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Rei Charles III e Bolsonaro: Vídeo Falso de IA Engana Usuários

Um vídeo manipulado envolvendo o rei Charles III e Jair Bolsonaro está circulando amplamente nas redes sociais, afirmando falsamente que o monarca britânico exige a soltura do ex-presidente. Trata-se de uma peça de desinformação criada com inteligência artificial (IA), distorcendo completamente um evento real e alterando o discurso original do rei. A circulação massiva desse […]

Um vídeo manipulado envolvendo o rei Charles III e Jair Bolsonaro está circulando amplamente nas redes sociais, afirmando falsamente que o monarca britânico exige a soltura do ex-presidente. Trata-se de uma peça de desinformação criada com inteligência artificial (IA), distorcendo completamente um evento real e alterando o discurso original do rei. A circulação massiva desse tipo de conteúdo sublinha os crescentes desafios na distinção entre o factual e o fabricado no ambiente digital.

A publicação que ganhou notoriedade consiste em um vídeo de aproximadamente quatro minutos, originalmente postado no YouTube na quarta-feira, 24 de abril, e que rapidamente acumulou mais de 350 mil visualizações. O título da gravação continha a indicação “Surreal. Rei Charles III revoltado com o Brasil pede soltura de Bolsonaro (fictício)”, embora o termo “fictício” na descrição não tenha impedido que mais de 3 mil comentários expressassem a crença de que o material era autêntico, demonstrando a facilidade com que o conteúdo manipulado pode enganar a audiência.

Rei Charles III e Bolsonaro: Vídeo Falso de IA Engana Usuários

No material adulterado, a voz do rei Charles III, traduzida para o português com legendas, é modificada por IA para proferir um discurso acusatório. O monarca é artificialmente retratado criticando o Brasil por estar sob um suposto “governo corrupto e ditatorial”, que, segundo a falsa narrativa, empobreceria a população e perseguiria opositores. O texto forjado atinge diretamente figuras da justiça brasileira, declarando: “Temos acompanhado a ascensão de um ditador de toga, um líder da Suprema Corte altamente desumano e corrupto e endemoniado como uma maldade sem tamanho.” A montagem também faz uma suposta referência explícita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ameaçando com sanções da Inglaterra e pedindo: “Não temos a mesma paciência dos Estados Unidos. Esse é um ultimato ao governo do Brasil. Soltem o presidente Bolsonaro. Soltem os patriotas presos injustamente, e qualquer um preso politicamente no Brasil, por falarem a verdade sobre o que acontece nesse país maravilhoso. Agora, assinarei todas as sanções que a Inglaterra colocará sobre o Brasil e sobre o Supremo.”

A situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro é de conhecimento público e difere drasticamente do que é sugerido no vídeo. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto de 2023, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão judicial fundamenta-se na utilização, pelo ex-presidente, de redes sociais de aliados – incluindo seus três filhos parlamentares – para divulgar mensagens com “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques” contra a Suprema Corte.

Adicionalmente, em 11 de setembro de 2023, Bolsonaro foi condenado pelo STF a uma pena de 27 anos e 3 meses de reclusão no âmbito do julgamento de uma trama golpista. Este marco histórico configura a primeira vez que um ex-presidente na história do Brasil é condenado por crimes de golpe de Estado, demonstrando a seriedade e a base factual das ações legais contra ele, em contraposição à narrativa falsa divulgada pelo vídeo manipulado.

Verificação e Comprovação da Falsidade do Conteúdo

Para desmascarar a farsa, o veículo “Fato ou Fake” submeteu o conteúdo viral a ferramentas de análise especializadas em inteligência artificial. O vídeo foi examinado pela ferramenta Hiya Deepfake Voice Detector, que atua na detecção de áudios fabricados. A análise resultou em uma nota 5, em uma escala de 0 a 100, indicando uma “altíssima probabilidade” de que o material seja um deepfake. Deepfakes são técnicas de manipulação de mídia onde uma imagem ou vídeo de uma pessoa existente é sintetizada e sobreposta em outro conteúdo, usando algoritmos de IA para criar simulações muito convincentes, mas completamente falsas.

Para identificar a origem das imagens usadas na adulteração, a equipe de verificação empregou a plataforma InVID, fragmentando o vídeo em diversos “frames” (imagens estáticas). Em seguida, essas “fotos” foram submetidas a uma busca reversa através do Google Lens, permitindo rastrear onde essas cenas poderiam ter sido publicadas anteriormente na internet. Esta investigação confirmou que as imagens correspondem a registros da solenidade na qual Charles III foi formalmente proclamado rei, evento que ocorreu em 10 de setembro de 2022.

Rei Charles III e Bolsonaro: Vídeo Falso de IA Engana Usuários - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

O Pronunciamento Genuíno do Rei Charles III

No seu pronunciamento verídico, transmitido mundialmente em 2022, o monarca não fez qualquer menção ao Brasil ou a questões políticas externas, especialmente as relacionadas a ex-presidentes ou sistemas judiciais. As palavras genuínas do então recém-proclamado rei Charles III expressavam gratidão e um compromisso com o legado de sua mãe. “O reinado de minha mãe foi inigualável em sua duração, sua dedicação e sua devoção. Vou me esforçar para seguir o exemplo inspirador que me foi dado na defesa do governo constitucional e buscar a paz, a harmonia e a prosperidade dos povos dessas ilhas e dos reinos e territórios da Commonwealth em todo o mundo”, afirmou Charles, evidenciando a completa desconexão de seu discurso original com o conteúdo difundido na falsificação. O vídeo em circulação é, portanto, uma construção artificial que deturpa totalmente o evento real e as declarações do monarca.

O caso do vídeo manipulado do rei Charles III reforça a urgência de uma análise crítica e rigorosa do conteúdo que consumimos online. A inteligência artificial, embora uma ferramenta poderosa, é crescentemente utilizada para fabricar desinformação, exigindo que os usuários desenvolvam maior ceticismo e recorram a fontes confiáveis de checagem de fatos antes de acreditar e compartilhar informações. A difusão de deepfakes compromete a confiança pública e distorce a realidade.

Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista

Para mais análises aprofundadas sobre política e a checagem de notícias falsas que circulam nas redes sociais, continue acompanhando a editoria de Política do Hora de Começar.

Crédito da imagem: Reprodução

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