Em meio a um cenário de baixa atividade econômica e com o noticiário financeiro esvaziado, o mercado brasileiro registrou uma movimentação contida na última segunda-feira. As taxas DI (Depósito Interfinanceiro) encerraram o pregão com leves aumentos, um movimento que reflete diretamente a expectativa dos investidores. O grande foco se volta para a próxima quarta-feira, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) anunciará sua deliberação sobre a taxa básica de juros, a Taxa Selic. Esta decisão é crucial e amplamente aguardada por agentes econômicos em todo o país, influenciando diversas vertentes da economia nacional.
Ajustes modestos também foram observados nos rendimentos dos Treasuries de longo prazo no exterior, com o mercado internacional igualmente lidando com incertezas sobre o futuro das taxas de juros, notadamente nos Estados Unidos. Ao fim do dia de negociações, a taxa do DI para vencimento em janeiro de 2028 foi cotada a 13,16%, marcando uma alta de 2 pontos-base em relação aos 13,139% registrados na sessão anterior. Similarmente, o contrato de DI para janeiro de 2035 apresentou elevação de 4 pontos-base, atingindo 13,58%, ante o patamar de 13,543% do dia prévio. Estes movimentos, embora leves, indicam uma precificação de risco e expectativas em um momento-chave para a política monetária.
Taxas DI sobem em expectativa por decisão do Copom sobre Selic
A atenção do mercado doméstico foi brevemente dividida pela divulgação do Boletim Focus do Banco Central pela manhã, uma pesquisa semanal que coleta as projeções de cerca de uma centena de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos. Segundo o relatório mais recente, a mediana das projeções dos economistas para a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano registrou uma ligeira revisão, passando de 4,56% para 4,55%. Para o próximo ano, a expectativa de inflação permaneceu estável em 4,20%. No que tange à Selic, as projeções para o fim de 2025 foram mantidas em 15%, e para o encerramento de 2026, seguiram em 12,25%. Embora essas projeções ofereçam um panorama de médio e longo prazo, a pauta imediata permaneceu na deliberação iminente do Copom.
No front da atividade industrial, dados da S&P Global indicaram que o Índice de Gerentes de Compras (PMI) para a indústria brasileira teve uma modesta recuperação em outubro, subindo para 48,2 pontos em comparação aos 46,5 de setembro. Apesar da melhora, o indicador permaneceu pelo sexto mês consecutivo abaixo da marca de 50 pontos, um nível que convencionalmente separa a expansão da contração do setor industrial. Concomitantemente, nos Estados Unidos, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) reportou que o PMI industrial norte-americano registrou uma queda, de 49,1 em setembro para 48,7 em outubro. Uma leitura abaixo de 50 pontos para o setor industrial dos EUA, responsável por cerca de 10,1% da economia do país, aponta para uma retração, embora o indicador tenha se mantido acima de 42,3, patamar que o próprio ISM considera historicamente consistente com uma expansão econômica geral. Apesar dessas flutuações, as projeções dos economistas consultados pela Reuters indicavam uma subida para 49,5.
No entanto, a divulgação tanto dos números do PMI do Brasil quanto dos EUA teve influência limitada na curva de juros dos DIs. O mercado financeiro continuou majoritariamente focado na decisão do Copom. Perto do fechamento do mercado, a curva de juros precificava uma alta probabilidade, de cerca de 98%, de que a taxa Selic fosse mantida em 15% ao ano na próxima reunião. Esse patamar é um dos mais altos entre as grandes economias, refletindo os desafios macroeconômicos brasileiros e a cautela do Banco Central no combate à inflação.
Mais relevante do que a confirmação da Selic em seu nível atual será a comunicação do Banco Central para as reuniões futuras, em particular as de dezembro e janeiro. Investidores e analistas buscarão sinais claros e pistas sobre o momento em que o colegiado poderia iniciar um ciclo de corte da taxa básica de juros. A grande interrogação paira sobre quando o alívio virá: no começo do primeiro trimestre de 2026 ou em um período mais adiante no ano. Tal cenário reflete a complexidade da política monetária, que equilibra a necessidade de controlar a inflação com o estímulo ao crescimento econômico.

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Análises Macroeconômicas e Cenário Global
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, expressou sua visão pela manhã, afirmando que a maioria dos especialistas antecipa o início do ciclo de corte de juros apenas no próximo ano, possivelmente entre março e abril. “O fato é que os últimos dados de atividade mostraram uma economia bastante robusta ainda”, declarou Gala, ressaltando a resistência da atividade econômica como um fator que pode postergar a flexibilização monetária. Ele concluiu enfatizando que “o grande destaque desta semana é o que o BC vai falar na quarta-feira”, reiterando a importância da comunicação do Copom.
No cenário internacional, as incertezas também marcaram o compasso dos mercados. A continuidade da paralisação do governo dos Estados Unidos, mesmo que parcial, significou que apenas dados econômicos da iniciativa privada norte-americana foram disponibilizados, como o indicador de emprego privado ADP, aguardado para quarta-feira. As dúvidas sobre se o Federal Reserve (Banco Central americano) promoverá novos cortes de juros em dezembro mantiveram os investidores em alerta. Por volta das 16h33 (horário de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos, que funciona como uma referência global para decisões de investimento, apresentava alta de 1 ponto-base, chegando a 4,112%. O retorno do papel de 30 anos avançou 3 pontos-base, fixando-se em 4,695%, demonstrando a cautela e a apreensão global.
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Em suma, o mercado financeiro brasileiro e global atravessa um período de espera e análise cautelosa. As leves altas nas taxas de DI refletem a antecipação pela decisão da taxa Selic pelo Copom, que, mais do que a deliberação imediata, sinalizará os próximos passos da política monetária no Brasil. Acompanhe a nossa editoria de Economia para se manter atualizado sobre as análises e desdobramentos dessas importantes decisões que moldam o panorama econômico do país.