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Tomorrowland Brasil 2025: Entre Ícones e a Busca por Novidades

O Tomorrowland Brasil 2025, reconhecido como o maior festival de música eletrônica do país e um dos gigantes da América Latina, celebrou seus dez anos em grande estilo, consolidando-se como um marco para os admiradores do segmento mais pop da cena eletrônica. Contudo, quando a análise se aprofunda para além do circuito mainstream, o evento, […]

O Tomorrowland Brasil 2025, reconhecido como o maior festival de música eletrônica do país e um dos gigantes da América Latina, celebrou seus dez anos em grande estilo, consolidando-se como um marco para os admiradores do segmento mais pop da cena eletrônica. Contudo, quando a análise se aprofunda para além do circuito mainstream, o evento, apesar de sua grandiosidade, tem gerado debates sobre a incorporação de novos talentos e propostas.

Considerado um verdadeiro “parque temático” da música eletrônica, o festival sediou suas atividades na Fazenda Maeda, em Itu, no interior de São Paulo. A estrutura foi inaugurada na última quinta-feira para receber aproximadamente 10 mil participantes em seu acampamento oficial. Já no dia seguinte, as seis pistas vibraram com a presença de cerca de 60 mil pessoas, que desfrutaram de uma programação com aproximadamente 50 DJs, totalizando 150 apresentações até o encerramento do evento.

Tomorrowland Brasil 2025: Entre Ícones e a Busca por Novidades

A edição deste ano ofereceu ao público brasileiro a oportunidade de revisitar e apreciar performances de artistas consagrados mundialmente. O DJ francês David Guetta, por exemplo, entregou um set energético com versões condensadas de seus maiores sucessos, como “Sexy Bitch” e “Day and Night”. Uma verdadeira celebração para os que acompanharam a música eletrônica que dominava as rádios nas décadas de 2000 e 2010.

Outro grande retorno ao cenário nacional foi o do holandês Armin van Buuren. Com um histórico robusto de apresentações no Brasil, o DJ e produtor vivencia um ressurgimento em sua carreira, marcado por um resgate profundo do trance, gênero do qual é uma autoridade inquestionável. Seu set no festival combinou clássicos, como a emblemática faixa “Techno-Trance”, com novas produções, mais adaptadas ao dinamismo do palco principal. A regra inegável deste espaço é a harmonia entre o “build-up” – a construção meticulosa do clímax – e o “drop”, o ponto máximo onde a batida irrompe e a plateia, embalada pela dança ou capturando o momento com celulares, explode em êxtase.

Presença Global e o Desafio da Relevância no Mainstream

Além dos renomados artistas holandês e francês, o line-up do festival escalou um total de 22 DJs que também figuram na prestigiada lista “Top 100 DJs” da revista DJ Mag. Essa classificação, publicada pela revista especializada, é amplamente vista como um selo de qualidade e relevância dentro da indústria da música eletrônica global.

Entre os nomes brasileiros presentes nessa lista de destaque estão Vintage Culture e Alok. O primeiro, conhecido por seu estilo tech-house marcante, apresentou um set pesado e, segundo análises, por vezes previsível. Já Alok, artista goiano, trouxe seu projeto paralelo “Something Else”, que ambiciona uma abordagem menos pop, retornando às raízes do estilo psytrance. No entanto, dentro da dinâmica do festival, a execução dessa proposta tendeu a se manter mais na teoria do que na prática musical, misturando elementos mais comerciais.

Grande parte do conteúdo musical derivado dessa interseção entre os DJs do ranking e o elenco do Tomorrowland Brasil é percebida como “ultraprocessada” e “plástica”, uma espécie de “fast food” sonoro. Isso é particularmente evidenciado pela repetição exaustiva de certos nomes em edições consecutivas do festival. Exemplos incluem o DJ holandês Maddix, cujo set foi descrito como incoerente, e as irmãs gêmeas Nervo, que entregaram uma sequência considerada tediosa de hits, um padrão que tendem a seguir ano após ano.

A Experiência Além da Música: Engajamento do Público

Ainda que algumas performances fossem vistas como repetitivas, tal aspecto não pareceu ser um problema para a maioria do público, que lotava as pistas com entusiasmo. Muitos dos frequentadores do Tomorrowland Brasil 2025 buscam mais do que a inovação sonora; eles procuram uma experiência holística e imersiva. A estada no acampamento, o uso de fantasias e roupas vibrantes, e a espetacular pirotecnia dos palcos, adornados com motivos que mesclam art nouveau e fantasia medieval, são elementos centrais. Neste “parque temático”, a música, por vezes, assume um papel coadjuvante diante de um cenário de celebração coletiva.

Essa “mercantilização” de valores como “paz”, “amor”, “união” e “respeito”, pilares de movimentos importantes da música eletrônica dos anos 1990, impulsionou o Tomorrowland a se tornar uma das grifes mais influentes e reconhecidas no circuito global do estilo. Essa estratégia contribuiu para a sua longevidade e atração massiva de audiências, mesmo em face de críticas sobre o alinhamento musical.

Tomorrowland Brasil 2025: Entre Ícones e a Busca por Novidades - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Abertura para o Novo: Uma Tentativa Tímida

Nos anos mais recentes, a edição brasileira do festival tem demonstrado um movimento de abertura em relação a novidades do cenário nacional. Embora sua estrutura permaneça fortemente centrada no mainstream, observa-se uma experimentação, ainda que discreta, com sonoridades distintas. Isso inclui fusões de percussões afro-brasileiras com gêneros como house e techno, o abraço ao tech-house do Centro-Oeste brasileiro – conhecido como “desande” –, e inclusões pontuais de funk em algumas batidas e samples de voz.

Contudo, na prática, essa tentativa de diversificação permanece em estágios iniciais. Artistas brasileiros aclamados pela crítica, como Cashu e RHR, foram incluídos no line-up desta edição, mas suas apresentações foram agendadas para as primeiras horas de sexta-feira, em pistas menos frequentadas. Faixas de horário e palco semelhantes também foram designadas para nomes já bem-sucedidos no underground, como Omoloko e Eli Iwasa, que tocaram no sábado, e Ananda, no domingo. Esse planejamento de horários e palcos sugere uma priorização dos atos mais conhecidos em detrimento de uma plataforma de maior visibilidade para os novos talentos.

É notável também a ausência de DJs latino-americanos no elenco principal, excluindo os próprios brasileiros. No primeiro dia de apresentações (sexta-feira), bandeiras de diversos países da região eram visivelmente presentes por todo o local do festival. No camping, o espanhol e o inglês frequentemente superam o português como línguas de comunicação. Essa realidade expõe um vasto e inexplorado campo de talentos na América Latina que poderiam enriquecer o lineup do festival.

Quando o Tomorrowland desembarcou no Brasil, uma década atrás, o cenário da música eletrônica, fora do eixo mainstream, era caracterizado por artistas, fãs e gêneros que lutavam arduamente para sustentar suas respectivas cenas. Hoje, no entanto, essas cenas alternativas vêm ganhando destaque e centralidade. Elas criam celebridades locais, atraem a atenção da imprensa especializada e exercem influência crescente sobre as listas dos principais DJs do mundo, evidenciando uma efervescência criativa que não pode ser ignorada. Para explorar mais sobre o panorama dos festivais e a evolução da música eletrônica, consulte este artigo da Billboard Brasil.

O Tomorrowland, embora continue sendo uma referência inabalável no que tange ao lado mais comercial da música eletrônica, possui a oportunidade e, segundo a análise crítica, a necessidade de prestar maior atenção ao que de novo emerge nas pistas do país e de toda a América Latina. Essa atitude não seria um ato de “caridade”, mas uma questão fundamental de curadoria inteligente e visão estratégica. Manter-se atento ao alternativo é, frequentemente, antecipar as próximas transformações e tendências do mainstream. Afinal, a sustentabilidade e relevância a longo prazo, como evidenciado pela longevidade de empresas como a Disney, dependem da capacidade de inovar e adaptar seus “parques” e experiências.

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Em suma, a décima edição do Tomorrowland Brasil reafirma sua posição como um gigante no entretenimento eletrônico, porém levanta questionamentos pertinentes sobre a estagnação criativa e a escassa abertura para a diversidade de talentos. É um lembrete de que a grandiosidade deve andar de mãos dadas com a evolução constante para manter a essência de um festival que se propõe a criar mundos. Continue acompanhando nossas análises sobre música, eventos e tendências culturais em nossa editoria de Análises.

Crédito da imagem: Pedro Fatore/Divulgação

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