Cerca de trezentos passageiros brasileiros enfrentam dias de transtornos e incerteza após o voo Azul cancelado na Espanha. A aeronave, que partiria de Madri com destino a Viracopos, em Campinas (SP), teve sua operação suspensa reiteradamente desde o último sábado, dia 11. Em meio a remarcações e à ausência de comunicação efetiva da companhia aérea, centenas de pessoas, incluindo um casal de Ribeirão Preto (SP) em lua de mel, se veem sem acomodação adequada, sem acesso a alimentação e sem previsão de retorno ao Brasil.
A situação escalou a partir de sábado, com a confirmação de ao menos três cancelamentos subsequentes. Relatos de viajantes evidenciam um cenário de abandono no Aeroporto Adolfo Suárez Madrid-Barajas, onde muitos esperaram por mais de oito horas sem qualquer orientação da Azul. A companhia, alvo de crescentes críticas, não teria procurado os afetados para informar sobre os problemas ou oferecer o devido suporte, deixando passageiros de diversas localidades brasileiras à própria sorte.
Voo Azul cancelado Espanha: Passageiros relatam descaso
O impacto de ter o voo cancelado gerou uma crise generalizada. Gustavo Mársico, advogado e um dos passageiros de Ribeirão Preto (SP), expressou ao G1 sua frustração diante da completa ausência de diálogo por parte da empresa aérea. “Ninguém, em momento algum, falou ‘está acontecendo isso, então tenham paciência’. Nada, nada, nada, nada. Ninguém da Azul, até agora, procurou a gente para dar uma satisfação”, desabafou. Diante do cenário caótico, os passageiros se organizaram em um grupo de mensagens instantâneas para compartilhar informações, apoio e até recursos financeiros.
Dificuldades e falta de suporte para os passageiros
A gravidade da situação foi além do mero desconforto. Testemunhos coletados, incluindo mensagens acessadas pela imprensa, detalham a ausência de hospedagem, alimentação e até mesmo de moeda local para cobrir necessidades básicas. Segundo Gustavo Mársico, alguns passageiros foram forçados a emprestar dinheiro uns aos outros. Houve quem só conseguisse se alimentar tarde da noite no hotel, depois de outras pessoas comprarem lanches para eles. Vários passageiros afirmam ter precisado dormir nas recepções de hotéis, devido à escassez de quartos disponíveis, intensificando a indignação com a operadora aérea.
A sequência de problemas persistiu nos dias seguintes. Após o cancelamento de sábado, uma nova remarcação para domingo, dia 12, também não se concretizou. O mesmo ocorreu na segunda-feira, dia 13. A oftalmologista Fernanda Mársico, esposa de Gustavo, tentou, ao lado do marido, retornar ao Brasil pela quarta vez nesta terça-feira, dia 14. O casal já manifestou a intenção de mover uma ação judicial contra a companhia aérea, buscando reparação por danos morais e materiais devido ao extenso e reiterado descaso. Graças a um esforço intenso, após quase duas horas em contato telefônico, sete pessoas, incluindo os Mársico, conseguiram ser realocadas para um voo da Latam.
Posicionamento da Azul sobre os cancelamentos
Procurada pela reportagem no domingo, a Azul Linhas Aéreas confirmou o cancelamento do voo AD8755 (Madri-Viracopos), atribuindo-o a “questões técnicas”. A empresa assegurou que os clientes impactados estavam recebendo a assistência devida, em conformidade com o previsto na Resolução nº 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Para informações mais detalhadas sobre os direitos dos passageiros em casos de cancelamento, a Anac oferece diretrizes claras em seu portal oficial: Anac – Direitos e Deveres do Passageiro. Na segunda-feira, a companhia manteve a mesma posição, adicionando que as equipes estavam “empenhadas e trabalhando para minimizar a situação e atender os clientes da melhor forma possível”. A Azul encerrou lamentando “eventuais transtornos” e sublinhou que “medidas como essas são necessárias para conferir a segurança de suas operações, valor primordial para a companhia”.
Imagem: g1.globo.com
Histórico de transtornos: Problemas na viagem de ida do casal
Os percalços da viagem do casal de Ribeirão Preto não se limitaram à volta. Na jornada de ida para a Espanha, em 22 de setembro, Fernanda e Gustavo Mársico já haviam enfrentado problemas. O voo de Ribeirão Preto para Campinas (SP) foi cancelado. A informação foi dada somente no aeroporto, no momento do check-in. Naquela ocasião, a única opção de transporte oferecida pela Azul – um ônibus – chegaria em Campinas após o horário do embarque para Madri. Diante da recusa da Azul em fornecer um táxi, o casal teve de arcar com os custos de um táxi particular para conseguir chegar a Viracopos a tempo de pegar seu voo internacional.
A experiência reiterada gerou profunda frustração em Gustavo, que criticou a falta de transparência da Azul desde o início de sua viagem. “Desde o primeiro dia que a gente saiu de Ribeirão já tivemos problema. A Azul não nos deu o respaldo. Agora esse transtorno também na volta, não só para a gente, mas para 300 pessoas”, declarou. A sequência de eventos sublinha a percepção de descaso por parte da empresa e levanta questões sobre o suporte oferecido aos clientes em situações de emergência aérea.
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A saga dos passageiros do voo Azul cancelado na Espanha em Madri ilustra os desafios que viajantes podem enfrentar em decorrência de interrupções no transporte aéreo. É essencial que as empresas de aviação não apenas sigam as regulamentações vigentes, como a Resolução 400 da Anac, mas também priorizem a comunicação clara e o bem-estar de seus clientes em momentos críticos. Para se manter informado sobre as últimas novidades e análises do cenário de aviação e notícias de Goiás e do Brasil, visite nossa seção de Análises. Continue acompanhando nosso portal para mais informações sobre economia, política e eventos de destaque em todo o território nacional.
Crédito da imagem: Redes sociais
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