As tarifas Trump sobre madeira e móveis entram em vigor nos Estados Unidos, marcando um novo capítulo nas políticas comerciais protecionistas do país. Nesta segunda-feira, 29 de setembro, o presidente Donald Trump oficializou a aplicação de novas taxas aduaneiras, impactando diversos produtos madeireiros importados. As medidas preveem uma tarifa de 10% para madeira bruta e serrada, e de 25% para artigos como armários de cozinha, gabinetes de banheiro e móveis estofados.
A justificação para a implementação dessas novas barreiras comerciais é fundamentada na premissa de que as importações de madeira e móveis têm comprometido a segurança nacional dos EUA. Para tal, o presidente invocou a Seção 232 da Lei de Comércio de 1974, dispositivo legal que já foi utilizado anteriormente para aplicar tarifas sobre outros produtos estratégicos, como aço e alumínio, sob argumentos de proteção da indústria doméstica.
Trump Anuncia Tarifas sobre Madeira e Móveis nos EUA
O documento presidencial divulgado detalha que as importações desses produtos têm gerado um enfraquecimento significativo na economia norte-americana. Este cenário inclui o fechamento contínuo de serrarias, interrupções frequentes nas cadeias de suprimento e uma acentuada redução na utilização da capacidade produtiva da indústria nacional de madeira. Conforme o texto, essa fragilidade no setor pode, inclusive, comprometer a capacidade dos Estados Unidos de suprir a demanda por produtos de madeira considerados cruciais para a defesa nacional e para infraestruturas críticas.
O Canadá, principal fornecedor de madeira e derivados para o mercado americano, está posicionado para ser o país mais afetado pelas novas regulamentações. No Brasil, o setor madeireiro, que já enfrenta um quadro de demissões, concentra cerca de 90% de sua produção nos estados da região Sul, abrangendo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As tarifas impostas deverão ser aplicadas a partir da 1h01 (horário de Brasília) do dia 14 de outubro. No entanto, o cronograma prevê um agravamento das taxas alfandegárias para países que não alcançarem um acordo comercial com os Estados Unidos. A partir de 1º de janeiro do próximo ano, as alíquotas subirão para 30% em produtos de madeira estofados e para 50% em armários de cozinha e gabinetes de banheiro importados dessas nações. Embora Trump tenha anunciado anteriormente a expectativa de novas tarifas em outras três áreas — incluindo medicamentos patenteados e caminhões pesados — com início previsto para 1º de outubro, o documento mais recente formalizou apenas o início das tarifas sobre madeira e móveis para o dia 14 de outubro.
A Casa Branca ressaltou que os produtos de madeira desempenham um papel vital em diversas áreas estratégicas. Dentre elas, citam-se a construção de infraestrutura para testes operacionais, o fornecimento de habitação e armazenamento para pessoal e material militar, o transporte de munições, a composição de armamentos e a utilização como componente em sistemas de defesa antimísseis e sistemas de proteção térmica para veículos de reentrada nuclear.
O setor de móveis e madeira no Brasil, em particular, já sentia os reflexos da iminente aplicação das tarifas americanas. Empresários e associações do segmento reportam que as exportações para os EUA estavam em declínio desde julho, quando o tarifaço foi inicialmente sinalizado. Esta incerteza comercial prévia já gerava instabilidade no mercado.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
De 9 de julho até 15 de setembro, a indústria brasileira de madeira registrou um número aproximado de 4.000 demissões, de acordo com dados fornecidos pela Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente). Os Estados Unidos representavam uma fatia substancial das exportações do setor no Brasil, absorvendo, em média, 50% da produção. A medida tarifária que entrou em vigor em agosto já provocou uma onda de cancelamento de pedidos de exportação.
A Abimci estima que a indústria madeireira nacional emprega cerca de 180 mil pessoas formalmente. Dessa forma, as aproximadamente 4.000 demissões corresponderiam a uma redução de cerca de 2% do total de vagas. Ainda segundo a associação, o volume embarcado para os Estados Unidos de alguns dos principais produtos de madeira processada sofreu quedas significativas entre 35% e 50% em agosto, comparado com o mês anterior.
As ações comerciais dos Estados Unidos, como a invocação da Seção 232, frequentemente geram debates e análises aprofundadas sobre suas implicações globais no comércio internacional, um tema que pode ser melhor compreendido através das publicações da Organização Mundial do Comércio.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
Este cenário de crescente protecionismo global impacta diretamente setores estratégicos e a força de trabalho. Para entender a complexidade das relações econômicas internacionais e como elas afetam o cotidiano de empresas e cidadãos, continue acompanhando as análises e notícias detalhadas na editoria de Economia do Hora de Começar.
Crédito da imagem: Kevin Lamarque – 29.set.2025/Reuters
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