A complexa diplomacia entre Brasil e Estados Unidos ganhou novos contornos na última semana. Uma série de eventos discretos, iniciada por um chamado telefônico da Embaixada americana na sexta-feira (3), pavimentou o caminho para uma crucial conversa entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Este contato marcou um passo significativo, estabelecendo as bases para futuros debates sobre pautas econômicas e políticas sensíveis entre as nações, ressaltando a relevância das conversas Lula Trump no cenário internacional.
A iniciativa partiu de Washington, na noite daquela sexta-feira, quando um assessor presidencial de Lula foi contatado pela Embaixada dos Estados Unidos. A principal consulta era sobre a possibilidade de agendar um encontro entre o líder brasileiro e o ex-mandatário norte-americano para a semana seguinte. A resposta do auxiliar foi positiva, assegurando que o pedido seria encaminhado e organizado, dando o pontapé inicial para o arranjo da pauta bilateral.
Telefonema Lula Trump: Diplomacia Aquece Novo Diálogo
No sábado, enquanto estava em São Paulo, o presidente Lula foi prontamente informado pelo seu aliado sobre o contato. Demonstrando interesse na oportunidade diplomática, o presidente acionou imediatamente o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, para dar continuidade às negociações. Foram apresentadas três opções de data e horário para a equipe americana: a manhã de segunda-feira (visto que a tarde já estava reservada para uma viagem ao Maranhão), o dia inteiro de terça-feira ou a quarta-feira. Os Estados Unidos aceitaram o cronograma e confirmaram o diálogo para as 10h da manhã de segunda-feira. Dada a relevância do diálogo para a agenda internacional, o presidente Lula, empenhado em apresentar os pleitos brasileiros de forma robusta, deu instruções para que sua equipe levantasse dados técnicos e materiais estratégicos para a conversa.
Os tópicos centrais a serem abordados já eram amplamente conhecidos e incluíam as significativas tarifas impostas pelos Estados Unidos, vulgarmente referidas como “tarifaço”, e a aplicação de sanções unilaterais contra autoridades brasileiras. Para assegurar a preparação adequada, Lula orientou que seu vice-presidente, Geraldo Alckmin – que também acumula a função de Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – fosse informado das tratativas e contribuísse ativamente na compilação dos argumentos essenciais. Essa articulação visava garantir uma representação completa e embasada dos interesses brasileiros na interlocução. O movimento indica um esforço renovado nas relações bilaterais, cujas dinâmicas podem ser acompanhadas nas informações divulgadas pelo governo dos EUA, como o U.S. Department of State sobre as relações com o Brasil, para aprofundar o entendimento sobre os laços entre as duas nações.
A rotina do presidente nos dias que antecederam o telefonema refletiu a preparação para o importante momento. No sábado à noite, após as confirmações e direcionamentos iniciais, Lula compareceu a um show da renomada cantora Maria Bethânia, também em São Paulo. No domingo, em um voo tardio, ele desembarcou em Brasília e dirigiu-se do aeroporto para o Palácio da Alvorada, sua residência oficial. Ali, encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para uma última reunião de alinhamento estratégico, garantindo que todos os pontos estivessem claros antes da ligação oficial.
Pontualmente às 10h da segunda-feira, a ligação de Donald Trump para Lula foi realizada. Coube ao ex-presidente americano iniciar a conversação, fazendo questão de recordar a “boa química” observada entre ambos em um cumprimento prévio na Organização das Nações Unidas (ONU). Trump descreveu a breve interação com Lula na Assembleia Geral como um dos “poucas coisas boas” ocorridas durante o evento. Além disso, expressou elogios ao discurso de Lula na ONU, um ponto notável considerando que o conteúdo do pronunciamento brasileiro apresentava plataformas e abordagens diametralmente opostas às políticas normalmente defendidas pelo então presidente dos Estados Unidos.
A conversa, que transcorreu com gracejos e momentos de distensão, permitiu que Lula abordasse temas delicados com diplomacia. O presidente brasileiro relembrou sua profícua relação com George W. Bush, outro presidente americano do Partido Republicano, destacando a capacidade de construir laços independentemente de filiações políticas. Ao tratar do “tarifaço”, Lula explicou que, embora reconhecesse o direito dos Estados Unidos de definir sua própria política de comércio internacional, seria produtivo repassar a Trump dados específicos, salientando que, dentre os países do G20, o Brasil figurava entre os três com os quais os EUA mantinham uma relação comercial superavitária. Esta informação destacava um ponto estratégico na argumentação brasileira.

Imagem: noticias.uol.com.br
Conforme antecipado, um dos principais pleitos de Lula foi o fim das sanções impostas unilateralmente a autoridades brasileiras. O presidente brasileiro também expressou o desejo por um encontro presencial. Chegou a sugerir a Malásia como um local possível, mas demonstrou abertura para viajar a Washington, se necessário. Trump demonstrou aquiescência e sugeriu a troca de números de telefone para que pudessem se comunicar diretamente, sem a necessidade de intermediários, o que foi prontamente feito, facilitando futuros contatos. Estas discussões consolidaram as primeiras conversas Lula Trump, inaugurando uma nova dinâmica de negociação.
Ao término dos 30 minutos de conversa, facilitada por tradução simultânea, houve uma sensação de alívio e comemoração na equipe de Lula. Apesar de Trump não ter entregue de imediato as concessões que os Estados Unidos consideram prioritárias para suas negociações com o Brasil, a avaliação dos principais assessores do petista é que novas bases de diálogo foram firmemente estabelecidas. Um integrante do Itamaraty resumiu o cenário com uma metáfora: “Esse é um campeonato com dois turnos e playoffs depois. Mas agora temos um negociador escalado do lado de lá. É como se as páginas mais complicadas tivessem ficado para trás.”
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O telefonema entre Lula e Trump, portanto, transcendeu uma mera formalidade, estabelecendo um canal direto e promissor para o enfrentamento de questões bilaterais complexas. Esse diálogo inicial sugere uma fase de reconfiguração das relações entre Brasil e EUA, com potenciais desdobramentos diplomáticos e econômicos que merecem atenção contínua. Continue acompanhando a editoria de Política para se manter informado sobre o desenrolar das relações internacionais do Brasil.
Crédito da imagem: Mark Garten/ONU
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