Tuberculose: Piracicaba intensifica busca ativa de casos em UBSs

A cidade de Piracicaba, no interior de São Paulo, intensifica suas ações de busca ativa para identificar novos casos de tuberculose. Dados recentes revelam que o município registrou 94 casos da doença em 2025. Diante desse cenário, a prefeitura anunciou na última terça-feira, 17 de setembro, uma campanha reforçada de identificação, visando assegurar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, elementos fundamentais para interromper a cadeia de transmissão dessa enfermidade infecciosa.

A tuberculose é causada pela bactéria *Mycobacterium tuberculosis* e, embora frequentemente associada aos pulmões, sua manifestação pode ir muito além. A infecção é capaz de atingir diversas outras partes do corpo humano, como os gânglios linfáticos, ossos, rins, intestinos e até mesmo as membranas que envolvem o cérebro, conhecidas como meninges.

Tuberculose: Piracicaba intensifica busca ativa de casos em UBSs

Para otimizar o combate à doença, as 75 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Piracicaba participarão ativamente dessa campanha intensiva, que se estenderá até 30 de setembro. A iniciativa é conduzida pelo Programa Municipal de Controle da Tuberculose, uma estrutura ligada ao Centro de Doenças Infectocontagiosas (Cedic) e que opera em colaboração com o Departamento de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo informações da Prefeitura de Piracicaba, a busca ativa é uma medida de controle que deve ser constante ao longo do ano, mas que ganha força e maior foco nos meses de março e setembro.

Cenário da Tuberculose na Região de Piracicaba

Os números da doença se estendem para além dos limites de Piracicaba. Na área de abrangência do Departamento Regional de Saúde (DRS), que engloba 26 cidades vizinhas, foram contabilizados 13.921 casos de tuberculose no período de janeiro a setembro do corrente ano. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) também divulgou dados dos anos anteriores para o mesmo Departamento Regional, cobrindo o período de janeiro a dezembro:

• 2024: 20.185 casos
• 2023: 19.614 casos
• 2022: 18.340 casos
• 2021: 16.049 casos
• 2020: 15.881 casos

O acesso ao tratamento e acompanhamento de saúde ocorre, inicialmente, pela Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS), através das Unidades Básicas de Saúde. Essas unidades, gerenciadas pelas prefeituras, desempenham um papel crucial no suporte e seguimento dos pacientes diagnosticados. O Estado de São Paulo, por sua vez, desenvolveu um plano estratégico com o objetivo de reduzir a taxa de incidência e o número de óbitos pela tuberculose, fundamentado em três eixos principais: a prevenção e o cuidado integrado focado na pessoa; a implementação de políticas inovadoras e um robusto sistema de apoio; e a ampliação do investimento em pesquisa e inovação, conforme orienta o Ministério da Saúde em suas campanhas de saúde pública.

Transmissão e Sintomas: O Que Observar na Tuberculose

A transmissão da tuberculose ocorre por via aérea, através da inalação de gotículas liberadas no ambiente por uma pessoa infectada ao tossir, falar ou espirrar. Os sinais e sintomas que demandam atenção incluem:

• Tosse persistente por mais de duas semanas;
• Febre, que geralmente se manifesta no final da tarde;
• Sudorese noturna;
• Emagrecimento inexplicável.

É importante salientar que o indivíduo pode apresentar um conjunto de todos esses sintomas, ou manifestar apenas a tosse, que em alguns casos, pode ser minimizada e passar despercebida. Por isso, a vigilância constante a esses sinais é essencial.

De acordo com o médico infectologista Hamilton Bonilha, caso o sistema imunológico de uma pessoa esteja robusto ao entrar em contato com a bactéria *Mycobacterium tuberculosis*, a infecção pulmonar pode ser barrada, resultando na forma primária da doença. Nessas circunstâncias, a bactéria pode migrar para outros órgãos através dos sistemas sanguíneo e linfático, permanecendo em estado dormente, configurando a forma latente. Nesses casos, a ausência de sintomas significa também a inexistência de risco de transmissão. Contudo, Bonilha alerta que fatores como a redução da imunidade, causada por outras doenças ou pelo uso de medicamentos imunossupressores, podem reativar o bacilo alojado em diversas partes do corpo, desenvolvendo a forma ativa da tuberculose.

As Diferentes Manifestações da Tuberculose no Corpo

O médico infectologista Tufi Chalita complementa que, independentemente da localização, qualquer tipo de tuberculose, por ser um processo infeccioso, comumente ocasiona sintomas gerais como febre leve, sudorese, perda de apetite e, consequentemente, perda de peso. As manifestações adicionais variam conforme a região do corpo afetada:

Imagem: g1.globo.com

• Tuberculose pulmonar: Sendo a forma mais comum, correspondendo a aproximadamente 90% dos casos, caracteriza-se por tosse e expectoração, muitas vezes acompanhada de sangue, além dos sintomas sistêmicos.
• Tuberculose no sistema nervoso central: Pode gerar dores de cabeça intensas e alterações comportamentais, somando-se aos sintomas gerais.
• Tuberculose óssea: Resulta em dores e, em algumas situações, fraturas espontâneas. Há uma condição específica, conhecida como Mal de Pott, quando a doença acomete as vértebras da coluna, podendo levar a fraturas com sérias consequências, como paraplegia ou tetraplegia, a depender da localização do dano.
• Tuberculose urinária: Pode causar presença de sangue na urina, em adição aos sintomas sistêmicos como febre, mal-estar e perda de peso.

Chalita enfatiza que, embora as formas extrapulmonares sejam graves, elas representam, em conjunto, menos de 10% do total de casos de tuberculose, com a forma pulmonar dominando a incidência da doença.

Diagnóstico e Tratamento Essenciais

O diagnóstico definitivo da tuberculose é confirmado por meio do isolamento da bactéria dos órgãos atingidos, conforme explica o Dr. Hamilton Bonilha. Esse processo pode envolver a análise do escarro ou de outros líquidos e secreções de órgãos afetados, podendo requerer procedimentos como punção ou biópsia para obtenção das amostras.

A boa notícia é que a tuberculose tem cura! O tratamento geralmente se estende por um período de seis meses, podendo ser prolongado para até 12 meses, dependendo da parte do corpo que foi acometida pela infecção. Os medicamentos necessários são fornecidos gratuitamente pelo SUS. A estratégia adotada no Brasil é o Tratamento Diretamente Observado (TDO), onde o paciente ingere a medicação diariamente sob a supervisão direta de um profissional da equipe de saúde. Para a efetividade e sucesso da cura, é crucial que o paciente siga rigorosamente as orientações médicas e, mais importante, não interrompa o tratamento, mesmo que os sintomas comecem a regredir.

A Importância da Vacina BCG

A vacina BCG, que confere proteção contra as formas graves da tuberculose, está à disposição em toda a rede pública de saúde brasileira e é recomendada para a população até os quatro anos de idade, de acordo com as diretrizes do Calendário Nacional de Vacinação, definido pelo Ministério da Saúde. O Dr. Bonilha explica a razão para a vacinação em fases tão precoces da vida: “O recém-nascido, por ainda não possuir um sistema imunológico plenamente desenvolvido, torna-se mais vulnerável às manifestações severas da doença.” Esse fato justifica a administração do imunizante nos primeiros meses de vida da criança.

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A busca ativa e contínua de casos de tuberculose em Piracicaba e região reflete a seriedade do enfrentamento a esta doença milenar. Compreender seus sintomas, a importância do diagnóstico precoce, a relevância da vacinação BCG e a adesão total ao tratamento são passos fundamentais para o controle da tuberculose. Continue acompanhando a nossa editoria de Cidades para mais notícias e informações relevantes sobre a sua região.

Foto: Freepik