Rio Bonito do Iguaçu prioriza doações de materiais de construção e mão de obra qualificada para enfrentar o extenso trabalho de reconstrução após ser severamente atingida por um tornado na noite da última sexta-feira, dia 7 de junho. O município paranaense, que vivencia um cenário de destruição quase completa, mobiliza esforços de diversas esferas governamentais e da sociedade civil para restabelecer a normalidade e reconstruir sua infraestrutura. Enquanto equipes de avaliação técnica trabalham para quantificar o prejuízo total e elaborar um plano de ação, a urgência se volta para o apoio material à população.
Desde o fim de semana do dia 7, a força-tarefa de Defesa Civil, representantes da prefeitura municipal, além de órgãos estaduais e federais, têm se empenhado em definir as próximas etapas para a reconstrução da localidade. Os estudos técnicos estão em andamento para proporcionar uma base sólida para as intervenções necessárias. Uma estimativa preliminar divulgada pelo governo do Paraná aponta que apenas a edificação de uma nova escola e de um ginásio poliesportivo pode custar em torno de R$ 15 milhões, um valor que ilustra a magnitude dos danos.
Rio Bonito do Iguaçu prioriza doações pós-tornado
A devastação é vasta. Conforme informações da administração municipal, a área urbana de Rio Bonito do Iguaçu sofreu um impacto em aproximadamente 90% de sua extensão, resultando em cerca de 700 residências danificadas. A dimensão dos edifícios públicos que ruíram ultrapassa a marca de 10 mil metros quadrados. A Capitã Luisiana Guimarães Cavalca, porta-voz do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, relatou, em entrevista concedida no domingo, dia 9 de junho, que as equipes de campo continuam a percorrer as áreas afetadas. Seu trabalho consiste em mapear e georreferenciar cada imóvel atingido pelo fenômeno climático extremo, cujos ventos ultrapassaram os 250 km/h. O tornado deixou um saldo trágico de seis mortos e mais de oitocentos feridos, o que ressalta a severidade do evento.
Impacto Financeiro e Levantamentos Técnicos
Para auxiliar na recuperação, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) enviou mais de 200 engenheiros voluntários, especialistas em diversas áreas. Estes profissionais são cruciais na avaliação estrutural dos imóveis, definindo o destino dos escombros e identificando os riscos de desabamentos adicionais. Este minucioso levantamento técnico tem previsão de conclusão entre sete e dez dias, oferecendo um panorama mais preciso da situação e dos recursos necessários.
Ainda sem um levantamento financeiro consolidado dos prejuízos, conforme reiterado por Alex Garcia, porta-voz da prefeitura, a comunidade local precisa urgentemente de suporte. “Nesse momento, a população de Rio Bonito do Iguaçu está precisando de mão de obra qualificada e também de materiais de construção”, afirmou Garcia. Para aqueles que desejam contribuir, mas não podem fazê-lo com bens ou serviços, a prefeitura disponibilizou uma chave Pix (CNPJ: 95.587.770-0001-99) para doações financeiras.
Mobilização de Recursos Estaduais e Federais
O governo do Paraná reagiu prontamente à emergência. Mais de trinta equipamentos pesados, incluindo escavadeiras, caminhões e tratores, foram deslocados para o município para iniciar as operações de desobstrução das vias, remoção de detritos e reorganização dos espaços públicos. Fernando Shunig, coordenador estadual da Defesa Civil, destacou a prioridade: “Hoje o foco é começar a limpar a cidade, retirar os entulhos e, principalmente, fazer o levantamento dos danos e prejuízos para que possamos, da maneira mais breve possível, fazer chegar recursos financeiros a essas pessoas, aos comerciantes e permitir o retorno à normalidade.” A expectativa do coordenador é que a cidade esteja limpa em um período de dois a três dias.
O decreto de calamidade pública assinado pelo governador Ratinho Junior (PSD) é uma medida fundamental, pois facilita o acesso da população a recursos financeiros destinados à reconstrução dos imóveis. Esse reconhecimento oficial da gravidade da situação confere ao governo do Estado a capacidade de empreender ações emergenciais, como a dispensa de licitações, a mobilização instantânea de verbas e a requisição de apoio da esfera federal. Além disso, a administração municipal pode solicitar recursos da União e do Fundo Estadual de Calamidade Pública (FECAP), bem como firmar convênios de caráter emergencial para a recuperação do que foi perdido. O trabalho articulado reflete as diretrizes da Defesa Civil Nacional, essencial para resposta a desastres no Brasil.

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Adicionalmente, no sábado, dia 8, o governo paranaense encaminhou à Assembleia Legislativa, em regime de urgência, um projeto de lei para alterar a legislação do FECAP. Até então, a lei limitava o repasse de verbas apenas a fundos geridos pelos municípios. Se aprovada, a alteração permitirá o envio direto de recursos financeiros às famílias que tiveram suas residências completamente destruídas. Embora os critérios para essa liberação sejam estabelecidos posteriormente por decreto, a intenção é viabilizar o auxílio de até R$ 50 mil por família. O governador Ratinho Junior também autorizou a liberação imediata de verbas para as cidades afetadas, com foco em obras emergenciais de infraestrutura, como reconstrução de estradas, pontes, escolas, creches e unidades de saúde. “Além do que já temos, essa nova lei vai possibilitar auxiliar na recuperação de maneira muito mais célere”, frisou o governador.
No âmbito federal, a resposta não demorou. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu oficialmente o estado de calamidade pública em Rio Bonito do Iguaçu, garantindo, assim, o acesso imediato a recursos para ações de socorro e reconstrução. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, informou que solicitou ao presidente da Caixa Econômica Federal a liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os moradores atingidos. Em um comunicado, a ministra detalhou que uma equipe do Grupo de Apoio a Desastres (Gade) foi prontamente mobilizada para o Paraná, e técnicos da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) foram acionados para prestar apoio nas atividades de resposta e assistência humanitária.
No domingo, dia 9, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, desembarcou em Rio Bonito do Iguaçu para acompanhar a situação de perto e se encontrar com as autoridades locais e estaduais. “A equipe está autorizada a solicitar tudo o que for necessário da parte do governo federal para empregar na operação, seja força humanitária, equipamentos ou apoio logístico. O governo do presidente Lula trabalha de forma integrada, mobilizando todos os ministérios”, assegurou Waldez antes de sua chegada.
Diante do cenário desolador, a solidariedade e a colaboração se tornam ferramentas essenciais para a resiliência de Rio Bonito do Iguaçu. A prioridade na doação de materiais de construção e mão de obra reflete a necessidade premente de iniciar o processo de reestruturação dos lares e da infraestrutura pública, um passo fundamental para que a comunidade possa, paulatinamente, retornar à normalidade.
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Os esforços concentrados em Rio Bonito do Iguaçu ilustram a complexidade da reconstrução pós-desastre e a importância da solidariedade coletiva. Para mais notícias sobre calamidades, políticas públicas de enfrentamento e o desenvolvimento urbano no Paraná e em todo o Brasil, continue acompanhando as análises e informações atualizadas em nossa editoria de Política.
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