para o Hospital da Restauração (HR), na capital pernambucana, Recife, indicando a complexidade e a extensão dos ferimentos sofridos.
A fatalidade ocorrida na Serra dos Ventos ressalta a importância de investigações aprofundadas sobre as condições da estrada, as regras de fretamento e a segurança do transporte de passageiros, a fim de prevenir que tragédias como esta voltem a acontecer. A comunidade e as famílias enlutadas continuam em busca de respostas e de justiça diante da dor causada pelo infortúnio.
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