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Wagner Moura em “Um Julgamento” no retorno aos palcos

Wagner Moura em “Um Julgamento” no retorno aos palcos: O ator faz seu aguardado regresso aos tablados depois de 16 anos dedicados majoritariamente às telas de cinema e televisão. Em “Um Julgamento”, sob a direção da aclamada Christiane Jatahy, a encenação questiona profundamente a natureza da verdade, marcando o peso do ambiente teatral para o […]

Wagner Moura em “Um Julgamento” no retorno aos palcos: O ator faz seu aguardado regresso aos tablados depois de 16 anos dedicados majoritariamente às telas de cinema e televisão. Em “Um Julgamento”, sob a direção da aclamada Christiane Jatahy, a encenação questiona profundamente a natureza da verdade, marcando o peso do ambiente teatral para o protagonista em meio a discussões sobre o que é autêntico e o que é meramente narrativo.

Este retorno de Moura estabelece um diálogo com a notória carreira de Christiane Jatahy, uma dramaturga e diretora carioca laureada que, desde os anos 2000, tem explorado com maestria a fusão de diferentes linguagens artísticas em suas produções. Suas obras, como “Hamlet – Nas Dobras do Tempo”, encenada em Paris no último ano, e a ópera “Nabucco”, da mais recente temporada lírica do Theatro Municipal de São Paulo, são exemplos marcantes de sua abordagem inovadora que desafia as convenções tradicionais do espetáculo ao vivo.

Wagner Moura em “Um Julgamento” no retorno aos palcos

A proposta central de “Um Julgamento” mergulha na problemática da verdade de maneira narrativa, ao mesmo tempo em que investiga, através de sua estrutura formal, o que é real e o que constitui artifício. A obra se posiciona como uma continuação de “Um Inimigo do Povo”, um clássico texto de Henrik Ibsen, datado de 1882. Este drama judicial contemporâneo se concentra no embate polarizado entre os irmãos Thomas Stockmann, interpretado por Wagner Moura, e Peter, personagem de Danilo Grangheia.

Na concepção original de Ibsen, o Dr. Thomas Stockmann é condenado pela comunidade onde reside após revelar a contaminação de um balneário, vital para a economia local e cuja segurança da água está comprometida. Peter, seu irmão e prefeito, decide romper com Thomas, avaliando que a exposição da verdade não compensaria o impacto econômico e o desastre iminente na subsistência da população. “Um Julgamento” transporta esta trama para o cenário brasileiro atual, com as luzes apagadas já sinalizando a adaptação para a contemporaneidade nacional, evidenciando ressonâncias com os confrontos vividos no Brasil durante a pandemia de Covid-19, um período explicitamente mencionado na peça.

Nesta versão revisitada, os irmãos se reencontram anos depois, em um novo confronto onde Thomas busca reabilitar seu nome. A cada sessão, a encenação convida onze espectadores para compor um júri participativo, apto a fazer questionamentos à peça. Ao final do espetáculo, esses jurados votam anonimamente, determinando se o protagonista deve ser considerado ou não um “inimigo do povo”, resultando em um desfecho aberto, suscetível às diversas perspectivas e argumentos. A decisão final é influenciada por materiais de defesa e acusação frequentemente apresentados em projeções fílmicas, capazes de reconfigurar a percepção do público sobre cada irmão. A atriz Marjorie Estiano realiza uma participação especial, exibindo em vídeo uma performance emocionante em que implora ao personagem de Moura que desconsidere a disputa política, em razão das repercussões negativas sofridas pela família.

Além das presenças no palco e nas projeções, o elenco conta com Tatiana Henrique no papel da cientista, conectada ao vivo por videochamada, prestando depoimento sobre o grau de contaminação do balneário. Julia Bernat retoma sua colaboração com Jatahy, personificando a filha e advogada de Thomas, com sua presença física na cena. A dimensão familiar se estende com a participação de Salvador e José Moura, filhos de Wagner Moura, que, na trama, são também filhos de Thomas Stockmann, surgindo em vídeos previamente gravados.

“Este julgamento não ocorre em um lugar fictício que inventamos. Ele acontece neste teatro, com as pessoas que estão aqui a cada sessão”, enfatiza Christiane Jatahy, elucidando a convergência entre atores, não atores e a plateia. A peça, que é uma releitura de um trabalho original de Henrik Ibsen, um dos dramaturgos mais influentes da história, busca modernizar a narrativa com essa interatividade. A iniciativa ainda prevê um rodízio de papéis secundários, convidando artistas locais sempre que a produção for apresentada em novas cidades. “É um espetáculo que possibilita o diálogo em um período no qual a escuta do outro lado parece escassa. Abrir essa oportunidade de ouvir é crucial.”

Wagner Moura em “Um Julgamento” no retorno aos palcos - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

A concepção de “Um Julgamento” emergiu de um encontro em Los Angeles, há três anos, quando Wagner Moura assistiu a uma das obras de Jatahy, gerando uma afinidade imediata. Este elo profissional e pessoal levou Moura a decidir que seu retorno aos palcos aconteceria sob a direção dela. O profundo interesse de Moura pelos temas levantados por Ibsen se alinhou à vontade de Jatahy de abordar a radicalização e a complexidade das duplicidades na sociedade contemporânea. “Eu e a Chris tínhamos os mesmos interesses, mas com focos diferentes”, detalha Moura. “Ela desejava discutir como o fascismo se apodera da democracia para miná-la. Eu, por minha vez, refletia sobre a verdade, sobre o que considero o declínio do jornalismo, as inovações tecnológicas muitas vezes distorcidas e a polarização que vivemos.” Juntos, Christiane Jatahy e Wagner Moura assinam o texto de “Um Julgamento” em coautoria com Lucas Paraizo.

A temporada em Salvador segue até 12 de outubro no Trapiche Barnabé, localizado na avenida Jequitaia, 5. As apresentações ocorrem de segunda a sexta, às 20h, aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h. Após a capital baiana, a montagem segue para o Rio de Janeiro, com exibições entre 23 de outubro e 3 de novembro, no Teatro II do CCBB, situado na rua Primeiro de Março, 66. Na cidade carioca, as sessões acontecem de segunda a sábado, às 19h, e aos domingos, às 18h. Estão previstas, para o ano de 2026, turnês internacionais pela França, Holanda, Espanha e Escócia, com expectativa de uma temporada também em São Paulo. O valor do ingresso é de R$ 30, e a compra pode ser realizada pelo site bileto.sympla.com.br. A classificação etária indicada é de 14 anos. A realização do projeto envolveu a difícil conciliação de agendas entre Jatahy e Moura, que mantém uma carreira ativa no Brasil e nos Estados Unidos, com múltiplos projetos cinematográficos e séries. Neste fim de ano, Wagner Moura dedicará seus esforços à campanha de “O Agente Secreto” para o Oscar. No entanto, o ator reitera: “Tenho a consciência de que sou um ator de teatro, e um ator que se forma no teatro precisa eventualmente voltar a ele.”

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Em suma, a peça “Um Julgamento: Depois do Inimigo do Povo” representa não apenas o significativo retorno de Wagner Moura aos palcos, mas também um convite à reflexão sobre a verdade e a polarização em nossa sociedade. Sob a direção inovadora de Christiane Jatahy, o espetáculo transcende as fronteiras convencionais entre teatro e cinema, convidando a plateia a ser parte ativa da narrativa. Não perca a oportunidade de participar desta experiência única e continue explorando nossa editoria para mais análises aprofundadas sobre cultura e sociedade.

Crédito da imagem: Caio Lírio/Divulgação

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