Telecirurgia Robótica Inédita Une SP e RS no Brasil

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Um marco na medicina nacional: a primeira telecirurgia robótica no Brasil não experimental foi concretizada, unindo um cirurgião em São Paulo a um paciente em Porto Alegre por mais de mil quilômetros. O procedimento inovador beneficiou Paulo Feijó de Almeida, um gaúcho de 73 anos, diagnosticado com câncer de próstata. A operação à distância, utilizando tecnologia de ponta, demonstrou o potencial da cirurgia remota em território brasileiro, encurtando distâncias e ampliando o acesso a especialistas.

A jornada do paciente começou em agosto, após um exame de rotina revelar alterações que exigiram uma biópsia. Com uma história familiar de câncer de próstata – Paulo perdeu um irmão pela doença – a notícia gerou grande apreensão. “Quando eu fui pra sala de cirurgia, eu achei que não voltava mais,” expressou Paulo Feijó, evidenciando o medo e a gravidade da situação. A recomendação da equipe médica, contudo, apontava para uma solução tecnológica que prometia ser menos invasiva e mais precisa.

Telecirurgia Robótica Inédita Une SP e RS no Brasil

A telecirurgia histórica foi agendada para o dia 6 de outubro. Em uma sala de cirurgia, o paciente Paulo Feijó estava sob os cuidados da equipe do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre (RS). O responsável pelo procedimento, Dr. Rafael Ferreira Coelho, urologista e renomado especialista em cirurgia robótica, estava operando remotamente do Hospital Nove de Julho, em São Paulo (SP). Esta configuração exigiu uma sincronia perfeita e o uso de equipamentos de última geração.

A complexidade da operação reside na estrutura do sistema robótico, dividido em duas unidades principais. Uma delas, composta por braços articulados e pinças cirúrgicas miniaturizadas, permanece junto ao paciente, executando os movimentos na mesa de operação. A outra é um console de controle, manobrado pelo cirurgião, que reproduz com fidelidade cada gesto manual. Dr. Rafael Ferreira Coelho explicou que os braços robóticos “reproduzem exatamente o que eu faço com a minha mão, filtrando o tremor do movimento”, garantindo uma precisão superior à da cirurgia manual tradicional.

O maior desafio técnico de uma telecirurgia robótica a distância é a latência, ou atraso, entre o comando do médico e a resposta da máquina. Neste caso pioneiro, a equipe conseguiu manter o “delay” em menos de 30 milissegundos, um intervalo quase imperceptível para o cirurgião. Antes do início da cirurgia de fato, rigorosos testes foram conduzidos para assegurar a funcionalidade de todos os sistemas, incluindo áudio, vídeo e posicionamento do robô. Em caso de falha na conexão, um cirurgião presencial estava pronto para intervir imediatamente, garantindo a segurança de Paulo Feijó durante todo o procedimento, enquanto seus sinais vitais eram constantemente monitorados na capital gaúcha.

A bem-sucedida conclusão da cirurgia foi celebrada pela equipe, que comemorou sob aplausos. Dr. Rafael Ferreira Coelho descreveu um misto de alívio e satisfação por ter proporcionado o avanço ao paciente. Da perspectiva de Paulo Feijó, a experiência foi surpreendentemente tranquila. “Cirurgia levando uma hora parece uma coisa que eu fui num posto de saúde ali, né, fiz um curativo e vim embora, de tão rápido que foi. Tomei nada de comprimido,” comentou, sublinhando a natureza minimamente invasiva e a rápida recuperação proporcionada pela tecnologia robótica.

Avanços e Benefícios da Cirurgia Robótica

Segundo o Dr. Rafael Ferreira Coelho, a versatilidade da tecnologia robótica transcende a cirurgia de próstata. Atualmente, a técnica minimamente invasiva pode ser aplicada em diversos procedimentos, incluindo cirurgias torácicas, abdominais e até mesmo na região da cabeça e pescoço. Este avanço representa um ganho significativo para o paciente, resultando em menor perda de sangue durante o ato cirúrgico, redução do tempo de internação hospitalar e diminuição da dor no período pós-operatório.

A eficácia da cirurgia assistida por robô é comprovada por estudos. Uma pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da USP, com a participação do Dr. Coelho, demonstrou benefícios concretos para pacientes com câncer de próstata. Os riscos de disfunção erétil caíram em 20%, enquanto os de incontinência urinária diminuíram em 10% quando comparados à cirurgia convencional. O especialista explicou que “Com a tecnologia robótica, eu consigo preservar toda a inervação, as estruturas que têm ao redor da próstata”, otimizando a recuperação funcional e a qualidade de vida pós-operatória.

O futuro da medicina inovadora no Brasil parece promissor com a rápida evolução da internet, transformando procedimentos antes considerados experimentais em práticas cotidianas. Um exemplo disso é a recente aprovação pela CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) para a implementação da cirurgia de próstata robótica no SUS, expandindo o acesso a essa técnica. “A gente está encurtando distância e ampliando o acesso. Eu acho que esse é o grande benefício da telecirurgia”, ressaltou Dr. Coelho, destacando o impacto social e a democratização do atendimento de alta complexidade.

Telecirurgia Robótica Inédita Une SP e RS no Brasil - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Para mais informações sobre as recomendações da CONITEC, você pode consultar as publicações oficiais do Ministério da Saúde. Acesse aqui um artigo da Agência Brasil sobre o assunto.

O Recorde Mundial de Telecirurgia

Antes mesmo do sucesso entre São Paulo e Porto Alegre, a telecirurgia alcançou um recorde mundial em setembro do mesmo ano, estabelecendo um novo paradigma global. O médico brasileiro Leandro Totti realizou um procedimento a uma distância impressionante de 12 mil quilômetros, operando um paciente com hérnia inguinal no Hospital da Cruz Vermelha, no Paraná, enquanto estava no Hospital Aldiaber, no Kuwait. O objetivo inicial era validar a segurança e a viabilidade da cirurgia em um contexto de pesquisa e ensino.

Foi durante o planejamento que a equipe de telecomunicação percebeu a magnitude da distância, que poderia resultar em um feito inédito. “Olha, pessoal, eu acho que essa telecirurgia que vocês vão fazer é a mais longa do planeta,” afirmou um dos técnicos, e de fato foi. O recorde foi devidamente registrado no Guinness World Records, o livro dos recordes. Durante a operação, o “delay” foi mantido abaixo de 0,194 milissegundos, garantindo um ambiente extremamente seguro para o paciente.

Paulo Feijó de Almeida, aliviado e satisfeito com o resultado da sua cirurgia, demonstra otimismo pelo futuro da tecnologia na medicina. “Tomara que cada vez evolua mais, para outras pessoas fazerem a cirurgia e ficarem tranquilas, que não tem problema nenhum”, expressou o paciente, que inclusive criou um vínculo com o robô. “Eu até tenho foto do robô aqui. O robô agora ficou meu amigo,” brincou Paulo, simbolizando a crescente confiança na simbiose entre o homem e a máquina para salvar vidas e melhorar a saúde.

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A telecirurgia robótica representa uma verdadeira revolução na saúde, com potencial para impactar milhões de vidas, como a de Paulo Feijó. À medida que a tecnologia avança, espera-se que inovações como esta se tornem cada vez mais acessíveis e aprimorem continuamente os cuidados médicos em todo o mundo. Para ficar por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, saúde e outras editorias importantes, continue navegando em nosso site HoradeComecar.com.br.

Crédito da imagem: Reprodução/Fantástico

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