As Eleições na Moldova deste fim de semana resultaram em uma apertada vitória para o partido governista Solidariedade e Ação, que defende fervorosamente a integração europeia. Os dados, divulgados nesta segunda-feira, 29 de setembro, pela comissão eleitoral do país, indicam que a sigla pró-Europa obteve 50,16% dos votos com 99,9% das urnas apuradas. O pleito foi notadamente influenciado por intensas alegações de interferência externa.
Este resultado é amplamente percebido como um triunfo pessoal para Maia Sandu, atual presidente da Moldova, que garantiu sua reeleição no ano anterior por uma margem igualmente estreita. Durante sua campanha, Sandu denunciou veementemente as tentativas de Moscou de manipular o processo eleitoral, tema que permeou todo o cenário político moldavo.
Vitória pró-Europa: Eleições na Moldova sob interferência russa
A controvérsia sobre a intromissão externa se intensificou logo após a confirmação da maioria governista, quando figuras proeminentes da Europa rapidamente se manifestaram. Em contraste, o Kremlin categoricamente rejeitou tais acusações, classificando-as como “histeria” e “russofobia”, reafirmando sua postura de negação.
Acusações de Interferência e Reações Internacionais
Líderes europeus não hesitaram em celebrar o desfecho das eleições na Moldova e criticar a alegada intervenção russa. O presidente francês, Emmanuel Macron, utilizou as redes sociais para declarar: “Apesar da interferência e da pressão, a vontade do povo moldavo prevaleceu. A França apoia a Moldávia na sua busca pelas aspirações europeias e pela liberdade e soberania.”
Donald Tusk, primeiro-ministro da Polônia, foi ainda mais contundente em suas afirmações. Ele elogiou a presidente Sandu, dizendo que ela não apenas “salvou a democracia e manteve o rumo europeu, como também impediu a Rússia de assumir o controle de toda a região.” O tom das declarações ressalta a importância geopolítica deste resultado para a estabilidade regional e o alinhamento pró-Europa do país.
De Bruxelas, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e António Costa, chefe do Conselho Europeu, harmonizaram o discurso ao celebrar a “escolha pela democracia” feita pelos moldavos. Von der Leyen assegurou que “Nossa porta está aberta”, mesmo reconhecendo que o percurso para a plena adesão ao bloco ainda apresentará desafios consideráveis.
Caminho para a União Europeia e Obstáculos
A ambição da Moldova de ingressar na União Europeia, com uma data prevista para 2030, exige a aprovação de todos os 27 Estados-membros do bloco. Embora a Moldova, reconhecidamente o país mais pobre da Europa, não enfrente oponentes explícitos, sua jornada para a adesão pode ser complicada por efeitos colaterais de outras questões. Um exemplo claro é a oposição da Hungria à candidatura da Ucrânia.
Budapeste argumenta que as minorias de origem húngara na Ucrânia, país que sofreu uma invasão russa em 2022, estão sob ameaça. Contudo, essa resistência húngara é frequentemente interpretada como um gesto político de Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, em direção a Vladimir Putin. A administração de Orbán também se opôs aos pacotes de sanções econômicas impostas pela UE contra a Rússia, chegando a sugerir a flexibilização das regras de votação no bloco, uma atitude que tem gerado atritos.
A complexidade desse cenário levanta a preocupação de que a Moldova possa ser involuntariamente afetada por essa disputa. Um evento sintomático da situação foi a visita de Marta Kos, comissária europeia para a expansão do bloco, à Ucrânia nesta mesma segunda-feira, justamente para estabelecer contato com as comunidades que são motivo de preocupação para Orbán. A negociação e a diplomacia europeia tornam-se, assim, cruciais para a pavimentação do futuro europeu da Moldova. Mais informações sobre o processo de alargamento da UE podem ser encontradas na página oficial do Parlamento Europeu.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Tensões Internas e Oposição
Dentro das fronteiras da pequena nação, estrategicamente localizada entre a Romênia e a Ucrânia, as tensões pós-eleitorais eram palpáveis. Um dos líderes do Bloco Patriótico, que advoga pela neutralidade da Moldova no conflito e busca uma política de reaproximação com Moscou, organizou manifestações na frente do Parlamento nesta segunda-feira. No dia anterior ao pleito, o ex-presidente Igor Dodon havia declarado vitória prematuramente, antes mesmo da apuração de qualquer voto, e chegou a prever uma possível anulação dos resultados, exacerbando a instabilidade sobre o desfecho das eleições.
Conforme dados da comissão eleitoral da Moldova, o Bloco Patriótico assegurou 24,2% do total de votos, consolidando-se como uma força opositora relevante. Sua agenda difere significativamente do partido no poder, representando um contraste ideológico marcante que reflete as diferentes visões para o futuro da nação.
Eventos Perturbadores e Observação Internacional
A antecedência das eleições na Moldova já havia sido conturbada. Pouco antes do dia da votação, duas legendas de oposição tiveram suas atividades suspensas sob a alegação de financiamento ilegal, e prisões foram efetuadas. Relatos de derrubada de perfis em redes sociais e uma enxurrada de acusações de interferência prefiguraram um cenário de alta volatilidade. O próprio dia de votação não se mostrou menos tumultuado.
Diversas ameaças falsas de bomba provocaram interrupções nas seções eleitorais de cidadãos moldavos que votavam no exterior, atingindo locais como Roma, Bruxelas e nos Estados Unidos. Siegfried Mureșan, o eurodeputado romeno que liderou a comissão de observação da União Europeia no país, concluiu que “a vitória pró-europeia da Moldova é uma lição para toda a Europa sobre como derrotar a interferência russa”, ressaltando a relevância do processo para o panorama geopolítico continental.
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Este resultado eleitoral sublinha a complexidade política e as escolhas geoestratégicas que a Moldova enfrenta, equilibrando suas aspirações europeias com as influências regionais. Para aprofundar a compreensão sobre os cenários políticos internacionais e as nuances eleitorais, convidamos você a continuar acompanhando nossa editoria. Para mais análises, clique aqui e confira os últimos artigos de política em nosso site.
Daniel Mihailescu/AFP
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