O assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, ocorrido em Praia Grande, avança nas investigações com o depoimento de Willian Silva Marques. Ele foi ouvido nesta segunda-feira (22) pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), na capital paulista. Preso na madrugada do último domingo (21) após se entregar à polícia em São Paulo, Willian é o quarto detido relacionado ao violento crime que chocou o litoral paulista e repercute em todo o estado.
Aos 36 anos, Willian Silva Marques é apontado como proprietário da residência em Praia Grande de onde um fuzil, potencialmente utilizado na execução, teria saído. Sua prisão temporária foi decretada pela Justiça paulista no sábado (20). Em seu testemunho ao DHPP, ele manteve a versão inicial apresentada por seu advogado: a de que teria alugado o imóvel para uma pessoa identificada apenas como “Luiz”, mas sem apresentar nenhum comprovante, contrato de locação ou mensagens que pudessem corroborar sua alegação. Diante dos fatos, Willian permanecerá sob custódia, com a prisão temporária estendida por um período de 30 dias, podendo ser prorrogada por igual tempo.
Suspeito Depõe Sobre Assassinato de Ex-Delegado Ruy Ferraz
Ruy Ferraz Fontes foi executado na noite de segunda-feira, 15 de janeiro, pouco depois de concluir seu expediente como secretário de Administração na Prefeitura de Praia Grande. O brutal crime teve um desenrolar rápido, conforme imagens capturadas por câmeras de segurança na região, que mostram três indivíduos armados com fuzis saindo de uma caminhonete, logo atrás do veículo do ex-delegado, e atirando contra ele em uma ação que durou menos de 40 segundos.
Avanços nas Investigações e Outros Suspeitos Detidos
Além de Willian Silva Marques, outros três indivíduos já estão detidos por suspeita de envolvimento no caso. São eles: Dahesly Oliveira Pires, Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como “Fofão”, e Rafael Marcell Dias Simões, apelidado de “Jaguar”. As autoridades também identificaram e procuram por mais três investigados que se encontram foragidos: Felipe Avelino da Silva, Flávio Henrique Ferreira de Souza e Luiz Antonio Rodrigues de Miranda.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) confirmou a apresentação de Willian ao DHPP, acompanhado de seu advogado, na madrugada do domingo (21). A nota da pasta reiterou o empenho das forças de segurança para “identificar e prender todos os envolvidos no crime” e assegurou que as diligências prosseguem com o objetivo de esclarecer cada circunstância e imputar a devida responsabilidade aos criminosos.
A Residência Chave: Base da Quadrilha e Coleta de Provas
A casa de Willian Silva Marques foi o primeiro imóvel a ser minuciosamente investigado devido à sua provável ligação com os executores do ex-delegado. A polícia presume que a residência tenha servido como base de operações para a quadrilha. No local, a perícia encontrou um impressionante volume de 41 materiais genéticos diversos, entre eles, vestígios de um policial militar, que é irmão do proprietário do imóvel. Contudo, este agente já prestou depoimento às autoridades e foi liberado, não sendo considerado um suspeito neste momento.
A localização da casa, situada na Rua Campos de Jordão, no bairro Jardim Imperador, foi um desdobramento do depoimento de Dahesly Oliveira Pires. Segundo informações do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Dahesly teria se deslocado de Diadema, na região do ABC Paulista, até a residência em Praia Grande com a finalidade de buscar um dos fuzis utilizados no crime. A ordem para a busca da arma teria partido de Luiz Antonio Rodrigues de Miranda. No entanto, é importante ressaltar que as armas de fogo não foram recuperadas até o momento.
O imóvel, de fachada completamente fechada, dispõe de piscina e churrasqueira, características que indicam seu possível uso como casa de temporada, padrão comum na região. Ela fica localizada em um setor tranquilo da cidade, nos últimos quarteirões antes do limite territorial com Mongaguá. Além da residência de Willian, um segundo imóvel em Mongaguá também foi alvo de investigação e perícia por ter sido supostamente utilizado pelos envolvidos.
Perfil dos Suspeitos: Quem São e Seus Papéis
As investigações detalham os papéis de cada indivíduo associado ao crime, dividindo-os entre presos e foragidos:

Imagem: g1.globo.com
- Felipe Avelino da Silva (Foragido): Conhecido como “Mascherano” no Primeiro Comando da Capital (PCC), 33 anos. Seu DNA foi encontrado em um dos veículos usados no ataque.
- Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (Foragido): De 43 anos, é procurado sob a suspeita de ter instruído uma mulher a buscar um dos fuzis empregados na execução.
- Flávio Henrique Ferreira de Souza (Foragido): De 24 anos, também teve seu DNA detectado em um dos carros utilizados no atentado.
- Willian Silva Marques (Preso): O proprietário da casa em Praia Grande, tida como base logística da quadrilha, tem 36 anos.
- Dahesly Oliveira Pires (Presa): Detida em 18 de janeiro, 25 anos, é suspeita de ser a mulher que pegou o fuzil na Baixada Santista para ser usado no crime.
- Luiz Henrique Santos Batista (Preso): “Fofão”, 38 anos, preso em São Vicente (SP) em 19 de janeiro, é suspeito de participação na logística da execução.
- Rafael Marcell Dias Simões (Preso): “Jaguar”, 42 anos, entregou-se em 20 de janeiro no DP Sede de São Vicente e é suspeito de envolvimento direto no assassinato.
Legado de Ruy Ferraz Fontes: Um Combate Ininterrupto ao Crime Organizado
Ruy Ferraz Fontes, que entre 2019 e 2022 ocupou o cargo de delegado-geral de São Paulo, dedicou mais de 40 anos à Polícia Civil. Sua carreira foi marcada por um engajamento fundamental no enfrentamento ao crime organizado e pela vanguarda nas apurações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC). Com formação em Direito e pós-graduação, Fontes liderou divisões importantes como o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e o Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
Foi no Deic, no início dos anos 2000, à frente da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, que ele deu início às emblemáticas investigações sobre o PCC. Nesse período, foi crucial na prisão de importantes líderes da facção e na estruturação do mapeamento de sua complexa rede criminosa. Sua presença e comando foram decisivos durante a série de ataques orquestrados pelo PCC em maio de 2006, eventos que marcaram violentamente as forças de segurança em São Paulo.
Na sua gestão como Delegado Geral de Polícia do Estado, entre 2019 e 2022, Fontes foi o responsável por liderar a estratégica transferência de chefes do PCC de penitenciárias paulistas para unidades de segurança máxima federais em outros estados, uma medida considerada vital para desestabilizar o poder da organização criminosa dentro dos presídios. Além de sua atuação prática, Ruy Fontes enriquecia seu conhecimento com cursos no Brasil, França e Canadá, e compartilhou sua expertise como professor de Criminologia e Direito Processual Penal. Apesar de já aposentado da Polícia Civil, ele aceitou a função pública de Secretário de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023, cargo que ocupava até a sua trágica morte.
A investigação da morte de Ruy Ferraz Fontes destaca a persistente luta contra o crime organizado e a dedicação dos órgãos de segurança pública. Para mais informações sobre a importância da atuação da polícia judiciária no cenário nacional, visite a página oficial da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
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O depoimento de Willian Silva Marques representa mais um capítulo na complexa investigação do assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes. As autoridades continuam mobilizadas para desvendar todos os detalhes e levar à justiça todos os responsáveis por este crime de grande repercussão. Para se manter atualizado sobre este e outros temas relacionados à segurança e notícias locais, continue acompanhando nossa editoria de Cidades e demais editorias em nosso site.
Crédito da imagem: Reprodução/TV Globo e Marco Antônio/TV Tribuna
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