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Descubra Tipos de Mel do Brasil e por que Custam até R$ 600

A percepção comum de que “todo mel é igual” está longe da realidade brasileira. O país abriga uma vasta diversidade desse alimento natural, que vai muito além dos poucos rótulos encontrados nas prateleiras dos supermercados. Essa riqueza se manifesta em variações surpreendentes de cor, textura e sabor, que podem oscilar do mais intenso ao levemente […]

A percepção comum de que “todo mel é igual” está longe da realidade brasileira. O país abriga uma vasta diversidade desse alimento natural, que vai muito além dos poucos rótulos encontrados nas prateleiras dos supermercados. Essa riqueza se manifesta em variações surpreendentes de cor, textura e sabor, que podem oscilar do mais intenso ao levemente salgado, e do adocicado ao notavelmente ácido.

Nos mercados, geralmente predominam produtos derivados de abelhas africanizadas, reconhecidas por possuírem ferrão. Muitos desses itens são blends, misturas de néctares de diferentes floradas, pois seus rótulos nem sempre especificam a origem floral. No entanto, o Brasil revela surpresas como o mel de bracatinga, que desafia a noção tradicional, por não ser extraído de flores, mas de uma secreção açucarada produzida por insetos (cochonilhas). Outros destaques incluem o mel de borá, criado por abelhas nativas sem ferrão, que se distingue pelo seu sabor suave e um toque salgado peculiar, lembrando queijo. Variações raras, como o borá, o jataí e o mandaçaia, atingem valores elevados no mercado, podendo chegar a R$ 600 por litro, segundo Fábia de Mello, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Descubra Tipos de Mel do Brasil e por que Custam até R$ 600

Para entender a notável diferença entre essas variedades, é essencial compreender as distinções entre as abelhas produtoras, tanto as espécies com ferrão quanto as nativas sem ferrão. Esta reportagem se aprofunda nos méis mais curiosos produzidos no território nacional, explicando os fatores que influenciam desde suas características sensoriais únicas até os elevados custos.

A Distinção entre Abelhas com e sem Ferrão

A produtividade do mel está intrinsecamente ligada à espécie da abelha e à dinâmica de suas colônias. Essa diferença é crucial para compreender as nuances do mercado e dos produtos disponíveis.

Abelhas Africanizadas: A Produtividade Tradicional

A Apis mellifera, popularmente conhecida como abelha-africanizada, é a espécie com ferrão mais disseminada no Brasil, embora não seja nativa do país. Estas abelhas se caracterizam pela formação de colônias robustas e por uma intensa jornada de trabalho diário, o que as torna grandes produtoras de mel. A classificação dos méis derivados da Apis mellifera é feita de acordo com a origem do néctar, ou seja, as floradas específicas das quais as abelhas coletam o material. Entre as principais variedades provenientes destas abelhas, destacam-se os méis de laranjeira, eucalipto, silvestre, cipó-uva e, curiosamente, o de bracatinga.

Abelhas Nativas sem Ferrão: Rareza e Sabor Exclusivo

Em contraste, as abelhas nativas do Brasil, que não possuem ferrão, operam em uma escala menor. Suas colônias são de menor porte e o tempo diário de atividade para coleta é mais reduzido, resultando em uma menor produção de mel. Este fator contribui significativamente para o preço mais elevado de seus produtos. Enquanto o mel de abelhas africanizadas custa, em média, R$ 47 o litro, o das abelhas sem ferrão pode variar de R$ 120 e alcançar até R$ 600 por litro, conforme apontado por Fábia de Mello, da Embrapa.

Atualmente, o Brasil possui mais de 250 espécies conhecidas dessas abelhas nativas, e cerca de 100 delas são objeto de iniciativas de criação, como ressalta a bióloga Kátia Aleixo, especialista em entomologia. Diferentemente dos méis das abelhas africanizadas, nomeados pela florada, os méis das abelhas sem ferrão são identificados pela espécie produtora. Jataí, mandaçaia, tiúba e borá estão entre os mais célebres.

Estes méis específicos têm ganhado notoriedade na alta gastronomia devido às suas propriedades singulares, como um paladar mais ácido e uma textura mais líquida. Tal característica se deve ao maior teor de água nesses méis, que propicia uma fermentação natural. Kátia Aleixo explica que este processo fermentativo, aliado à espécie de abelha e aos potes de cerume onde o mel é guardado, é fundamental para o desenvolvimento de sabores verdadeiramente únicos e complexos.

Principais Variedades de Mel do País

O mosaico de biomas brasileiros propicia uma vasta gama de méis, cada qual com características próprias, moldadas pelas floradas e espécies de abelhas.

Méis de Abelhas com Ferrão

  • Laranjeira: Apreciado pela sua coloração clara e sabor ligeiramente ácido, este é um dos tipos de mel mais consumidos no Brasil, com produções expressivas em São Paulo e Minas Gerais.
  • Eucalipto: Notável por sua cor mais escura e elevado teor de minerais, o mel de eucalipto é tradicionalmente valorizado por suas propriedades expectorantes e é predominantemente produzido nas regiões Sul e Sudeste.
  • Bracatinga (Melato): Esta variedade singular não é floral. O melato de bracatinga é gerado a partir de um líquido açucarado secretado por pequenos insetos (cochonilhas) que se alimentam da seiva da árvore de bracatinga, uma espécie arbórea nativa da Região Sul do Brasil. Apresenta coloração escura, menor índice de glicose e é enriquecido com minerais, de acordo com a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.).
  • Silvestre: A denominação “silvestre” indica que este mel é resultante da polinização de múltiplas flores distintas. É amplamente distribuído em todo o país, sendo encontrado com mais frequência em apiários situados próximos a ecossistemas de vegetação nativa.
  • Cipó-uva: Com uma tonalidade quase transparente, este mel é característico de regiões de Cerrado, sendo Minas Gerais um de seus principais polos produtores.

Méis de Abelhas sem Ferrão

Os méis produzidos pelas abelhas nativas sem ferrão são valorizados por seus perfis de sabor distintivos, muitas vezes considerados iguarias.

  • Borá: Verdadeira iguaria gastronômica, o mel de borá cativa com seu sabor suave e um toque salgado inusitado, reminiscente de queijo. Conforme a bióloga Kátia Aleixo, ele é um excelente acompanhamento para saladas, pratos salgados e carnes leves, como peixes, elevando o paladar dessas refeições.
  • Jataí: Caracterizado por sua coloração clara, sabor suave e uma leve acidez, este mel também possui um aroma que evoca madeira. É reconhecido por suas supostas propriedades medicinais e pode ser encontrado em diversas localidades do Brasil.
  • Mandaçaia: Um mel de aparência clara, podendo ser quase transparente em certas circunstâncias, com um sabor suave e um sutil toque cítrico. A produção do mel de mandaçaia concentra-se nas regiões Sul e Sudeste do país.
  • Tiúba ou Uruçu-cinzenta: Notabilizado por um sabor intensamente doce e uma aparência translúcida, este mel exibe um aroma floral marcante. É produzido com maior representatividade em estados do Norte, como Maranhão e Pará.

A riqueza apícola do Brasil é um tesouro, com cada tipo de mel contando uma história de seu ambiente de origem. As particularidades de cada variedade não só enriquecem a culinária nacional como também revelam a complexidade das interações entre as abelhas, as plantas e o ecossistema. Para saber mais sobre as inovações e pesquisas no setor, visite o portal da Embrapa.

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Compreender a vastidão e as peculiaridades dos méis brasileiros permite não apenas fazer escolhas mais informadas na hora da compra, mas também apreciar o trabalho minucioso das abelhas e a riqueza da nossa biodiversidade. Continue acompanhando nossa editoria de Economia para mais insights sobre o mercado de alimentos e as produções agropecuárias que movimentam o país.

Crédito da imagem: Pexels/Pixabey

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