O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, amplamente conhecido como TH Joias, foi detido na manhã desta quarta-feira, 3 de setembro, no Rio de Janeiro. As acusações contra o parlamentar, de 36 anos, incluem tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro. Além disso, TH Joias é alvo de investigações que o apontam como suposto negociador de armamentos para o Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do estado.
Sua prisão resulta de uma ação conjunta da Polícia Federal e da Polícia Civil, através de duas operações simultâneas e investigações convergentes, que cumpriram mandados expedidos tanto pela Justiça Federal quanto pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ao menos dezoito pessoas são alvo dessas diligências, e entre elas, dois homens foram detidos até o momento: um assessor de TH Joias e um traficante de drogas. Um dos locais de busca e apreensão incluídos nos mandados foi a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
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Thiego Raimundo dos Santos Silva ganhou notoriedade no cenário de joias, exibindo peças personalizadas e exclusivas para uma clientela composta por nomes famosos do esporte e do entretenimento. Em suas plataformas digitais, onde acumula mais de duzentos mil seguidores, o parlamentar divulgava seu trabalho, compartilhou detalhes de sua rotina e aspectos de sua atuação política. As criações da marca TH Joias frequentemente apresentavam design cravejado e sofisticado, como evidenciado em um par de alianças em ouro 18k, que, conforme descrições, une requinte e estilo em cada pormenor. Entre os famosos clientes da TH Joias, estão astros do futebol como Vini Jr., Neymar e Adriano Imperador, e personalidades da música como Ludmilla, Dennis DJ, MC Poze do Rodo e L7nnon.
A Carreira Controversa de TH Joias e sua Trajetória
A jornada de Thiego Raimundo dos Santos Silva começou no Morro do Fubá, situado na Zona Norte da capital fluminense, seu local de nascimento. Na juventude, TH herdou a profissão de ourives de seu pai, Juberto, acompanhando-o na loja da família em Madureira, onde aprendeu não apenas o ofício artesanal, mas também a administração do negócio. Aos 19 anos, sendo o caçula de cinco irmãos, ele assumiu a frente dos empreendimentos, dando início à sua ascensão no mercado de joias.
Paralelamente ao desenvolvimento de sua carreira empresarial, TH Joias engajava-se em projetos de apoio nas comunidades e favelas, patrocinando eventos sociais, como a Festa do Dia das Crianças em Honório Gurgel. Além disso, utilizava recursos próprios para oferecer suporte financeiro a atletas e músicos emergentes em diversas favelas cariocas, cultivando uma imagem de benfeitor social.
A Ascensão Política e os Primeiros Contratempos Legais
O interesse de Thiego pela política surgiu a partir do convívio com o ex-policial Marcos Falcon, que à época presidia a escola de samba Portela e pleiteava uma cadeira como vereador na Câmara do Rio de Janeiro. Falcon, no entanto, foi brutalmente assassinado poucos dias antes da eleição municipal de 2016, um evento que marcou a trajetória política incipiente de TH.
Entre 2017 e 2018, TH Joias enfrentou sua primeira experiência com a justiça, sendo preso durante uma operação da Polícia Civil do Rio. Na ocasião, ele permaneceu detido por dez meses, sob suspeita, conforme inquérito, de envolvimento no pagamento de propina a policiais, venda de entorpecentes e armamentos. As investigações da época também o acusavam de antecipar informações sobre operações policiais a traficantes que atuavam em comunidades como Muquiço, Vila Aliança, Serrinha e no Complexo da Maré. Além disso, a Polícia Civil apontava TH como peça chave na lavagem de dinheiro para múltiplas facções criminosas, incluindo o Comando Vermelho (CV), o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Amigo dos Amigos (ADA).
Apesar dos revezes legais, sua proximidade com figuras políticas facilitou sua entrada no MDB. Nas eleições de 2022, obteve 15.105 votos, ficando como suplente. Sua posse na Assembleia Legislativa do Rio, contudo, só ocorreu em 2024. Este fato foi possibilitado após o falecimento de Otoni de Paula pai e a decisão de Rafael Picciani de permanecer na Secretaria Estadual de Esporte e Lazer, abrindo a vaga para Thiego Santos. Para tomar posse, o parlamentar obteve um *habeas corpus* que lhe assegurava responder a processo em liberdade. Em declarações à Revista Veja em 2024, TH Joias defendeu-se das acusações, afirmando: “Não tem trânsito em julgado, sou réu primário, ficha limpa.” Atualmente, ele preside a Comissão de Defesa Civil da Alerj, com a responsabilidade de coordenar as medidas de prevenção a desastres em diferentes municípios fluminenses.
As Investigações Atuais e Assegurações da Polícia
As atuais operações contra TH Joias destacam alegações ainda mais graves. Para o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), há fortes indícios de que o deputado teria utilizado seu mandato parlamentar para beneficiar o Comando Vermelho, inclusive designando comparsas para ocuparem cargos estratégicos na Alerj. A amplitude das buscas engloba tanto o gabinete de TH na Alerj quanto outros endereços de envolvidos, reforçando a gravidade das acusações. A força-tarefa está concentrada em desmantelar uma rede criminosa complexa que supostamente utilizava a estrutura política para suas operações ilegais.
A defesa de Thiego Raimundo dos Santos Silva, assim como a Assembleia Legislativa do Rio, ainda não havia se pronunciado oficialmente até a última atualização da reportagem original sobre os acontecimentos.
Resposta Partidária: Expulsão do MDB
Diante do cenário e das notícias que circularam sobre o mandado de prisão e as acusações de tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas para o Comando Vermelho, o MDB agiu rapidamente. A legenda anunciou a decisão de expulsar o deputado suplente de seus quadros. Segundo a nota emitida pelo partido, Thiego já não vinha seguindo a orientação partidária em suas posições e votações no plenário da Assembleia Legislativa do Rio. A decisão reflete a postura do partido diante da gravidade das acusações e da repercussão negativa.
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A prisão de TH Joias, figura conhecida no meio político e entre celebridades, marca um momento crucial nas investigações sobre a penetração do crime organizado nas estruturas de poder do Rio de Janeiro. As autoridades continuam empenhadas na localização de outros envolvidos e no aprofundamento das provas contra o deputado e seus possíveis associados, buscando desarticular completamente a suposta rede de ilícitos que se estendia por diversos níveis.
Com informações de G1
Imagem: tráfico via g1.globo.com
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