Um levantamento abrangente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela um cenário nítido para o turismo no Brasil em 2024: viajantes priorizam destinos geograficamente mais acessíveis, muitas vezes dentro de suas próprias regiões de origem, e demonstram um aumento significativo nos gastos com viagens nacionais. Essa tendência aponta para uma reconfiguração nas prioridades dos turistas brasileiros, que buscam experiências mais próximas de casa.
Os dados divulgados pelo IBGE na quinta-feira, 2 de maio, indicam que o volume total de viagens realizadas por brasileiros em 2024, tanto em solo nacional quanto internacional, se manteve estável em relação ao ano anterior, totalizando mais de 20 milhões de deslocamentos. No entanto, uma análise mais aprofundada mostra uma divergência notável: enquanto o número geral de viagens permaneceu o mesmo, os gastos específicos com as jornadas realizadas dentro do país registraram uma elevação de mais de 11%. Essa mudança sugere uma preferência clara pelo mercado interno e uma maior disposição em investir nessas experiências.
Turismo no Brasil: Brasileiros preferem destinos próximos
Essa inclinação para as fronteiras nacionais e o incremento nos dispêndios foram corroborados por depoimentos de viajantes e análises de especialistas. Para a auditora contábil Tamires Costa, o custo é um fator inegável. “Barato não está, mas ainda está dando”, ela afirma, resumindo o dilema de muitos brasileiros. Janine Pires, especialista em turismo e ex-presidente da Embratur, adiciona nuances a essa observação, apontando para duas influências principais: “Temos dois fatores que podem afetar nisso. Um é o custo da viagem, principalmente porque aumentou o número de pessoas que viajam de avião, e segundo também porque as pessoas gastam mais dinheiro no destino que elas estão visitando.” Esse cenário de custos mais elevados e gastos concentrados parece incentivar a busca por roteiros que minimizem deslocamentos complexos e caros.
A pesquisa do IBGE detalha ainda que, para cada dez destinos escolhidos, oito estavam localizados na mesma região de origem do turista, consolidando a estratégia de “viagens perto de casa”. A praticidade também se reflete na duração dessas escapadas: a maioria (75%) é de curta duração, com os brasileiros permanecendo até três noites no local selecionado. Essa preferência por estadias mais breves otimiza o tempo e o orçamento, facilitando a tomada de decisão para planejar um descanso.
O principal estímulo para “arrumar as malas”, de acordo com o estudo, permanece sendo o lazer. Dentro dessa categoria, destinos com sol e praia figuram como favoritos. Além da paisagem costeira, os viajantes também expressam grande interesse em experiências que englobam entretenimento, como shows e espetáculos, e, fundamentalmente, a culinária local. O desejo por boa comida e vivências culturais se destacou como um motor importante das escolhas turísticas.
Notavelmente, o turismo cultural e gastronômico demonstrou ser o único segmento a apresentar crescimento contínuo desde o início da série histórica da pesquisa, em 2020. Esse dado sublinha um amadurecimento e uma diversificação dos interesses dos turistas, que buscam cada vez mais imersão nas tradições locais e experimentação culinária. Cidades que oferecem uma rica tapeçaria cultural e opções gastronômicas variadas se tornam pontos atrativos para este perfil de viajante.

Imagem: g1.globo.com
Dentre os destinos mais procurados, São Paulo ocupa a primeira posição, demonstrando sua força como polo tanto para lazer quanto para eventos e cultura. Em seguida, destacam-se Minas Gerais, com seu legado histórico e gastronômico, a vibrante Bahia e o emblemático Rio de Janeiro, reconhecido por suas belezas naturais e sua efervescente vida cultural. O advogado Alex Batista, que viajou do Espírito Santo para o Rio com a família, exemplifica bem essa atração. “Dá para dar uma refrescada, vim comer uma comida boa, dar uma passeada. Acho que a metade do voo é capixaba aqui no hotel”, comenta ele, refletindo a popularidade dos destinos regionais mais consolidados.
Para otimizar ainda mais as `viagens nacionais` e permitir mais deslocamentos, a pesquisa do IBGE apurou que 40,7% dos viajantes adotam uma estratégia de hospedagem em casas de amigos ou parentes. Esta tática não só reduz consideravelmente os custos, mas também oferece uma experiência mais autêntica e conectada. A aposentada Maria Lima, do Pará, é um exemplo, hospedando-se na casa de sua amiga Miriam. “Já é a segunda vez que ela me aconchega no lar dela”, compartilha Maria, enfatizando o valor dessa hospitalidade. Miriam Lima, sua anfitriã, confirma a grande vantagem: “Muita economia”. Esse arranjo demonstra uma rede de apoio que sustenta uma parcela significativa do `turismo interno`, tornando-o mais acessível. A prática ainda rendeu um “bom negócio” entre as amigas, com Miriam se beneficiando das delícias paraenses trazidas por Maria, como tapioca, goma para fazer tapioca e açaí.
O futuro próximo sugere a continuidade dessa tendência. Com nove dos dez feriados nacionais de 2026 caindo próximos aos fins de semana, a perspectiva é de muitos “feriadões” prolongados. Essa coincidência de datas representa uma oportunidade excelente para os brasileiros planejarem mais `escapadas` de curta duração e explorarem o vasto leque de destinos que o próprio país oferece. Conforme dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as escolhas de viagem se mostram cada vez mais estratégicas e focadas na maximização do bem-estar e do orçamento pessoal clicando aqui.
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Em suma, a análise do IBGE sobre o turismo no Brasil aponta para uma redefinição nas preferências dos viajantes, que priorizam a proximidade, o lazer, a cultura e a gastronomia, enquanto mantêm o controle dos gastos. A busca por destinos regionais e a estratégia de hospedagem solidária demonstram a resiliência e a inventividade do turista nacional. Para continuar acompanhando nossas análises sobre o cenário nacional de viagens, incluindo tendências de mercado e comportamento do consumidor, convidamos você a explorar outras notícias na editoria de economia do nosso portal.
Crédito da imagem: Reprodução/TV Globo
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