Vídeo de Macaco com Arma no Rio é Falso, Criado por IA

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Um vídeo de macaco com arma no Rio que se tornou viral nas plataformas digitais, alegando exibir um primata manuseando um armamento em um resort na cidade de Mangaratiba, litoral do Rio de Janeiro, foi categoricamente desmentido. Trata-se de um conteúdo fabricado integralmente com o uso de inteligência artificial (IA), configurando-se como uma montagem e não como um registro autêntico.

A gravação, que se espalhou rapidamente nas redes sociais, capturou a atenção de milhões de usuários, suscitando debates sobre sua veracidade. As imagens mostravam um macaco supostamente pegando uma arma sobre uma mesa e efetuando um disparo, resultando na sua queda da varanda. Acompanhado por uma legenda que instigava o imaginário dos internautas sobre a hipotética situação de uma arma ser deixada ao alcance do animal, o vídeo alcançou impressionantes 710 mil visualizações no X (antigo Twitter) e mais de 28,9 milhões no TikTok.

Vídeo de Macaco com Arma no Rio é Falso, Criado por IA

A data “2025-10-12” exibida em um canto inferior da tela, juntamente com um contador de tempo, simulava o aspecto de uma gravação de câmera de segurança, o que contribuiu para a percepção de autenticidade por parte de muitos. No entanto, investigações minuciosas revelaram inconsistências técnicas e comportamentais, confirmando que as cenas são resultado de manipulação digital avançada por meio de IA.

A apuração que desmascarou o conteúdo falso foi realizada por equipes de checagem, que empregaram ferramentas especializadas em detecção de mídias sintéticas. Por exemplo, a ferramenta InVID foi utilizada para fragmentar o material em diversas imagens estáticas. Uma dessas “fotos” foi então submetida ao Sightengine, uma plataforma concebida para identificar produções auxiliadas por inteligência artificial. O resultado foi conclusivo, indicando uma probabilidade de 99% de que o vídeo tivesse sido gerado por IA.

Adicionalmente, outros detalhes técnicos no próprio vídeo evidenciaram sua falsidade. Observou-se uma anomalia no contador de segundos no início da gravação, que saltava de 20 para 30 segundos sem interrupção visível no material, um comportamento atípico para um registro real. Outro indício flagrante de manipulação artificial era uma distorção perceptível no cano da arma no momento do disparo, dando a impressão de que este encolhia de forma antinatural.

O Fato ou Fake também buscou a opinião de especialistas em biologia animal. Izar Aximoff, biólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analisou o comportamento do macaco no vídeo e afirmou que as ações do animal não são condizentes com o padrão natural da espécie. Aximoff ressaltou a estranheza do primata ir diretamente para a arma, colocar o dedo no gatilho e apontá-la com intenção de disparo. Ele argumentou que, embora macacos sejam animais inteligentes e pudessem ser treinados para determinadas tarefas, um animal não treinado, vindo da natureza, provavelmente mexeria na arma por curiosidade, mas não teria o entendimento de como dispará-la ou a motivação para fazê-lo de tal forma.

Para rastrear a origem da matéria, uma busca reversa de frames foi conduzida por meio do Google Lens. Essa metodologia visava verificar se o vídeo já havia sido divulgado anteriormente por veículos de comunicação confiáveis e em qual contexto. Os resultados da pesquisa não indicaram publicações em sites de notícias, jornais, revistas ou emissoras de TV, como seria de esperar para um evento tão inusitado e de repercussão real. A publicação mais antiga identificada foi um post de 15 de outubro em um perfil do TikTok, conhecido por compartilhar diversos vídeos de animais, incluindo outras cenas de macacos manuseando armas.

Vídeo de Macaco com Arma no Rio é Falso, Criado por IA - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Constatou-se que esses conteúdos carregavam uma marca d’água com a inscrição “RunningHub AI”, referenciando um aplicativo de criação de imagens e vídeos com inteligência artificial. Esta revelação final reforçou a certeza de que a gravação não passava de uma criação digital, disseminada de forma irresponsável como se fosse um evento genuíno.

A rápida proliferação de vídeos falsos, ou “deepfakes”, tem sido um desafio crescente na era digital. Organizações como o Fato ou Fake dedicam-se a verificar a autenticidade de conteúdos virais, utilizando tecnologias avançadas e análise especializada para combater a desinformação e esclarecer o público. Este caso serve como um lembrete importante sobre a necessidade de verificar a fonte e a credibilidade das informações que circulam nas redes. Para aprofundar seu conhecimento sobre o tema e aprender a identificar conteúdos artificiais, confira este artigo do Governo Federal sobre como identificar fake news.

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Este incidente sobre o macaco com arma no Rio de Janeiro destaca a importância da vigilância crítica em relação aos conteúdos digitais. Em um cenário onde a inteligência artificial torna a distinção entre realidade e ficção cada vez mais tênue, o jornalismo investigativo e a checagem de fatos são essenciais para manter a credibilidade da informação. Para mais análises aprofundadas sobre eventos contemporâneos e a verdade por trás das notícias que circulam, convidamos você a continuar explorando as demais seções do portal Hora de Começar, como a categoria de Análises.

Foto: Reprodução

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