Trump promete acordo rápido e discute tarifas com Brasil

Economia

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu uma “solução rapidamente” sobre as tarifas de 40% impostas ao Brasil, em declarações à imprensa concedidas nesta quinta-feira. A afirmativa foi feita antes de iniciar a primeira reunião presencial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcando um ponto alto nas discussões bilaterais entre as duas nações. A coletiva de imprensa, surpreendentemente concisa, durou apenas nove minutos, um período que se mostrou curto para a extensa pauta esperada, deixando o presidente brasileiro ansioso para avançar para a fase privada das conversações.

A tensão em torno do chamado “tarifaço” sobre produtos brasileiros era palpável. Quando questionado diretamente por um jornalista sobre a possibilidade de suspender essas tarifas, Trump adotou um tom confiante. Ele respondeu que a questão seria “discutida por um tempo”, demonstrando que a negociação estaria em pauta. Com a assertividade de um líder habituado a grandes acordos, o ex-presidente americano sublinhou: “Sabemos que nos conhecemos. Sabemos o que cada um quer.” Essa frase sugere um conhecimento prévio e uma antecipação mútua dos interesses entre as duas partes, fundamentando a expectativa de uma rápida conclusão.

Trump promete acordo rápido e discute tarifas com Brasil

A otimista projeção de uma negociação célere para resolver o imbróglio das tarifas e fortalecer os laços entre Estados Unidos e Brasil foi uma das principais mensagens transmitidas por Trump. Ele afirmou que acreditava firmemente na capacidade de “fechar alguns acordos muito bons sobre os quais temos conversado”. O objetivo, segundo o ex-presidente americano, era claro: alcançar um “relacionamento muito bom” entre os dois países. Esta postura denota a busca por um avanço significativo nas relações bilaterais, indo além da simples resolução do impasse comercial.

Questionado sobre a justiça das motivações para aplicar as tarifas ao Brasil, Donald Trump inicialmente reafirmou sua convicção, respondendo “sim”. No entanto, de imediato, ele se voltou para um tom mais conciliatório e adulador, dirigindo-se ao presidente Lula. O ex-presidente americano expressou uma grande honra em estar ao lado do presidente brasileiro, elogiando o Brasil como “um grande país, um país lindo”, e manifestando que a nação sul-americana estava “indo muito bem” até onde ele sabia. Essa mudança de postura indicava a disposição de flexibilizar a abordagem, sempre com o foco em construir “bons acordos para ambos os países”, priorizando a cooperação mútua.

Um dos momentos mais inesperados da coletiva foi quando Trump, na presença de Lula, fez questão de tecer elogios ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. “Sempre gostei dele. Sinto muito pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era uma pessoa direta, mas ele passou por muita coisa”, declarou Trump, ressaltando a trajetória e a personalidade de Bolsonaro. No entanto, a discussão sobre o assunto foi bruscamente encerrada quando um jornalista perguntou se ele planejava abordar a situação de Bolsonaro com Lula. A resposta do ex-presidente americano foi incisiva: “Não é da sua conta”, deixando claro que certos temas seriam tratados apenas a portas fechadas.

Curiosamente, Donald Trump havia citado o processo contra Bolsonaro por suposta tentativa de golpe como um dos fatores que contribuíram para a aplicação do tarifaço sobre os produtos brasileiros. Essa associação trouxe uma dimensão política interna às já complexas relações comerciais. Ao ser questionado se, além da situação de Bolsonaro, haveria algo mais que o Brasil poderia oferecer para melhorar as relações com os Estados Unidos, Trump manteve o mistério e a expectativa. “Provavelmente. Saberemos em 15 minutos. Eles podem oferecer muito e nós podemos oferecer muito”, sugeriu, insinuando que ambos os países detinham cartas a serem jogadas na mesa de negociações.

O tema Venezuela, que frequentemente emerge em discussões diplomáticas na América, também foi abordado. Donald Trump indicou que não esperava que o assunto fizesse parte da pauta oficial da reunião, a menos que a delegação brasileira demonstrasse interesse em discuti-lo. A cautela sobre incluir o tema da Venezuela na pauta formal sinaliza a prioridade dada a questões bilaterais de comércio e acordos, mantendo um foco mais pragmático na relação entre Washington e Brasília. Para mais informações sobre as relações comerciais internacionais do Brasil, consulte o site do Ministério das Relações Exteriores.

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Imagem: Evelyn Hockstein via valor.globo.com

A brevidade da coletiva de imprensa, percebida por Lula, o levou a intervir nas perguntas dos jornalistas. O presidente brasileiro sugeriu que as indagações fossem feitas posteriormente, enfatizando que o tempo estava se esgotando e ele possuía uma agenda extensa e predefinida para discutir com Trump. Lula inclusive revelou que havia preparado a pauta por escrito, já traduzida para o inglês, denotando a seriedade e a preparação brasileira para o encontro. “É uma pauta longa, não sei se teremos tempo”, explicou, reafirmando a importância e a densidade dos temas a serem tratados em particular.

Ambas as delegações contavam com nomes de peso em suas respectivas áreas. Pelo lado dos Estados Unidos, Donald Trump estava acompanhado por Scott Bessent, o Secretário do Tesouro; Marco Rubio, o Secretário de Estado; e Jamieson Greer, o chefe da USRT (United States Trade Representative), agência responsável pela representação comercial americana. A presença desses altos funcionários sublinhava a relevância dos temas econômicos e diplomáticos na reunião. Do lado brasileiro, o presidente Lula contava com o apoio de Mauro Vieira, o chanceler; Marcio Rosa, vice-ministro do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços); e Audo Faleiros, seu assessor internacional. Essa formação das equipes reforçou a natureza estratégica do encontro e o profundo envolvimento de ambas as administrações na busca por avanços significativos.

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Em suma, a reunião entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva foi marcada pela promessa de uma resolução ágil para as tarifas comerciais, com ambos os líderes sinalizando otimismo em relação a acordos futuros. A complexidade das discussões abrangeu desde questões comerciais diretas até delicados temas políticos, como a situação de Jair Bolsonaro e a política externa em relação à Venezuela, evidenciando a pluralidade da relação bilateral. Para acompanhar mais notícias sobre a política internacional e economia, continue navegando na nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Evelyn Hockstein/REUTERS

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