As autoridades da segurança pública baiana desvendaram um complexo esquema de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e armamento que resultou na prisão de um vereador na Bahia. A Operação Anátema, deflagrada na última quarta-feira, 24 de outubro, teve seu funcionamento detalhado pela Polícia Civil (PC) no dia seguinte, quinta-feira, 25 de outubro, expondo a atuação de uma sofisticada organização criminosa com ramificações em três outros estados brasileiros.
A investigação, que teve início em 2024 (e outras frentes iniciadas em 2023), culminou na prisão do vereador Ailton Leal, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), da cidade de Santo Estevão. O político é apontado como peça fundamental na estrutura do grupo, atuando na administração de um posto de combustíveis utilizado especificamente para “lavar” o capital ilícito gerado pelas atividades criminosas. No local, que foi fechado e autuado, foram apreendidos cerca de R$ 18 mil em dinheiro vivo, além de cheques e diversos contratos.
Vereador Preso na Bahia por Lavagem de Dinheiro em Megaoperação
A organização criminosa se valia de um engenhoso sistema para movimentar o dinheiro proveniente do tráfico de armas e entorpecentes. Conforme as apurações, o grupo empregava a tática de “laranjas” – indivíduos que cediam suas contas bancárias – e empresas de fachada para mascarar a origem ilegal dos fundos, diluindo os valores acumulados e reintegrando-os à economia formal.
As análises financeiras conduzidas pela PC revelaram uma movimentação de impressionantes R$ 4,3 bilhões pelos alvos da investigação. Como medida cautelar, todos os bens e valores dos indivíduos sob apuração foram judicialmente bloqueados, visando desarticular o suporte financeiro do esquema. Em declaração à TV Bahia, a delegada Vitória Brito, da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco), enfatizou a irrefutabilidade das provas.
“Com a quebra do sigilo bancário e fiscal, não há como negar”, afirmou a delegada. “Foi identificada a movimentação financeira e a participação efetiva dessas pessoas. Assim, conseguimos alcançar indivíduos com poder aquisitivo elevado, tanto sócios de pessoas jurídicas quanto pessoas envolvidas politicamente.” Essa abordagem estratégica, focada no bloqueio patrimonial, é considerada vital para interromper o ciclo operacional e a capacidade de expansão das organizações criminosas.
A dimensão da Operação Anátema transcendeu as fronteiras da Bahia. Mandados judiciais foram cumpridos em múltiplas cidades baianas, incluindo Feira de Santana, Santo Estevão, Salvador, Jaguarari e municípios da região metropolitana. A ação também se estendeu para outros estados, como Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná, mobilizando mais de 170 agentes policiais no total. Além da Polícia Civil da Bahia, outras instituições estiveram envolvidas, incluindo a Secretaria da Fazenda (Sefaz) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), diante da suspeita de sonegação fiscal nos empreendimentos utilizados para a lavagem de dinheiro.
“Ficou nítida nessa investigação a estrutura dessa organização criminosa no financiamento de alguns integrantes da classe política”, destacou o delegado Fábio Lordelo, também da Draco. Tal observação ressalta a infiltração do crime organizado em esferas de poder, conforme evidenciado pelas apurações. As investigações ainda apontam que Ailton Leal é irmão de um traficante de alta periculosidade, que foi morto em confronto com a polícia no ano de 2017.
As ações da Operação Anátema não se limitaram à prisão do vereador de Santo Estevão. Em Jaguarari, outro vereador teve um imóvel alvo de busca e apreensão, resultando na coleta de celulares e documentos que poderão oferecer novas pistas à investigação. Os presidentes das Câmaras de Vereadores de Santo Estevão e Jaguarari, contatados pela TV Bahia, informaram estar viajando e sem detalhes sobre os casos em questão.

Imagem: g1.globo.com
O Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu nota ao g1 afirmando ter iniciado um processo no Conselho de Ética e determinado a suspensão preventiva da filiação do vereador Ailton Leal, medida que perdurará até a finalização do processo interno. O partido reforçou que acompanha os desdobramentos com atenção, reafirmando seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência pública.
Até a última atualização sobre o caso, foram cumpridos sete mandados de prisão temporária e realizadas três prisões em flagrante. As apreensões incluíram cinco armas de fogo, uma arma artesanal, dez carros, duas motocicletas, joias, eletrônicos e outros documentos relevantes. O material apreendido continua sob contabilização pela Polícia Civil.
A coordenação da Operação Anátema ficou a cargo do Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), da Polícia Civil da Bahia. A iniciativa contou com o apoio essencial de departamentos especializados, como o de Investigações Criminais (Deic), Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Inteligência Policial (DIP), Polícia Metropolitana (Depom), Polícia do Interior (Depin), e das coordenadorias de Polícia Interestadual (Polinter) e de Operações de Polícia Judiciária (COPJ). Equipes da Sefaz e da ANP também desempenharam papel crucial na ação conjunta. Para mais detalhes sobre o combate à corrupção no setor público, consulte a página oficial da Secretaria da Fazenda do Governo da Bahia.
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A investigação minuciosa da Operação Anátema revela a complexidade da rede de crime organizado na Bahia e a persistente luta das forças de segurança contra a lavagem de dinheiro e o tráfico, com ramificações até a esfera política. Para mais notícias e análises sobre os acontecimentos que moldam nosso cenário político e urbano, continue acompanhando a editoria de Política do Hora de Começar. As informações fornecidas neste artigo são baseadas em fontes da Polícia Civil e outros relatos da mídia local.
Crédito da imagem: Reprodução/TV Bahia e PC-BA
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