Um vídeo viralizado em plataformas digitais, alegando que Donald Trump proibirá o Halloween nos Estados Unidos, foi veementemente desmentido por investigações independentes. A gravação, que falsamente retrata o ex-presidente a declarar a celebração como “coisa do demônio” e a anunciar uma ordem executiva federal para sua interdição, não possui qualquer fundamento na realidade e foi gerada por meio de inteligência artificial.
A montagem circulou amplamente no TikTok, Instagram e X, acompanhada por legendas em espanhol que afirmavam: “Última hora! Atenção Trump proíbe Halloween nos Estados Unidos”. O conteúdo visual incorpora um segmento de um discurso autêntico proferido por Trump na Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro deste ano. Contudo, a faixa de áudio original foi alterada digitalmente, atribuindo ao político uma fala fabricada que dizia, em espanhol e com sotaque inglês: “Eu vou proibir o Halloween. Isso é coisa do demônio.” Em sequência, o vídeo exibe a cena de um repórter alegando que “Donald Trump firmou uma ordem executiva federal que proíbe oficialmente todas as celebrações do Halloween. Qualquer pessoa que violasse a nova lei poderia enfrentar uma multa de até agora”.
É falso: Trump não proibiu o Halloween nos EUA
A farsa ganhou tração rapidamente, impulsionando a necessidade de uma análise minuciosa por especialistas em checagem de fatos. A verificação do conteúdo, conduzida pelo “Fato ou Fake”, da plataforma G1, confirmou a manipulação do áudio. O vídeo foi submetido à ferramenta HiveModeration, um recurso avançado para identificação de uso de inteligência artificial em mídias visuais e auditivas. Os resultados indicaram uma probabilidade esmagadora de 99,9% de que o áudio presente no vídeo tenha sido gerado artificialmente.
Além da evidência tecnológica de manipulação, as ações do próprio Donald Trump desmentem a narrativa do vídeo. Longe de proibir a festividade, o ex-presidente celebrou o Halloween em pelo menos duas ocasiões neste ano. Em 30 de outubro, seguindo uma tradição anual do Dia das Bruxas, Trump, ao lado da ex-primeira-dama Melania Trump, distribuiu doces a crianças em frente à Casa Branca, conforme amplamente noticiado na época. No dia seguinte, 31 de outubro, ele foi anfitrião de um jantar temático em seu resort na Flórida, que contou com a presença de diversas personalidades políticas, incluindo o senador e secretário de Estado Marco Rubio.
Para desvendar a origem da montagem enganosa, a equipe de checagem utilizou ferramentas forenses digitais. A plataforma InVID foi empregada para segmentar o vídeo em vários quadros estáticos, ou frames. Subsequentemente, um desses “frames” foi submetido a uma busca reversa de imagem através do Google Lens. Esta metodologia é essencial para identificar se o conteúdo já havia sido veiculado anteriormente por fontes confiáveis e em qual contexto, revelando que a imagem de Trump foi extraída de seu discurso na ONU. Essas práticas são fundamentais no combate à disseminação de conteúdo falso.
O caso do vídeo de Trump e do Halloween ressalta a importância de cautela e verificação diante do consumo de notícias nas redes sociais, especialmente com o avanço da inteligência artificial. Para combater a desinformação, ferramentas como o HiveModeration, que analisa a probabilidade de uso de inteligência artificial em mídias, são cruciais, conforme discussões recentes sobre fake news e suas implicações. Informações confiáveis e verificadas, como as disseminadas por serviços de checagem, são a primeira linha de defesa contra narrativas distorcidas. O uso estratégico de imagens verdadeiras com áudios fabricados representa um novo desafio para a percepção pública.
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Este incidente serve como um lembrete contundente dos perigos das manipulações digitais e da propagação rápida de vídeos adulterados na era da informação. É fundamental que os cidadãos exerçam o discernimento crítico ao se depararem com informações sensacionalistas. Para se manter atualizado e compreender a fundo as complexidades do cenário político e suas controvérsias, saiba mais sobre os últimos acontecimentos da política, acessando nossos artigos e análises detalhadas.
Crédito da imagem: REUTERS/Kylie Cooper
