A Venezuela apelou formalmente ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, exigindo a declaração de ilegalidade dos recentes ataques conduzidos pelas forças dos Estados Unidos. O pedido visa uma firme declaração em defesa da soberania nacional de Caracas, conforme documento acessado pela agência de notícias Reuters na última quinta-feira, dia 16 de outubro de 2025.
Os confrontos mencionados surgiram a partir de uma operação militar autorizada pelo então presidente Donald Trump. A justificativa declarada para tais ações era a repressão ao narcoterrorismo, em um esforço para coibir atividades ilícitas no mar. Desde o início da iniciativa, foram contabilizados, no mínimo, cinco bombardeios direcionados a embarcações suspeitas de transportar substâncias ilícitas nas proximidades da costa venezuelana.
Venezuela Apela à ONU Para Declarar Ataques dos EUA Ilegítimos
Críticos da abordagem americana apontam que o governo Trump não apresentou provas concretas que atestem a culpabilidade das pessoas afetadas nos ataques. Argumenta-se, em diversos círculos políticos e diplomáticos, que estas ofensivas se inserem numa estratégia mais ampla de Washington, destinada a intensificar a pressão sobre o regime do presidente Nicolás Maduro e desestabilizar a política interna do país.
Na comunicação oficial enviada ao Conselho de Segurança, datada de quarta-feira, 15 de outubro de 2025, o embaixador da Venezuela junto à ONU, Samuel Moncada, lançou graves acusações contra os Estados Unidos. O diplomata alegou que os ataques resultaram na morte de pelo menos 27 indivíduos em “embarcações civis que transitavam em águas internacionais”. Diante da gravidade da situação, Moncada instou o organismo internacional a abrir uma investigação rigorosa para “determinar seu caráter ilegal” e, posteriormente, emitir uma declaração que reafirme o “princípio do respeito irrestrito à soberania, independência política e integridade territorial dos Estados”, incluindo, primordialmente, a própria Venezuela.
Paralelamente aos esforços diplomáticos, em Caracas, o presidente Nicolás Maduro teceu duras críticas à política externa americana. Em um discurso transmitido nacionalmente, Maduro relembrou o histórico da CIA, agência central de inteligência dos EUA, associada a inúmeros golpes de Estado e intervenções em diversas nações ao longo da história. O líder venezuelano expressou profunda indignação, afirmando que “nunca antes um governo havia declarado publicamente ter feito ordens à agência para matar, derrubar e destruir nações”, realçando o ineditismo da suposta autorização de Washington.
A referência de Maduro diz respeito à declaração prévia de Donald Trump, que autorizou a CIA – conhecida por sua longa trajetória de interferência na América Latina – a conduzir operações secretas e letais dentro do território venezuelano, tendo como meta explícita a deposição de Nicolás Maduro do poder. Esta autorização elevou substancialmente as tensões entre os dois países, reacendendo debates sobre a legitimidade das intervenções externas na política interna de Estados soberanos e os limites do direito internacional.
Diante desse cenário de alta voltagem, o líder venezuelano acusou a agência americana de estar oficialmente autorizada a executar ações que comprometem gravemente a paz e a segurança da nação bolivariana. “Mas nosso povo está consciente, unido e preparado. Temos os meios para derrotar novamente essa conspiração aberta contra a paz e a estabilidade da Venezuela”, asseverou Maduro em seu pronunciamento televisionado, buscando transmitir uma mensagem de resiliência e prontidão nacional.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Diplomacia e a Reação Internacional ao Caso
Contrariamente ao apelo venezuelano, as perspectivas de que o Conselho de Segurança da ONU tome medidas efetivas são consideradas escassas por analistas políticos. Tal avaliação se deve, em grande parte, ao poder de veto detido pelos Estados Unidos como membro permanente do conselho. O tema foi levado à discussão do órgão pela primeira vez na semana anterior à solicitação de Caracas, por iniciativa conjunta da Venezuela, Rússia e China, demonstrando uma coordenação internacional de oposição às ações americanas.
Naquela ocasião, Washington justificou suas operações militares baseando-se no Artigo 51 da Carta da ONU, que prevê o direito inerente de um Estado à legítima defesa em resposta a um ataque armado. A condição primordial para o exercício desse direito, conforme o artigo, é que o Conselho de Segurança seja notificado de imediato sobre tais ações. Os EUA, portanto, alegaram estar agindo dentro dos parâmetros do direito internacional ao combater o que classificam como ameaças à sua segurança nacional decorrentes do narcotráfico.
Reforçando a postura americana, o embaixador dos EUA na ONU, Mike Waltz, reiterou na última quinta-feira que o então presidente Trump continuaria a mobilizar recursos da inteligência, do Departamento de Defesa e da diplomacia para alcançar seus objetivos. O objetivo declarado é “defender a soberania dos EUA contra ações que estejam matando americanos”, numa clara referência aos impactos danosos que o narcotráfico gera na população do país. Em entrevista concedida à Fox News, Waltz respondeu diretamente às críticas de Caracas, declarando: “A Venezuela pode levar o que quiser à ONU. Mas também faz parte da ONU o artigo 51, que autoriza um país a se defender. E é isso que o presidente Trump está fazendo e vai continuar fazendo.” A fala ressaltou a intenção americana de manter as operações, independentemente das objeções venezuelanas ou da pressão internacional.
Confira também: crédito imobiliário
Em suma, a disputa diplomática entre Venezuela e Estados Unidos escalou para o palco internacional da ONU, com Caracas buscando condenar ações militares americanas enquanto Washington as justifica sob o manto da legítima defesa e combate ao narcoterrorismo. Este embate não apenas expõe as profundas divergências políticas, mas também reaviva o debate sobre a soberania nacional e o direito internacional. Para mais notícias e análises aprofundadas sobre política internacional, convidamos você a continuar explorando nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Feferico Parra – 12.out.25/AFP



