O governo Lula reage para recompor base no Congresso e mira 2026. O Executivo federal iniciou um processo de rearticulação de sua base parlamentar no Congresso Nacional. A medida sucede a exoneração de aliados políticos de deputados que se manifestaram contrariamente à Medida Provisória referente ao aumento de impostos.
A tática governamental é utilizar essa movimentação para angariar o apoio de parlamentares em votações consideradas prioritárias, agendadas para o período final do ano corrente. Além disso, o reordenamento busca priorizar figuras políticas que demonstrem intenção de alinhar-se ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nas próximas eleições, em 2026. O próprio presidente declarou, nesta quarta-feira (22) de outubro, sua disposição em buscar a reeleição, pleiteando assim seu quarto mandato.
Governo Lula reage para recompor base no Congresso e mira 2026
Desde o dia 10 de outubro, o governo adotou uma postura mais assertiva, promovendo a demissão de nomes indicados por deputados que votaram de forma contrária à mencionada MP. Essa ação foi uma resposta direta aos membros da base governista que, conforme avaliação do Palácio do Planalto, não estavam seguindo as diretrizes estabelecidas pela Presidência.
A equipe da ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela Secretaria de Relações Institucionais, está atualmente engajada no levantamento de cargos públicos vagos e na busca ativa por líderes na Câmara dos Deputados para que estes possam propor substituições. De acordo com informações de dois aliados próximos da ministra, integrantes do próprio Planalto também foram procurados por diversos parlamentares. Este movimento indica uma tentativa de reaproximação com o Poder Executivo, especialmente por parte daqueles que tiveram seus apadrinhados desligados de suas funções.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem tido um papel central nesse processo de articulação e participará ativamente da recomposição da base, ao lado de outras lideranças partidárias da Casa. Um encontro relevante entre Motta e Gleisi Hoffmann aconteceu nesta mesma quarta-feira (22) de outubro para discutir detalhes da estratégia. Doutor Luizinho (RJ), líder do PP na Câmara, também esteve presente na reunião, evidenciando o escopo ampliado das negociações.
Fontes próximas a Hugo Motta revelam que o presidente da Câmara tem atuado como um mediador estratégico. Sua influência é observada nas conversas junto às bancadas do PP e do União Brasil, especialmente após o rompimento dos presidentes dessas siglas com a administração federal. Aliados do Presidente Lula, entretanto, esclarecem que, embora Motta seja visto como uma peça fundamental na reorganização dos cargos, não haverá uma delegação total da construção dessa base aliada. A decisão final sobre as indicações contempladas continuará a ser do núcleo de articulação política governamental.
O intuito dessa nova abordagem é evitar a repetição de cenários anteriores, como o vivenciado com o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Em sua gestão, cargos foram distribuídos inclusive para o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, visando manter uma rede de apoio que nem sempre se alinhava aos interesses do atual governo Lula. Ademais, o Executivo busca ter um controle mais preciso sobre cada indicação, com o objetivo de exigir fidelidade dos novos aliados em votações cruciais que acontecerão até o encerramento do ano. Essa manobra é interpretada por assessores do Presidente Lula como uma nova janela de oportunidade para atrair deputados que, até então, não haviam sido agraciados com indicações.
Representantes governistas também acreditam que essa reacomodação de postos pode contribuir para mitigar a insatisfação crescente de alguns deputados. Parlamentares têm se queixado do que descrevem como uma baixa execução orçamentária de recursos atrelados a apadrinhamentos políticos, além do ritmo considerado lento no pagamento de emendas parlamentares, um ponto sensível especialmente em período pré-eleitoral. Para entender mais sobre o funcionamento da estrutura legislativa, o site da Câmara dos Deputados oferece informações detalhadas sobre a composição e regimentos internos.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), concedeu entrevista à Folha, afirmando que a administração petista demorou para implementar medidas de retaliação contra deputados infiéis. Ele classificou as exonerações de cargos vinculados a parlamentares que votaram contra a MP como uma “assepsia” que, segundo ele, ocorreu tardiamente.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Uma fonte de alto escalão da Casa Legislativa, cuja identidade foi preservada, adverte que o processo de reacomodação dos cargos não será fácil. Segundo este integrante, o Palácio do Planalto necessita dos votos do centrão para a aprovação de matérias de seu interesse e, por isso, o Executivo precisa demonstrar sinais claros de uma mudança de postura para cativar esses deputados. Por outro lado, o congressista reconhece uma disposição ao diálogo, mesmo por parte dos parlamentares que perderam indicações políticas ou que estavam em processo de distanciamento do governo. A melhoria na avaliação da gestão petista incentivou políticos do centrão a repensar a desvinculação do governo, optando por aguardar um período mais próximo das eleições.
Um influente articulador do centrão opina que o governo enfrentará menos dificuldades na recomposição de sua base aliada atualmente, principalmente por meio do pagamento de emendas parlamentares, do que pela oferta de cargos estaduais. Um aliado de Lula no Congresso indica que uma força-tarefa deverá ser mobilizada para agilizar a liberação de emendas até o final daquela semana, dada a urgência de o Executivo aprovar as propostas que visam substituir a MP do aumento de impostos ainda no mês de outubro. Deputados a par das discussões revelam que a recomposição da base será gradual, em doses “conta-gotas”, e se estenderá até o fim do ano, acompanhando as votações prioritárias do governo, especialmente pautas do “pacote eleitoral”, como a criação do Gás do Povo.
Contrariamente, um líder do centrão manifesta a desconfiança do grupo quanto às reais intenções do governo com essa movimentação. Ele argumenta que não há clareza se o Executivo realmente busca uma recomposição ou se estaria usando o momento para elevar o tensionamento com o centrão, já com foco nas próximas eleições. Ele cita como exemplo a retórica de “nós contra eles”, que gerou desgaste para parlamentares junto à opinião pública. Esse mesmo líder ressalta a importância de separar a busca por governabilidade no Congresso dos objetivos eleitorais de 2026, alertando que o governo cometerá um erro se tratar ambos os aspectos como um pacote único. Afinal, partidos do centrão que formalmente fazem parte da Esplanada petista já sinalizaram a intenção de lançar candidaturas próprias no próximo ciclo eleitoral.
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Em suma, a movimentação do governo Lula para recompor sua base no Congresso é um complexo jogo político, balizado por retaliações, negociações de cargos e emendas parlamentares, com o horizonte eleitoral de 2026 já despontando. O sucesso da estratégia dependerá da capacidade do Executivo em conciliar interesses imediatos de governabilidade com os anseios políticos de seus aliados, garantindo assim apoio para as pautas prioritárias e solidificando as bases para futuras disputas. Para acompanhar os desdobramentos desta e de outras notícias políticas, continue explorando nossa editoria de Política.
Crédito da Imagem: Pedro Ladeira – 30.set.25/Folhapress
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