O Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi palco de um momento de esperança e celebração para a fauna silvestre brasileira. Na madrugada da última sexta-feira (24), a veada Maria, protagonista de uma história de resgate comovente, deu à luz um filhote saudável. Maria havia sido acolhida pela instituição em junho deste ano, após ser atropelada em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais.
A equipe de profissionais do hospital, composta por médicos veterinários e biólogos, monitorou atentamente uma gestação que durou cerca de sete meses. O parto ocorreu de forma natural e sem intercorrências, confirmando o excelente trabalho de reabilitação. Conforme divulgado pela equipe de acompanhamento, tanto a mãe quanto o filhote demonstraram estar em boas condições de saúde nas horas subsequentes ao nascimento, sendo um indicativo positivo para a recuperação contínua da fêmea e o desenvolvimento do recém-nascido.
Um dos momentos cruciais após o nascimento foi a amamentação. O filhote conseguiu ingerir o primeiro leite materno, conhecido como colostro, que é indispensável para a formação de sua imunidade e o fortalecimento de seu organismo nos primeiros dias de vida. Em uma abordagem de cuidado que visa minimizar o estresse e evitar qualquer risco de rejeição, a equipe ainda não divulgou o sexo nem o peso do filhote. Tal cautela reflete o compromisso com o bem-estar dos animais, garantindo um ambiente tranquilo e propício para o vínculo entre mãe e cria.
Veada resgatada dá à luz filhote no Hospital da UFU em Uberlândia
O Resgate de Maria: Uma Jornada de Recuperação
A saga de Maria teve início no dia 27 de junho deste ano, quando ela foi transferida para o centro de reabilitação. O encaminhamento foi feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão responsável pela fiscalização ambiental. Ao chegar ao hospital veterinário da UFU, a veada apresentava múltiplas escoriações pelo corpo e sérias dificuldades respiratórias, ambas consequências diretas do atropelamento que havia sofrido na região de Paracatu. A extensão dos ferimentos exigiu cuidados intensivos e um plano de tratamento detalhado.
Logo nas primeiras avaliações, a realização de exames de ultrassom revelou uma surpresa emocionante: Maria estava gestante. A confirmação da gravidez transformou os objetivos do tratamento, que passou a ser focado não apenas na recuperação da mãe, mas também no monitoramento rigoroso do desenvolvimento do filhote no útero. Durante todo o período, a veada foi acompanhada de perto, com sua dieta e seu ambiente adaptados para otimizar as chances de um parto bem-sucedido, culminando na chegada do novo integrante da família silvestre.
Cuidados Pós-Nascimento e o Dilema da Não-Intervenção
As próximas semanas serão de atenção redobrada no Hospital Veterinário da UFU. O foco principal dos profissionais de saúde será a completa recuperação de Maria, que ainda se reabilita das lesões do atropelamento, e o acompanhamento do desenvolvimento saudável do filhote. A estratégia de manejo adotada pela equipe prioriza a intervenção humana mínima, especialmente neste período inicial.
Essa abordagem é crucial para permitir que Maria e seu filhote estabeleçam um vínculo forte e natural, sem interferências que possam causar estresse ou levar à rejeição do recém-nascido pela mãe. A alimentação e todos os cuidados essenciais com os dois animais são realizados de maneira discreta e eficiente, assegurando que o processo de crescimento do filhote e a cicatrização da mãe transcorram da forma mais próxima possível de um ambiente selvagem.
O Veado-Catingueiro (Mazama gouazoubira): Características e Status de Conservação
Maria pertence à espécie Mazama gouazoubira, popularmente conhecida como veado-catingueiro. Esta é, de fato, a espécie de veado mais amplamente distribuída no Brasil, adaptando-se a diversos biomas. Esses animais possuem porte modesto, podendo atingir um pouco mais de um metro de altura na fase adulta e um peso médio de até 25 quilos. Sua pelagem é notável por ser longa e macia, com colorações que variam em tonalidade dependendo do habitat: geralmente acinzentada em regiões de floresta densa e assumindo tons mais amarronzados no Cerrado.

Imagem: g1.globo.com
Os veados-catingueiros exibem dimorfismo sexual; enquanto os machos desenvolvem chifres que caem e são regenerados periodicamente, as fêmeas distinguem-se por uma pelagem ligeiramente mais clara e pela ausência dessas estruturas ósseas. Os filhotes da espécie nascem com uma peculiaridade visual: pequenas manchas brancas espalhadas pelo corpo, que servem como camuflagem natural e gradualmente desaparecem à medida que os animais amadurecem. Sua dieta é onívora, bastante diversificada, englobando folhas, frutos, flores e brotos, e seu habitat preferencial inclui áreas de mata e as margens de rios, onde encontram alimento e proteção. Para mais detalhes sobre a espécie e outros projetos de conservação, é possível consultar organizações como a WWF Brasil, que documenta amplamente a biodiversidade brasileira, incluindo o veado-catingueiro.
Ameaças e a Importância do Evento
Apesar de sua vasta distribuição, a população de veados-catingueiros tem enfrentado desafios crescentes nas últimas décadas. A perda de habitat natural, decorrente da expansão agrícola e do crescimento urbano, é um dos principais fatores que contribuem para a diminuição de seus efetivos populacionais. Além disso, os atropelamentos em rodovias, cada vez mais frequentes, e a caça ilegal representam ameaças significativas para a sobrevivência da espécie. Esses fatores combinados têm levado à uma preocupante redução na presença desses animais em várias regiões do país.
Nesse cenário, o nascimento do filhote de Maria, em um ambiente protegido e sob os cuidados especializados, é percebido como um sinal positivo e encorajador pelos especialistas em vida selvagem. Este evento não só representa uma vitória individual na recuperação de uma vida, mas também reforça de maneira contundente a importância de iniciativas e ações contínuas de resgate, reabilitação e, principalmente, de preservação da fauna silvestre. É um lembrete vívido da necessidade urgente de proteger a biodiversidade e os frágeis ecossistemas do Brasil.
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O emocionante nascimento do filhote de Maria em Uberlândia ilustra a importância crítica dos esforços de conservação e da dedicação dos profissionais que atuam na reabilitação de animais silvestres. A história serve como um alerta para as ameaças enfrentadas por espécies como o veado-catingueiro e destaca o impacto positivo que intervenções humanas conscientes podem ter na preservação da biodiversidade. Para continuar se informando sobre eventos importantes e notícias regionais, acesse a nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Reprodução TV Integração



