O velório de Gisèle Santoro, a icônica bailarina que deixou um legado inestimável para a cultura de Brasília, está marcado para este sábado (9). A cerimônia de despedida ocorrerá no imponente Teatro Nacional Cláudio Santoro, um espaço simbólico que reverbera a história de seu falecido esposo e também grande figura da arte brasileira. Gisèle Santoro faleceu nesta quinta-feira (9), aos 86 anos de idade, e seu sepultamento está previsto para o mesmo sábado, com início às 16h, no Cemitério Campo da Esperança, localizado na Asa Sul da capital federal.
A perda de Gisèle Santoro representa um marco para o cenário artístico nacional, especialmente para o Distrito Federal, onde a artista consolidou sua brilhante carreira e influenciou positivamente inúmeras gerações de bailarinos e apreciadores de arte. Seu falecimento, confirmado na quinta-feira, foi resultado de uma parada cardíaca, conforme informações divulgadas pelas fontes. A notável bailarina estava internada desde a última segunda-feira (6) no Hospital Santa Helena, situado na Asa Norte de Brasília, devido a complicações cardíacas que vinha enfrentando.
Considerada uma verdadeira precursora da dança na capital federal, a artista não poderia ter seu último adeus em outro local que não fosse aquele que testemunhou sua dedicação incansável e sua profunda paixão pela arte. O palco de seu velório é o mesmo edifício que honra o nome de Cláudio Santoro, seu marido e maestro, com quem dividiu a vida e o ideal de erguer uma rica vida cultural na jovem e vibrante cidade de Brasília.
Velório de Gisèle Santoro Marca Despedida no Teatro Nacional
A escolha do Teatro Nacional como local de velório sublinha a profunda e intrínseca conexão da bailarina com o espaço e com toda a rica história artística de Brasília.
Legado Pioneiro da Bailarina na Cultura de Brasília
Gisèle Santoro é celebrada historicamente por ter sido a bailarina que protagonizou uma performance memorável no dia da inauguração de Brasília, subindo ao palco simbólico que era o próprio Congresso Nacional. Nascida no Rio de Janeiro, ela fez de Brasília o seu lar ainda em tenra idade, transformando a cidade não apenas em seu palco pessoal, mas em um polo efervescente de arte e dança. Sua visão empreendedora e artística a levou a fundar iniciativas que se tornaram verdadeiros pilares culturais para a cidade, como o renomado Seminário Internacional de Dança de Brasília e a visionária Mostra de Dança de Brasília.
Em reconhecimento à sua contribuição ímpar e inestimável para o desenvolvimento cultural e artístico do Distrito Federal, Gisèle Santoro recebeu o prestigioso título de cidadã honorária da capital em 2015, um testamento inequívoco do carinho, admiração e respeito que a cidade e seus habitantes lhe dedicavam. Sua presença transformou a identidade cultural de Brasília, conferindo à dança um status de importância e visibilidade até então sem precedentes na região. Professora, coreógrafa e incansável produtora cultural, a vida de Gisèle é um espelho de dedicação e amor pela arte.
Da Mudança ao Encontro Artístico na Nova Capital
A chegada de Gisèle Santoro a Brasília remonta ao ano de 1962, um período crucial e efervescente para a formação cultural e social da recém-inaugurada capital brasileira. Foi neste ano que a talentosa bailarina deixou o prestigiado ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro para atender ao convite de Eugenia Feodorova, fundadora da Fundação Brasileira de Ballet. Essa importante mudança marcou o início de uma nova e frutífera fase não apenas para a carreira de Gisèle, mas também para o desenvolvimento da dança no Centro-Oeste brasileiro, injetando novo vigor no cenário cultural da capital. Naquele período vibrante, Gisèle conheceu Cláudio Santoro, um encontro que resultaria em uma das mais emblemáticas parcerias de vida e de arte do Brasil.
Cláudio Santoro, uma figura central na música brasileira, foi encarregado de desenvolver o Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB) e de estruturar a vida cultural da cidade, missões grandiosas que contaram com a total participação e talento ímpar de Gisèle, que frequentemente brilhava ao dançar nas apresentações musicais de seu futuro esposo. Juntos, o casal Santoro empreendeu esforços significativos e visionários para engajar a comunidade brasiliense na arte e na cultura, participando inclusive de missões internacionais pelo Itamaraty, onde buscaram incansavelmente doações de instrumentos e partituras essenciais para o enriquecimento do acervo da UnB. Essa colaboração artística e pessoal solidificou a importância do casal na fundação da efervescência cultural de Brasília.
Exílio e Retorno Triunfal à Cidade que Tanto Amou
A década de 1960 trouxe consigo desafios políticos que afetaram profundamente o casal Santoro e a efervescência cultural que buscavam construir. Após a eclosão da ditadura militar em 1964, Gisèle e Cláudio Santoro foram, infelizmente, compelidos ao exílio na Alemanha, uma fase de afastamento compulsório do solo brasileiro que, ainda assim, não diminuiu o compromisso com a arte. Eles só puderam retornar ao país e à Brasília que tanto amavam em 1978. Após a tão aguardada volta ao Distrito Federal, Gisèle e Cláudio Santoro desempenharam um papel fundamental e ativo na edificação e desenvolvimento do Teatro Nacional, um dos maiores ícones arquitetônicos e culturais de Brasília. Cláudio Santoro esteve à frente da condução do teatro até 1989, ano de seu falecimento, mas a presença e o impacto de Gisèle no local foram igualmente profundos e duradouros, reverberando por muitos anos.

Imagem: g1.globo.com
A bailarina sempre manifestou um amor profundo e incondicional pela cidade que a acolheu e a quem dedicou grande parte de sua vida artística. O Seminário Internacional de Dança de Brasília, uma de suas criações mais emblemáticas e queridas, foi por ela mesma descrito como “um dos maiores prazeres que Brasília a deu”, demonstrando a reciprocidade de sua paixão pela capital e pela arte da dança. A contribuição de Gisèle Santoro para a formação de novos talentos e para a profissionalização da dança em Brasília se estendeu por muitos anos, período em que fundou e lecionou com paixão em academias de prestígio, como o Ballet de Câmara Gisèle Santoro e o Ballet de Brasília.
O legado artístico e familiar de Gisèle e Cláudio Santoro transcendeu sua própria existência. Seus três filhos, inspirados e guiados pela paixão, talento e dedicação inesgotável de seus pais, seguiram igualmente o caminho das artes, da música e da dança, perpetuando o sobrenome Santoro na rica e complexa tapeçaria cultural brasileira. A influência da matriarca no panorama cultural do Distrito Federal permanece uma fonte de inspiração e reconhecimento.
Para aqueles que desejam aprofundar-se na história de espaços culturais icônicos do Brasil e da capital, é fundamental conhecer mais sobre o Teatro Nacional Cláudio Santoro, palco de momentos memoráveis e, agora, da despedida desta grande bailarina. O teatro, com sua arquitetura singular e grandiosa, é um símbolo da efervescência cultural brasiliense e da visão artística de Cláudio Santoro e de todos que, como Gisèle, ajudaram a construir seu valor imortal e sua importância no cenário cultural nacional.
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Em suma, o velório de Gisèle Santoro não é apenas um adeus a uma artista inesquecível, mas a celebração de uma vida extraordinária, inteiramente dedicada à arte e à fundação da cultura brasiliense. Sua trajetória inspiradora e o impacto de suas notáveis contribuições ressoam em cada passo de dança, em cada nota musical e em cada manifestação artística na capital. Para continuar por dentro de outros fatos marcantes e do panorama cultural de nosso país, explore a editoria de Cidades do Hora de Começar.
Foto: Reprodução/TV Globo
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