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Tatu-Canastra: Recorde de 12 Dias de Inatividade em Toca

Uma descoberta no Pantanal está remodelando o entendimento sobre o comportamento do tatu-canastra (Priodontes maximus). Pela primeira vez, pesquisadores observaram um indivíduo da espécie, conhecida como “engenheira da floresta”, passar 12 dias consecutivos inativo dentro de sua toca, sem qualquer movimentação registrada. O relato, que desafia o conhecimento prévio sobre o animal, foi documentado em […]

Uma descoberta no Pantanal está remodelando o entendimento sobre o comportamento do tatu-canastra (Priodontes maximus). Pela primeira vez, pesquisadores observaram um indivíduo da espécie, conhecida como “engenheira da floresta”, passar 12 dias consecutivos inativo dentro de sua toca, sem qualquer movimentação registrada.

O relato, que desafia o conhecimento prévio sobre o animal, foi documentado em uma nota científica divulgada nesta terça-feira, 16 de maio, na renomada revista Xenarthra, volume 26 (2025). A observação ocorreu em novembro de 2024, na região da Nhecolândia, localizada em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, dentro da área de pesquisa da Fazenda Baía das Pedras. O monitoramento foi realizado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS).

Tatu-Canastra: Recorde de 12 Dias de Inatividade em Toca

Esta prolongada inatividade do tatu-canastra em sua toca levanta questões cruciais sobre a fisiologia, a ecologia e as estratégias de sobrevivência dessa espécie que se encontra ameaçada de extinção. Até então, nunca havia sido documentado um período tão longo de reclusão sem indícios de qualquer tipo de atividade interna.

Comportamento Inédito no Pantanal

O animal, reconhecido por sua capacidade de escavar extensas galerias subterrâneas que servem de abrigo e passagem para inúmeras outras espécies da fauna local, permaneceu completamente isolado durante o período de observação. As câmeras instaladas pelo ICAS na entrada da toca não registraram qualquer saída ou sinal de movimentação do tatu. Ademais, a ausência de túneis de fuga adiciona à singularidade do caso, indicando que o animal optou por uma reclusão total.

Gabriel Massocato, biólogo e coordenador do Projeto Tatu-canastra no Pantanal, expressou sua surpresa com a descoberta: “Em 15 anos de pesquisa, nunca tínhamos registrado tamanha inatividade”. Massocato ressaltou que, embora casos de longos períodos em tocas já tenham sido descritos na Amazônia, com durações que variavam entre 17 e 30 dias, essas situações sempre apresentavam indícios de alguma atividade interna. No Pantanal, a constatação foi de um indivíduo completamente estático. “O que vimos foi um indivíduo completamente inativo durante todo o período”, reforçou o pesquisador, sublinhando a natureza inédita do achado.

A Estratégia da Inatividade Prolongada

Para a equipe de cientistas do ICAS, a hipótese principal para justificar esse comportamento é a de uma estratégia altamente elaborada de conservação de energia. Segundo Massocato, “Isso mostra o quanto a espécie tem uma estratégia fisiológica, ecológica e comportamental diferente, tudo para conservar energia”. Tal padrão sugere que o tatu-canastra possui mecanismos fisiológicos robustos que lhe permitem otimizar o uso de seus recursos energéticos de maneiras ainda não totalmente compreendidas.

O tatu-canastra possui características metabólicas peculiares que apoiam essa teoria. Com uma temperatura corporal que oscila em torno de 32 °C e uma dieta restrita a formigas e cupins, o animal apresenta um metabolismo naturalmente mais lento. Ao permanecer dentro da toca, que por sua vez mantém uma temperatura interna estável em aproximadamente 24 °C, o tatu-canastra consegue reduzir significativamente a perda de calor corporal e minimizar os riscos de predação, maximizando assim a economia de energia. Essas tocas podem se estender por até quatro metros de comprimento, oferecendo um ambiente protegido e termicamente estável.

Desvendando os Mistérios Fisiológicos

Ainda que a conservação de energia seja a principal teoria, Matheus Sthanley, biólogo e autor principal da nota científica, aponta que diversos fatores permanecem desconhecidos. “Ainda não sabemos o que levou esse animal a permanecer por tanto tempo na toca”, afirmou Sthanley. Ele mencionou que alguns mamíferos podem entrar em torpor ou hibernação para poupar energia durante períodos de frio intenso ou escassez alimentar. No entanto, as temperaturas no Pantanal no período da observação estavam dentro da normalidade para a estação.

Os pesquisadores continuarão a investigar se esse comportamento é uma prática recorrente e quais condições ambientais ou fisiológicas podem desencadeá-lo. “Estamos curiosos para entender: por que ele permanece tantos dias sem sair? O animal não tem necessidade de se alimentar? É tudo para conservar energia? Essas perguntas nos movem a dar um próximo passo e investigar as questões fisiológicas em mais detalhe”, complementou Massocato. Esta linha de questionamento é fundamental para desvendar os mecanismos biológicos que permitem essa capacidade singular.

Essa linha de pesquisa não apenas ampliará o conhecimento sobre a espécie, mas também contribuirá para os esforços de conservação em ambientes tropicais, conforme detalhado por instituições dedicadas ao estudo e preservação da fauna. Mais informações sobre o trabalho realizado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres podem ser encontradas em seu site oficial. Para aprofundar seu conhecimento sobre espécies ameaçadas e a importância de sua preservação, visite o site do ICAS.

Próximos Desafios na Pesquisa

Com o intuito de aprofundar a compreensão desse fenômeno, o ICAS planeja colaborar com outros grupos de pesquisa especializados no estudo do metabolismo de fauna silvestre. O objetivo é adaptar e aplicar novas técnicas de investigação ao tatu-canastra, visando avançar no conhecimento de sua fisiologia e potencial. A expectativa é que a espécie possa servir como um modelo biológico de adaptação climática para a megafauna tropical, fornecendo insights valiosos sobre a resiliência de grandes mamíferos frente às mudanças ambientais.

O caso do “belo adormecido” do Pantanal evidencia o vasto campo de descobertas que ainda existem sobre as espécies sul-americanas. O monitoramento contínuo e de longo prazo de animais como o tatu-canastra é crucial para desvendar os segredos de sua biologia e comportamento, especialmente em um cenário de crescentes pressões ambientais e climáticas. As descobertas futuras serão vitais para a formulação de estratégias eficazes de conservação.

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Este intrigante registro sobre o tatu-canastra reforça a complexidade e a adaptabilidade da vida selvagem do Pantanal, instigando novas pesquisas sobre o metabolismo e o comportamento de animais. Continue explorando as reportagens de nosso portal para se manter informado sobre as últimas descobertas e análises no universo da natureza e da ciência. Para mais artigos sobre conservação ambiental e estudos de fauna, visite nossa página inicial e confira outras matérias.

Crédito da Imagem: Kevin Shafer / ICAS

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