Temu Atrai Vendedores Locais e Esquenta Disputa do E-commerce

Economia

A gigante global de comércio eletrônico Temu agora busca atração de vendedores locais brasileiros, marcando a abertura de sua plataforma a todos os comerciantes do país. A medida, anunciada na quinta-feira, 30 de maio, elimina a exigência de convites para participação, prometendo elevar ainda mais a já intensa concorrência no pujante mercado de e-commerce nacional.

A entrada mais agressiva da Temu na arena local coloca a empresa chinesa em um cenário onde concorrentes já estabelecidos possuem vastas bases de vendedores. A Shopee, por exemplo, conta com mais de 3 milhões de lojistas nacionais, responsáveis por impressionantes 90% de suas vendas no Brasil. Já a Shein, por sua vez, registrou mais de 30 mil vendedores focados em vestuário, calçados e itens para casa, com planos ambiciosos de expandir para categorias como livros e alimentos já em 2025.

Temu Atrai Vendedores Locais e Esquenta Disputa do E-commerce

Para solidificar sua presença e infraestrutura local, a Temu traça estratégias focadas em velocidade e atratividade para novos parceiros comerciais. Entre as principais promessas estão a capacidade de realizar entregas em até dois dias úteis para produtos estocados em território brasileiro e a redução de custos iniciais para vendedores que aderirem à plataforma. Adicionalmente, a companhia asiática selou alianças estratégicas com renomadas empresas brasileiras de ERP (Enterprise Resource Planning), como Olist, Base, Bling e Tray. Essa integração visa automatizar processos cruciais, como a gestão de pedidos, emissão de notas fiscais e controle de estoque, facilitando a operação para os comerciantes.

A motivação por trás da busca incessante por vendedores locais, um movimento estratégico da Temu e de outros marketplaces, está intrinsecamente ligada à capacidade de oferecer fretes mais competitivos e prazos de entrega acelerados. Em um mercado que registrou R$ 204,3 bilhões em movimentações em 2024 e com uma projeção de atingir R$ 234 bilhões em 2025, conforme dados da Abiacom (associação que representa o setor), a capilaridade da base de vendedores é um diferencial competitivo essencial. Com mais lojistas espalhados pelo país, as plataformas conseguem alcançar consumidores em diversas regiões em um tempo significativamente menor, um fator decisivo para a satisfação do cliente.

Roberto Wajnsztok, sócio-diretor da Gouvêa Consulting, que integra a Gouvêa Ecosystem, analisa que “as plataformas necessitam de sortimento: ter mais vendedores, mais produtos e preços atrativos. Resolvida essa equação, eles endereçam dois pilares fundamentais: preço e estoque. Para otimizar o prazo de entrega, é crucial uma cobertura hiperlocal. Se há vendedores em todas as partes do Brasil, a entrega pode ser realizada em até 24 horas em muitas localidades”. Wajnsztok também ressalta que o Brasil se firmou como um polo para compras online, impulsionado por uma história de quase três décadas de confiança em transações digitais, sua dimensão continental e a relativa facilidade na movimentação de mercadorias.

Contrariando o cenário de crescimento robusto, Léo Homrich Bicalho, head de Negócios da consultoria Neotrust, lembra que o e-commerce no Brasil ainda representa apenas entre 15% e 20% do faturamento total do varejo nacional. Esse percentual é considerado baixo quando comparado a nações como China, Estados Unidos e países da Europa, onde a penetração pode alcançar 50%. A concentração regional é outro aspecto notável, com cerca de 60% das vendas ainda originárias da região Sudeste. Bicalho também observa uma segmentação de mercado por classes sociais entre as plataformas: enquanto players como Amazon, Mercado Livre e Magalu atendem majoritariamente públicos A-B e parte do C, Shopee e Temu focam em uma parcela C, D e E da população. Essas plataformas iniciaram com tíquetes médios mais baixos, mas já veem grandes indústrias de eletrodomésticos expandindo suas vendas através delas com sucesso.

Do lado do AliExpress, a diretora Briza Bueno destaca um crescimento consistente na base de vendedores nacionais desde 2022. Essa expansão foi impulsionada por melhorias contínuas na logística e pela adesão de grandes marcas ao seu ecossistema. Vendedores brasileiros no AliExpress desfrutam de comissões altamente competitivas, uma logística de entrega própria da plataforma, participação ativa em calendários promocionais e acesso a ferramentas de tráfego, como as populares transmissões ao vivo. Para Bueno, existe uma relação de complementaridade entre os sellers nacionais e internacionais. Ela argumenta que “os vendedores locais possuem a vantagem do prazo de entrega reduzido, além de um sortimento que pode incluir itens de maior volume e peso. Já os vendedores internacionais oferecem uma variedade de produtos muitas vezes indisponíveis no mercado doméstico”.

A Shein, por sua vez, prioriza veementemente a expansão de sua base de vendedores nacionais, que já superou a marca de 30 mil parceiros. Esse foco tem como objetivo ampliar significativamente a diversidade de produtos disponíveis e agilizar ainda mais os processos de entrega para os consumidores brasileiros. A empresa ainda projeta a inclusão de novas categorias, como livros e alimentos, a partir de 2025. A estratégia da Shein utiliza sua impressionante base de mais de 50 milhões de consumidores como um poderoso chamariz para novos vendedores. Adicionalmente, oferece um atrativo pacote de isenção de taxa de comissão durante os primeiros 30 dias de operação, com a comissão sendo posteriormente fixada em 16%. Sua expansão geográfica em 2024 teve como pontos focais iniciais o Rio de Janeiro e Minas Gerais, avançando em seguida para o Paraná. Para 2025, o planejamento inicial mirou Santa Catarina, reconhecido como o maior polo de confecção do Brasil, buscando uma inserção ainda mais profunda no varejo local.

A Shopee demonstra forte fidelidade por parte de seus vendedores locais, conforme revelou uma pesquisa realizada em 2025. O estudo indicou que a plataforma foi a primeira experiência de venda online para 30% dos entrevistados, e mais de 50% a consideram sua principal fonte de renda. Além disso, a pesquisa destacou que 30% dos empreendedores expandiram suas operações físicas após começarem a vender pela Shopee. Vale ressaltar que, apesar da busca por informações, o Mercado Livre não se pronunciou e a Amazon não retornou aos contatos até o momento da publicação desta reportagem.

A intensificação da presença de plataformas como a Temu no Brasil reafirma o dinamismo do e-commerce nacional. Compreender o cenário competitivo e as estratégias adotadas pelos marketplaces é fundamental para lojistas e consumidores. Para informações adicionais sobre a Abiacom e os dados do mercado brasileiro de e-commerce, você pode consultar o site oficial da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, que oferece insights valiosos sobre o setor.

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Em resumo, a entrada agressiva da Temu, visando **atração de vendedores locais**, intensifica a concorrência no comércio eletrônico brasileiro. Este movimento impulsiona a melhoria de serviços, entrega e preços para os consumidores. Fique atento às futuras notícias do setor e continue explorando a fundo as análises do mercado para entender os desdobramentos desta disputa acirrada. Para aprofundar seu conhecimento sobre o mercado econômico e as dinâmicas de negócio, convidamos você a explorar outras matérias em nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Divulgação

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