Santa Catarina possui um histórico de severos fenômenos climáticos, e os tornados EF3 em SC se destacam entre os mais destrutivos, resultando em mortes e cenários de grande devastação. Após um evento dessa magnitude atingir o Paraná recentemente, o foco volta-se para os registros passados no território catarinense, onde tais fenômenos, classificados na Escala Fujita Aprimorada como EF3, deixaram marcas profundas em diversas localidades.
A ocorrência de tornados de alta intensidade no sul do Brasil não é incomum, embora a categoria EF3 seja menos frequente. Segundo dados da Epagri/Ciram, órgão responsável pelo monitoramento climático no estado, quatro eventos classificados como EF3 foram confirmados em Santa Catarina, demonstrando o potencial de impacto dessas massas de ar rotativas. Estes registros evidenciam a vulnerabilidade de certas regiões do estado diante das condições meteorológicas propícias à formação de tempestades severas, capazes de gerar ventos que superam 250 km/h, característica dos tornados desta escala.
Tornados EF3 em SC: Histórico de Mortes e Destruição
O histórico de tornados EF3 em SC inclui momentos de tragédia e reconstrução. Em abril de 2015, a cidade de Xanxerê, no Oeste catarinense e distante cerca de 200 km de Rio Bonito do Iguaçu (PR), foi palco do mais recente destes fenômenos. Contudo, Xanxerê não está sozinha na lista; São Joaquim, na Serra, enfrentou um tornado EF3 em 2004. Anos depois, em setembro de 2009, Guaraciaba, também no Oeste do estado, foi atingida. Mais recentemente, antes de Xanxerê, Ibirama, no Vale do Itajaí, registrou um tornado da mesma classificação em julho de 2014. Esses quatro eventos demonstram a amplitude geográfica e temporal da ameaça que os tornados representam para Santa Catarina.
A Escala Enhanced Fujita: O Que Significa um Tornado EF3?
A classificação “EF3” é uma abreviação de “Enhanced Fujita 3”, que designa a terceira categoria na Escala Fujita Aprimorada. Este sistema de medição é mundialmente utilizado para determinar a intensidade de um tornado com base nos danos e na destruição causados pelo fenômeno em estruturas e na vegetação, e não diretamente pela velocidade do vento. Um tornado classificado como EF3 indica ventos que podem variar entre 218 km/h e 266 km/h, resultando em destruição grave. Geralmente, construções bem edificadas podem sofrer danos consideráveis, paredes podem ser derrubadas e veículos podem ser arremessados. Embora a medição exata da velocidade do vento em tempo real de um tornado seja um desafio complexo devido à natureza súbita e localizada desses eventos, a análise pós-evento da intensidade da destruição fornece uma estimativa precisa de sua força devastadora. Entender melhor os fundamentos dos tornados é crucial para a previsão e mitigação de riscos; para informações mais aprofundadas sobre esses fenômenos, confira uma explicação detalhada sobre a definição de tornados, sua formação e classificações.
A Epagri/Ciram enfatiza que, apesar do avanço tecnológico na meteorologia, a previsão exata da formação de um tornado, incluindo seu local e momento, permanece um grande desafio. Os meteorologistas Gilsânia Cruz e Marcelo Martins salientam a complexidade e imprevisibilidade desses fenômenos, ressaltando que mesmo com tecnologias de ponta, antecipar tais eventos com precisão continua sendo uma barreira científica significativa. A rápida evolução e a pequena escala espacial dos tornados exigem sistemas de monitoramento extremamente sofisticados e análises contínuas, reforçando a importância da vigilância constante e da educação pública para a segurança.
Xanxerê (2015): O Rastro de Destruição e o Impacto Humano
O tornado que atingiu Xanxerê em 20 de abril de 2015, classificado como EF3, marcou profundamente a história da cidade e de Santa Catarina. A catástrofe resultou na morte de duas pessoas e deixou 120 feridos, além de aproximadamente mil moradores desabrigados, cujas casas foram comprometidas pela força dos ventos. As avaliações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) na época indicaram que as rajadas de vento durante o evento variavam entre 100 km/h e 330 km/h, um espectro que denota a intensidade brutal do fenômeno. A dimensão dos estragos foi avassaladora: cinco torres de energia, projetadas para resistir a ventos de até 200 km/h, desabaram, e cerca de 2.600 residências sofreram danos significativos, desde telhados arrancados até estruturas totalmente destruídas. Em meio à tragédia, histórias de heroísmo surgiram, como a de um pai que, ao salvar sua esposa e bebê, perdeu a própria vida, tornando-se um símbolo da luta e da perda humana diante da fúria da natureza. Veículos foram encontrados capotados lateralmente, um detalhe que indicou a característica cíclica dos ventos do tornado, reforçando a natureza rotacional e poderosa do evento.
Santa Catarina: Cenário Propenso a Fenômenos Extremos
Santa Catarina possui características geográficas e meteorológicas que a tornam uma região bastante propícia para a ocorrência de tornados. De acordo com a Defesa Civil, o estado está localizado em uma zona de encontro de diferentes massas de ar. Massas frias e secas vindas do sul do país se encontram com massas de ar quentes e úmidas originárias do interior do continente sul-americano. Esse choque de temperaturas e umidade cria um ambiente de intensa instabilidade atmosférica, favorecendo o desenvolvimento de tempestades severas. É justamente dentro dessas grandes tempestades que se formam as condições ideais para a gênese de tornados, explicando a recorrência desses fenômenos em solo catarinense e a necessidade de sistemas de alerta e prevenção eficazes para a proteção da população e das infraestruturas.

Imagem: tornados via g1.globo.com
Diferenciando Tornado de Ciclone: Tipos de Fenômenos Atmosféricos
É comum haver confusão entre tornados e ciclones, mas esses fenômenos atmosféricos possuem características distintas em sua formação e atuação. O tornado é essencialmente uma coluna de ar em rotação violenta que se estende da base de uma nuvem de tempestade cumulonimbus até o solo. Caracterizado por seu alto potencial destrutivo em uma área relativamente pequena, seus ventos intensos e circulação vertical são os principais responsáveis pelos danos observados.
Já os ciclones são um termo mais abrangente, referindo-se a todos os sistemas de baixa pressão atmosférica. Esses sistemas agem puxando o ar quente e úmido da superfície para as camadas superiores da atmosfera, processo que resulta na formação de nuvens de chuva. Os chamados ciclones extratropicais, que são relevantes para o contexto do sul do Brasil, se formam em latitudes médias do planeta, fora da zona tropical. Eles se caracterizam pelo movimento e interação de massas de ar com temperaturas distintas — uma massa quente e outra fria — e são frequentemente observados no Atlântico Sul, próximo à costa do Brasil, podendo influenciar o tempo em Santa Catarina. Embora ambos gerem tempestades, suas estruturas e mecanismos de formação são intrinsecamente diferentes, resultando em impactos distintos nas regiões afetadas.
Além das localidades citadas anteriormente em relação aos tornados EF3, Santa Catarina tem registros gerais de tornados atingindo cidades como Dionísio Cerqueira e Faxinal dos Guedes, ao lado de Xanxerê, reforçando a abrangência desses eventos no estado.
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Os tornados EF3 em Santa Catarina representam eventos climáticos de grande impacto, marcados por destruição e perdas humanas. O histórico de ocorrências em cidades como Xanxerê, São Joaquim, Guaraciaba e Ibirama, aliado à propensão do estado para tais fenômenos devido às suas características meteorológicas, sublinha a importância da compreensão e da preparação contínua. Para se manter informado sobre esses e outros acontecimentos que moldam o dia a dia de nossas cidades, continue acompanhando as atualizações na nossa editoria de Cidades, onde cobrimos os principais fatos e análises que afetam o cotidiano local.
Crédito da imagem: Flávio Carvalho/TudosobreXanxerê/Arquivo


