PGJ-SP: Asfixia financeira gerou retaliação do crime

Últimas Notícias

A estratégia de promover a **asfixia financeira ao crime organizado** implementada nos últimos anos tem sido fundamental no enfrentamento a facções criminosas e, consequentemente, pode ter sido o motor para as recentes reações e retaliações observadas no estado. Essa é a avaliação de Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, procurador-geral de Justiça de São Paulo, em declarações concedidas à GloboNews a respeito das investigações que envolvem ameaças e atentados dirigidos a diversas autoridades locais.

De acordo com o procurador, a metodologia adotada pelo Ministério Público e pelas forças de segurança paulistas passou por uma significativa evolução. O foco principal tem se voltado para a interrupção dos fluxos financeiros ilícitos e para o desmonte das estruturas econômicas que sustentam essas organizações criminosas. Tal abordagem representa um avanço tático que transcende a mera prisão de indivíduos, atingindo a espinha dorsal financeira das facções.

PGJ-SP: Asfixia financeira gerou retaliação do crime

A transição para essa nova perspectiva, que mira a descapitalização dos grupos criminosos, tem gerado um considerável incômodo. As ações resultam na recuperação de milhões de reais e na apreensão de bens valiosos. Como exemplo, o procurador citou a apreensão de 20 aeronaves em Araçatuba, uma operação de grande porte ligada ao crime organizado, que ocorreu na quinta-feira, dia 23. Costa ressaltou a necessidade urgente de uma legislação mais robusta e eficiente para lidar com a complexidade e a ousadia da criminalidade moderna.

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa comparou a situação atual do Brasil a períodos desafiadores enfrentados por outras nações no passado. Para ele, a superação desses momentos críticos passou invariavelmente pela adaptação de rigorosos ajustes legais. O cenário mais recente expõe a face hedionda do crime no Brasil, com criminosos demonstrando um planejamento minucioso, incluindo planilhamento de rotinas e monitoramento de autoridades como o promotor de Justiça Lincoln Gakiya e Roberto Medina, coordenador de presídios de SP.

O procurador enfatizou que a realidade vivida pelo país sublinha a urgência de fortalecer os mecanismos de combate à criminalidade organizada. A experiência de outros países aponta para a importância de que o sistema de Justiça, a segurança pública e o arcabouço legal atuem de forma mais assertiva e com instrumentos mais rigorosos. Esta mudança é vista como um passo essencial para frear a expansão e o poder das facções.

A Importância da Proteção Contínua e o Legado do Gaeco

Uma preocupação central do Procurador-Geral é a segurança contínua das autoridades que vivem sob ameaça constante, defendendo que a proteção não se restrinja ao período de atividade, mas se estenda para a aposentadoria. O promotor Lincoln Gakiya, por exemplo, é escoltado há mais de uma década devido a ameaças graves e “irreversíveis” proferidas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). A proposição é que o Brasil estabeleça uma legislação que garanta a segurança de figuras como Gakiya, Medina e o falecido Ruy Ferraz Fontes, que se tornam vulneráveis após deixarem seus cargos ativos.

Desde que assumiu a Procuradoria-Geral em abril do ano passado, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa reiterou que o trabalho conjunto do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) com as polícias Civil e Militar tem priorizado operações voltadas a desmantelar o braço financeiro das facções. Ele pontuou que, embora as prisões sejam cruciais, não devem ser o único foco, já que aspectos processuais, como imunidades e absolvições, por vezes desestimulam o trabalho policial.

A atual linha de atuação busca identificar as estruturas do crime organizado inseridas na economia formal e nos processos de lavagem de dinheiro, visando à interrupção desses mecanismos financeiros. Além disso, o procurador afirmou que há indicativos de envolvimento do PCC na trágica morte do promotor de Justiça aposentado Ruy, embora a SSP (Secretaria de Segurança Pública) ainda esteja investigando se existe ligação com o cargo que ele ocupava na prefeitura.

Detalhes da Operação Contra Planos do PCC

Na manhã de sexta-feira, dia 24, o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Civil deflagraram uma operação significativa. O objetivo era cumprir 25 mandados de busca e apreensão contra indivíduos suspeitos de arquitetar os assassinatos do promotor de Justiça Lincoln Gakiya e de Roberto Medina, coordenador de presídios da Região Oeste de São Paulo. A Justiça também autorizou a quebra de sigilos telefônico e telemático para aprofundar as investigações e identificar possíveis outros envolvidos no esquema. Segundo a polícia, as ordens para atacar Gakiya e Medina partiram diretamente do PCC.

PGJ-SP: Asfixia financeira gerou retaliação do crime - Imagem do artigo original

Imagem: Medina via g1.globo.com

Os mandados foram cumpridos em sete municípios do interior paulista: Presidente Prudente (11), Álvares Machado (6), Martinópolis (2), Pirapozinho (2), Presidente Venceslau (2), Presidente Bernardes (1) e Santo Anastácio (1). Até o momento, a Polícia Civil não estabelece conexão direta entre este plano e o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Contudo, um detalhe levanta questionamentos: o monitoramento de Medina e Gakiya pelos criminosos iniciou-se em meados de julho, período que coincide com o início do acompanhamento dos passos de Ruy por seus assassinos em Praia Grande.

Lincoln Gakiya é uma referência incontestável no combate ao crime organizado e se tornou um dos principais alvos do PCC em função das suas investigações profundas sobre a facção, enfrentando ameaças constantes e vivendo com escolta 24 horas. A investigação, conduzida pela Seccional de Presidente Prudente, teve seu ponto de partida em julho, após a prisão em flagrante de Vitor Hugo da Silva, conhecido como “VH”, por tráfico de drogas. A análise de seu celular revelou seu envolvimento no plano de atentado contra o coordenador Roberto Medina, com levantamentos detalhados de sua rotina, incluindo fotos e vídeos do trajeto casa-trabalho.

Em registros de áudios apreendidos, os criminosos discutiam a preocupação em serem filmados nas proximidades da residência de Roberto Medina, o que indica o nível de profissionalismo e cautela da facção. As conversas de Vitor Hugo e suas conexões com o PCC consolidam a conclusão policial de que a ordem para matar Gakiya e Medina emanou da organização criminosa. A partir da prisão de “VH”, as autoridades chegaram a Wellison Rodrigo Bispo de Almeida, apelidado de “Corinthinha”, outro membro do PCC. Ele foi preso durante as investigações. Embora residindo em Martinópolis, ele havia alugado uma chácara em Presidente Bernardes, a 53 quilômetros de sua residência. Wellison alegou estar fugindo de um policial, mas os investigadores afirmam que ele estava ali a mando do PCC para monitorar Medina.

Um terceiro suspeito, Sérgio Garcia da Silva, conhecido como “Messi”, também foi identificado e preso em 26 de setembro por tráfico de drogas. No celular encontrado debaixo de seu travesseiro, havia conversas que indicavam seu envolvimento nos planos de assassinato de Medina e do promotor Lincoln Gakiya. Além disso, foram encontrados “prints” de telas com o trajeto usual de Gakiya. As investigações revelaram que os suspeitos chegaram a alugar uma casa a menos de um quilômetro do condomínio do promotor. Imagens aéreas mostraram a reunião de diversas pessoas nesse local, que também servia como ponto de distribuição de drogas. A suspeita é que os criminosos planejavam atacar Gakiya em seu trajeto diário para o trabalho, em Presidente Prudente.

A **asfixia financeira ao crime organizado**, embora fundamental para enfraquecer as facções, tem como consequência o aumento da agressividade e da ousadia dos criminosos, culminando em ameaças diretas a autoridades essenciais para o sistema de Justiça. É imperativo que as estratégias de combate sejam constantemente revistas e adaptadas, incluindo a proteção dos que dedicam a vida a combater esses grupos.

Confira também: crédito imobiliário

Para se aprofundar nas nuances do combate ao crime organizado e suas implicações sociais e jurídicas, continue acompanhando as notícias em nossa editoria de Política. Mantenha-se informado sobre os avanços e os desafios enfrentados pelas instituições para garantir a segurança e a ordem pública.

Foto: Reprodução/GloboNews

Deixe um comentário