O presidente da China, Xi Jinping, e a primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, protagonizaram um encontro formal crucial nesta sexta-feira, marcando a primeira vez que os dois líderes se reuniram desde que a nova premiê japonesa assumiu seu cargo na semana anterior. As discussões centraram-se em tópicos de grande relevância estratégica, notadamente a questão das terras raras e a complexidade dos laços diplomáticos e econômicos entre as duas nações asiáticas.
A cúpula, realizada à margem da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) na Coreia do Sul, serviu como palco para uma série de diálogos aprofundados. Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, o presidente Xi Jinping reiterou a disposição de Pequim para fortalecer as relações com o país vizinho, buscando um avanço contínuo. Em contrapartida, a premiê Takaichi enfatizou o valor da China como parceiro para o Japão, destacando o papel fundamental que ambos os países desempenham na manutenção da paz e da prosperidade tanto regional quanto global. Este posicionamento mútuo sublinha a intenção de estabilizar e, possivelmente, aprofundar uma relação de importância global.
Xi e Takaichi Debatem Terras Raras e Laços China-Japão
Após o término do encontro, Sanae Takaichi declarou à imprensa ter reafirmado um “princípio amplo de construir uma relação estratégica e mutuamente benéfica entre Japão e China”. A líder japonesa mencionou ter exposto suas preocupações diretas, ao mesmo tempo em que ressaltou as áreas potenciais para cooperação bilateral. “Gostaria que esta reunião servisse como ponto de partida para Japão e China”, expressou a premiê, indicando o desejo de inaugurar uma nova fase nas interações entre as duas potências asiáticas. A abordagem reflete uma busca por equilíbrio entre o tratamento de desafios existentes e a exploração de oportunidades conjuntas, fundamental para a estabilidade econômica e geopolítica da região.
Um dos pontos centrais da agenda de Takaichi foi a discussão sobre os controles de exportação que Pequim impôs sobre as terras raras. Estes são um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de tecnologias avançadas, desde carros elétricos até microchips e equipamentos militares, desempenhando um papel indispensável nas cadeias de suprimentos globais de alta tecnologia. A vasta experiência da premiê, que já ocupou o cargo de ministra de segurança econômica, realça o interesse particular do Japão em assegurar um fornecimento estável e desimpedido desses minerais estratégicos. A segurança econômica japonesa depende criticamente do acesso a essas matérias-primas vitais para suas indústrias manufatureiras e tecnológicas.
Mesmo diante de um alívio temporário nas restrições de exportação de terras raras, prometido pela China após o encontro do presidente Xi Jinping com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quinta-feira, Tóquio manteve uma postura de preocupação contínua. Membros proeminentes do gabinete de Takaichi manifestaram-se ativamente sobre a questão. Em uma chamada telefônica, Toshimitsu Motegi, o novo ministro das Relações Exteriores do Japão, expressou “forte preocupação” a Wang Yi, o principal diplomata chinês. Da mesma forma, Ryosei Akazawa, ministro do Comércio do Japão, reiterou essa preocupação em reunião com Wang Wentao, ministro do Comércio da China, também à margem da cúpula da APEC na Coreia do Sul, na mesma quinta-feira. Este posicionamento coordenado demonstra a gravidade com que o Japão percebe o impacto das políticas chinesas de exportação de terras raras.
Após sua reunião, o ministro Akazawa declarou à imprensa: “Expressei séria preocupação com o impacto severo na cadeia de suprimentos global, incluindo o Japão, causado pelos controles de exportação chineses sobre terras raras. Instamos fortemente a China a tomar medidas apropriadas”. Este apelo reflete a dependência de nações como o Japão dessas matérias-primas e o temor de interrupções que possam afetar gravemente suas economias e indústrias. O controle da China sobre grande parte do mercado global de terras raras confere-lhe uma influência considerável sobre os setores estratégicos de outros países, tornando as negociações sobre este tema de vital importância. Para uma análise mais aprofundada sobre a relevância desses minerais, pode-se consultar recursos como a reportagem da Reuters sobre a importância global das terras raras, que contextualiza sua demanda e produção no cenário internacional.
Além das terras raras, a agenda bilateral incluiu discussões sobre tensões regionais persistentes. Os dois ministros abordaram os pontos de atrito envolvendo China e Taiwan, a contínua atividade chinesa no Mar da China Oriental — uma área de disputa territorial —, e a segurança dos cidadãos japoneses que residem ou viajam pelo território chinês. Estas questões representam desafios geopolíticos sensíveis que exigem diplomacia cuidadosa e contínua para evitar escaladas de conflito e proteger os interesses nacionais de ambas as partes.

Imagem: valor.globo.com
A eleição de Sanae Takaichi como primeira-ministra japonesa gerou um grau de apreensão em Pequim. Seu perfil de líder conservador e de linha dura levantou preocupações na capital chinesa de que tal postura poderia levar a um possível esfriamento ou deterioração nos laços diplomáticos e econômicos do Japão com seus parceiros asiáticos, incluindo a própria China. A reticência de Pequim em parabenizar publicamente Takaichi por sua eleição é interpretada como um sinal de que o governo chinês ainda nutre ressalvas e observações cautelosas em relação à nova liderança do Japão, o que sugere um período de reavaliação nas dinâmicas de poder e nas expectativas de cooperação.
Apesar das apreensões iniciais, a realização deste encontro presencial e a troca de declarações, embora prudentes, indicam uma tentativa de manter as linhas de comunicação abertas. A importância de um diálogo contínuo é ressaltada pela intrínseca interdependência econômica e pela necessidade de coordenação em desafios regionais e globais, como a estabilidade na Ásia. A negociação e a diplomacia continuam sendo ferramentas essenciais para gerenciar a complexa teia de interesses e potenciais atritos entre duas das maiores economias e potências militares da Ásia.
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Em suma, a reunião entre Xi Jinping e Sanae Takaichi solidificou a importância do diálogo entre China e Japão, focando em questões cruciais como o acesso a terras raras e a estabilidade regional. O futuro das relações bilaterais dependerá da capacidade de ambos os lados em gerenciar preocupações e buscar pontos de convergência. Para continuar acompanhando as análises sobre geopolítica e economia internacional, convidamos você a explorar outras matérias em nossa editoria de Economia.
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