A Turquia se Consagra como Capital Global do Transplante Capilar, consolidando sua posição como o principal destino internacional para quem busca procedimentos de restauração capilar. Nos últimos anos, uma robusta indústria movimenta bilhões de dólares anualmente, oferecendo soluções para o problema da calvície e atraindo um fluxo crescente de pacientes de todo o mundo. A cidade de Istambul, que ao longo da história já foi a grandiosa capital dos impérios Romano, Bizantino e Otomano, agora reivindica mais um título: o de epicentro global dos cabelos. Em 2024, mais de um milhão de pessoas visitaram o país exclusivamente para realizar procedimentos estéticos, com a maioria buscando especificamente o transplante capilar. Atualmente, a metrópole turca conta com mais de mil clínicas altamente especializadas nesse tipo de cirurgia, evidenciando a magnitude e o desenvolvimento do setor.
O apelo da Turquia não se restringe apenas aos resultados médicos promissores, mas é significativamente impulsionado pela oferta de pacotes que harmonizam cirurgia estética com uma experiência completa de turismo. A empresária de turismo médico Ellen Assis Koçtürk explicou ao Fantástico que o paciente não viaja apenas para operar; ele é imerso em uma jornada completa. Este pacote inclui desde carro de luxo à sua espera no aeroporto, hospedagem em hotéis cinco estrelas, até a assistência de um tradutor acompanhante, garantindo conforto e praticidade durante toda a estadia.
Turquia se Consagra como Capital Global do Transplante Capilar
Além da conveniência e da experiência de luxo, os valores mais acessíveis representam um dos principais atrativos. Enquanto no Brasil um procedimento de transplante capilar pode oscilar entre R$ 20 mil e R$ 40 mil, na Turquia, os custos variam de 1.500 a 4 mil euros, o que equivale a aproximadamente R$ 9.300 a R$ 25 mil, considerando a cotação atual. É importante ressaltar que esse preço turco já contempla não apenas a cirurgia, mas também hospedagem, traslados, exames pré-operatórios e o acompanhamento inicial pós-cirúrgico. Essa diferença substancial nos preços deu origem a um fenômeno cultural amplamente observado nas redes sociais: voos partindo de Istambul repletos de passageiros com curativos na cabeça, que foram carinhosamente apelidados de “Hairline” – um trocadilho em inglês que mistura “linha do cabelo” com “companhia aérea”. Este termo jocoso, que viralizou internacionalmente, ilustra a dimensão do fluxo de pacientes que buscam a Turquia para seu transplante capilar.
Um exemplo notável é o do ator brasileiro Arthur Amado, radicado na Holanda, que realizou um extenso período de pesquisa de dois anos antes de se submeter ao seu primeiro procedimento de transplante capilar na Turquia. Tão satisfeito com o resultado inicial, Amado retornou para uma segunda etapa do tratamento. Ele enfatizou a importância da imagem para sua carreira como ator: “Eu sempre tive muito cabelo e, quando comecei a perder, me incomodou. Fiz o transplante, e ficou ótimo. Agora fiz a manutenção para deixar o preenchimento mais acentuado”, relatou.
O processo cirúrgico em si segue um protocolo rigoroso. Antes da operação, os pacientes são submetidos a uma consulta médica detalhada, exames completos e marcações precisas no couro cabeludo para definir a área de implantação. Em seguida, os fios da área doadora são raspados em preparação para o procedimento. A técnica mais empregada é conhecida como FUE (Follicular Unit Extraction), que consiste em três etapas fundamentais. Primeiramente, os folículos pilosos – estruturas cutâneas responsáveis pela produção de cabelo – são retirados um a um da região posterior da cabeça, geralmente uma área com maior densidade capilar. Após a coleta, o médico realiza pequenas incisões ou aberturas milimétricas na área que receberá os novos fios. Finalmente, os folículos são cuidadosamente reimplantados, um por um, na área calva ou com rarefação.
Cada cirurgia de transplante capilar, que utiliza a avançada técnica FUE, pode ter uma duração significativa, estendendo-se por até dez horas e permitindo o transplante de impressionantes seis mil fios. No caso de Arthur Amado, foram transplantados 3.200 folículos em um procedimento que durou oito horas. Arthur descreveu sua experiência, destacando que as anestesias foram tranquilas, porém, a maior dificuldade esteve relacionada às posições mantidas por longas horas, muitas vezes deitado de lado ou de bruços. No dia seguinte à cirurgia, os pacientes retornam à clínica para receber um kit pós-operatório completo, contendo medicamentos e um shampoo especial, que é utilizado na primeira lavagem e fundamental para os cuidados iniciais.
Apesar da notável popularidade dos transplantes capilares na Turquia, especialistas médicos reiteram enfaticamente que o procedimento é uma cirurgia e, como tal, não está isento de riscos. O cirurgião plástico brasileiro Fabrício Ribeiro alertou sobre potenciais complicações, incluindo sangramento, infecção e necrose de pele. Ele sublinhou a importância crítica do acompanhamento médico, especialmente em cenários onde o paciente, após operar, viaja por longas horas de avião. Greg Williams, presidente da Associação de Cirurgia de Restauração Capilar do Reino Unido, enfatizou que o “paciente deve ser tratado como paciente, não como cliente”. Segundo ele, é essencial que a clínica analise minuciosamente o histórico de saúde do indivíduo, medicamentos em uso e a presença de condições pré-existentes como diabetes ou hipertensão, que podem influenciar a segurança e o sucesso do transplante.
Imagem: g1.globo.com
Registraram-se, inclusive, casos graves relacionados a essas cirurgias. Em janeiro deste ano, o britânico Martyn Latchman, de 38 anos, infelizmente faleceu em Istambul durante um procedimento de transplante, após sofrer uma parada cardíaca ainda na fase de anestesia. Posteriormente, constatou-se que a clínica em questão operava sem a devida licença médica. Outro incidente que ganhou destaque e viralizou envolveu o influenciador britânico Ruben Chorlton-Owen. Ele ignorou completamente as recomendações do pós-operatório e, apenas três dias após a cirurgia, praticou atividade sexual. O esforço físico gerou um aumento da pressão na região operada, resultando em um inchaço facial significativo. Chorlton-Owen relatou ter acordado “deformado, em pânico”, compreendendo depois que se tratava de um efeito da pressão pós-transplante. Mesmo diante de tais episódios, o Ministério da Saúde da Turquia assegura que os padrões de segurança de saúde do país estão alinhados aos regulamentos da União Europeia. Contudo, há uma lacuna significativa: as clínicas não são obrigadas a prestar contas às autoridades locais sobre como conduzem seus procedimentos. Esta brecha regulatória pode, potencialmente, permitir a existência de estabelecimentos sem a supervisão adequada, elevando os riscos de complicações para os pacientes.
Apesar desses desafios e preocupações, o setor de transplantes capilares na Turquia continua sua trajetória de crescimento e atrai uma clientela diversificada, incluindo brasileiros famosos. Um exemplo é o apresentador Rodrigo Faro, que em 2016 realizou um transplante capilar no Brasil, onde foram implantados 3.500 folículos. Faro comentou a profunda diferença que o procedimento fez em sua vida, afirmando: “Fez total diferença para mim, melhorou muito a autoestima”. Esse testemunho reforça o impacto positivo que o transplante capilar tem na autoestima e na qualidade de vida de muitas pessoas, seja na Turquia ou em outros países.
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Em suma, a Turquia se estabeleceu como o principal polo global de transplante capilar, não só pelos resultados médicos, mas pela união de pacotes completos, infraestrutura de luxo e preços competitivos. Apesar de questões de segurança levantarem importantes alertas, a busca por soluções para a calvície continua impulsionando essa indústria bilionária, com histórias de sucesso como a de Arthur Amado e Rodrigo Faro. Fique atento às últimas notícias em nossa editoria de Cidades para mais análises e desenvolvimentos sobre turismo de saúde e estética.
Crédito da imagem: Reprodução/Fantástico
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