Moacyr Luz Recebe Alta Após Cirurgia para Parkinson no Einstein

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O cantor Moacyr Luz, diagnosticado com Parkinson em 2008, obteve alta nesta quinta-feira (16) do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O sambista de 67 anos passou por um procedimento inovador para o tratamento da doença, marcando um novo capítulo em sua jornada contra a condição neurológica.

A intervenção cirúrgica, realizada na terça-feira (14), foi a chamada estimulação cerebral profunda. Este método envolve o implante de eletrodos no cérebro que emitem impulsos elétricos com o objetivo de modular e normalizar a atividade em regiões específicas afetadas pelo Parkinson. Em menos de 48 horas após a cirurgia, Moacyr Luz já relatava melhorias significativas em seu estado.

Moacyr Luz Recebe Alta Após Cirurgia para Parkinson no Einstein

Moacyr Luz, um ícone do samba brasileiro, expressou sua satisfação à Folha, mesmo ainda na fase inicial do tratamento pós-cirúrgico. “Estou no ponto morto ainda, só instalou o aparelho e agora tem que esperar um pouquinho para ativar. Mas só de botar 0,001 já estou outra pessoa, é impressionante”, declarou, referindo-se aos estímulos iniciais de baixa intensidade. A esposa do compositor, Marluci Martins, explicou que o “0,001” denota esses ajustes de intensidade mínima, gradualmente programados para permitir a adaptação do organismo do paciente à nova estimulação.

Marluci Martins compartilhou o impacto positivo dos primeiros estímulos no dia a dia do cantor. Segundo ela, essa ativação inicial, por mais branda que fosse, já impulsionou melhorias na capacidade de locomoção do artista. “Mas o pouquinho que ele [o médico Erich Fornoff, que fez a cirurgia] botou já melhorou a caminhada do Moacyr. Por exemplo, ele estava bebendo com canudinho ontem, sem ajuda. Tomou um copo de mate sem ajuda, hoje tomou de novo. Depois, ele pegou e atacou a garrafa. Estava fácil”, relatou, em tom de celebração.

Essas pequenas, mas importantes, mudanças ajudaram o músico a “destravar” movimentos que antes eram executados com dificuldade, como o simples ato de manusear dinheiro para pagar um táxi. Tais avanços são um sinal promissor da eficácia do tratamento de estimulação cerebral profunda no manejo dos sintomas do Parkinson.

O Que É a Estimulação Cerebral Profunda?

A técnica de estimulação cerebral profunda representa um avanço significativo no campo da neurologia. No Brasil, ela é amplamente empregada no tratamento de condições como o Parkinson, tremor essencial, distonia (caracterizada por contrações musculares involuntárias) e epilepsia refratária a outras abordagens terapêuticas. Este procedimento vem sendo objeto de estudos e aprimoramentos há décadas, consolidando-se como uma opção viável para muitos pacientes.

Segundo o médico José Francisco Pereira Jr., neurocirurgião do Hospital Sírio-Libanês, esta técnica não apenas é coberta por planos de saúde, mas também disponibilizada em diversas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). O Dr. Pereira Jr. enfatiza que a estimulação cerebral profunda atua no alívio dos principais sintomas da doença de Parkinson, incluindo a rigidez muscular, a lentificação dos movimentos e os característicos tremores. Ele destaca, ainda, sua relevância para pacientes que utilizam medicamentos há tempo e notam uma redução rápida dos seus efeitos, ou seja, na fase em que a terapia medicamentosa tradicional começa a perder a eficácia esperada.

A recuperação pós-cirúrgica é notavelmente rápida, sendo um dos pontos positivos do procedimento. Adicionalmente, os eventuais efeitos colaterais são considerados reversíveis. O neurocirurgião explica que, caso a estimulação gere sensações indesejadas, como formigamento, é possível ajustar o padrão dos impulsos elétricos para eliminar tais sintomas, conferindo flexibilidade e segurança ao tratamento.

Jornada de Moacyr Luz: Diagnóstico e Busca por Tratamento

A família de Moacyr Luz teve contato com a técnica da estimulação cerebral profunda de forma inesperada. Durante uma consulta online com o médico que eventualmente realizou a cirurgia, o Dr. Erich Fornoff, o foco inicial era explorar o tratamento dos tremores com Hifu (ultrassom de alta intensidade não invasivo). Contudo, o especialista indicou a estimulação profunda, reconhecendo que era uma abordagem mais abrangente e adequada para lidar com a multiplicidade de sintomas que o sambista vinha apresentando.

Marluci Martins detalhou como a doença havia comprometido a qualidade de vida do cantor. “A marcha do Moacyr estava muito comprometida. Ele não estava conseguindo mais sair”, relatou a esposa. Morando no Flamengo, ele já não conseguia sequer atravessar o Parque do Flamengo, um trajeto de cerca de seis minutos até a praia, ou frequentar seu bar preferido, o Belmonte, nas proximidades. Essa limitação resultou em um período de reclusão para o artista, que se restringia a sair apenas para cumprir seus compromissos profissionais.

Os desafios impostos pelo Parkinson também afetavam diretamente sua arte e bem-estar geral. Moacyr não conseguia mais tocar em pé, uma de suas preferências no palco, sofria com distúrbios do sono e sentia dores constantes. A medicação usual para a doença já não proporcionava o alívio necessário, em meio a uma rotina de 32 medicamentos diários, incluindo aqueles para hipertensão.

Os primeiros dias após a cirurgia já mostram um cenário promissor para Moacyr Luz. Sua esposa afirma que a movimentação e a qualidade do sono já apresentaram melhorias notáveis. Para Marluci, que completará 58 anos no dia 25, esses resultados são o maior presente. “O pouco que já se conseguiu é muito. Já mostra que vai ser um sucesso”, concluiu, vislumbrando um futuro com mais autonomia e qualidade de vida para o marido.

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O caso de Moacyr Luz ilustra o impacto da estimulação cerebral profunda na vida de pacientes com Parkinson, promovendo esperança e melhorias significativas. Para acompanhar mais notícias sobre celebridades, saúde e os avanços na medicina, continue navegando pela editoria de Celebridade em nosso portal, e fique por dentro dos principais acontecimentos e histórias inspiradoras.

Crédito da Imagem: Felipe Vazami – 9.set.24/Divulgação