Uma análise crucial no campo da psiquiatria geriátrica trouxe à tona a relevância dos sintomas neuropsiquiátricos demência como indicadores precoces de quadros de deterioração cognitiva. A psiquiatra Lilian Scheinkman, doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com pós-doutorado em psiquiatria geriátrica pela Universidade de Miami, destacou recentemente que esses sinais comportamentais e emocionais podem sinalizar o início de demências muito antes que os déficits cognitivos tradicionais se manifestem de forma evidente.
A especialista, que também atua como professora adjunta e coordenadora da psiquiatria geriátrica no Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), apresentou suas observações durante um simpósio focado na Doença de Alzheimer, promovido pelo centro de estudos da Rede DOr. Scheinkman enfatizou que, embora o foco predominante na compreensão e no diagnóstico das demências recaia sobre os sintomas cognitivos, os transtornos neuropsiquiátricos já são amplamente reconhecidos na literatura médica como componentes significativos da doença.
Os sintomas tradicionalmente associados à demência, como perda de memória, frequentemente recebem mais atenção do que as manifestações de comportamento e humor. Contudo, é precisamente nessa esfera que um alarme pode ser acionado de forma mais incipiente. A discussão sobre os indicadores comportamentais eleva um novo horizonte para o diagnóstico e tratamento, tornando crucial a observação de quadros como depressão e agitação, que agora ganham um patamar inédito de relevância diagnóstica e prognóstica.
Sintomas Neuropsiquiátricos Alertam Para Demência Precoce
A doutora Scheinkman ressalta que o que muitas vezes passa despercebido é que esses sinais e sintomas podem surgir em indivíduos sem um diagnóstico formal de demência, atuando como um poderoso indicativo. Ela explicita: “Eles podem surgir em casos de comprometimento comportamental leve e se caracterizar como um marcador precoce de demências.” Essa perspectiva ressalta a importância de uma abordagem atenta e holística, indo além da cognição. Frequentemente, manifestações como irritabilidade e tristeza são subestimadas, consideradas apenas como exacerbações de traços de personalidade ou respostas naturais ao processo de envelhecimento, atrasando a busca por intervenções adequadas.
Ampla Gama de Sintomas e Prevalência
A gama de **sintomas neuropsiquiátricos demência** observados em contextos de declínio cognitivo é vasta, abrangendo delírios, alucinações, estados de agitação ou agressão, depressão ou disforia (caracterizada por desconforto intenso e angústia), ansiedade, apatia, desinibição e alterações psicomotoras. Incluem-se também comportamentos noturnos atípicos, como insônia persistente, gritos noturnos ou deambulação. Por vezes, os pacientes podem receber diagnósticos psiquiátricos, como depressão, com a função cognitiva aparentemente intacta ou com déficits considerados secundários à condição psiquiátrica.
No entanto, a professora Lilian Scheinkman enfatiza que uma avaliação psiquiátrica minuciosa, complementada por um acompanhamento regular, é vital para uma abordagem terapêutica adequada e um diagnóstico preciso da condição subjacente. O comprometimento comportamental leve (mild behavioral impairment, em inglês), categoria emergente, possui uma correlação significativa com uma maior taxa de conversão para quadros demenciais completos. A prevalência dos **sintomas neuropsiquiátricos** é notavelmente alta em pacientes com demência estabelecida, afetando até 97% deles. Eles também se manifestam em até 50% dos indivíduos com MBI, além de poderem ser identificados em pacientes que reportam queixas cognitivas subjetivas — percebendo dificuldades em áreas como memória, atenção ou linguagem — mesmo com a cognição objetivamente preservada.

Imagem: g1.globo.com
Impacto e Relevância da Detecção Precoce
A psiquiatra reforça a urgência em considerar esses distúrbios, detalhando as implicações para o bem-estar dos indivíduos e da sociedade. Doenças neurodegenerativas, frequentemente, não ocorrem de forma isolada; é comum a combinação de patologias como a Doença de Alzheimer e a Demência Frontotemporal, compartilhando **sintomas neuropsiquiátricos** em muitos casos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que fornece diretrizes globais sobre saúde mental e doenças neurodegenerativas, a demência representa um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Esta complexidade tem repercussões severas na qualidade de vida dos pacientes, gerando estresse e sobrecarga significativas para os cuidadores, além de elevar os custos para os sistemas de saúde e impulsionar a demanda por instituições de longa permanência e cuidado contínuo.
Sinais de Alerta após os 50 Anos
Em busca de um diagnóstico cada vez mais preciso e proativo, a doutora Scheinkman apresenta uma lista específica de **sintomas neuropsiquiátricos** que, quando manifestados após os 50 anos de idade e persistindo por um período superior a seis meses, demandam atenção especial. Estes indicadores incluem: redução da motivação, manifestada como apatia; desregulação afetiva, com sintomas proeminentes de humor e ansiedade; descontrole de impulsos; comportamento socialmente inadequado; e alterações na sensopercepção ou pensamento, como a ocorrência de delírios e alucinações.
Para a médica, a principal vantagem da detecção precoce dos **sintomas neuropsiquiátricos demência** reside na possibilidade de modificar o curso da doença, potencialmente prevenindo ou adiando o declínio cognitivo. A profissional finaliza sua análise enfatizando um ponto crucial para a saúde pública e a medicina preventiva: “há fatores de risco modificáveis, não podemos nos esquecer disso,” sinalizando caminhos para a prevenção e o manejo que transcendem o mero reconhecimento dos sintomas. A pesquisa contínua e a conscientização sobre esses marcadores são essenciais para transformar a abordagem da demência.
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O reconhecimento e a análise desses marcadores comportamentais e psicológicos são essenciais para uma intervenção mais eficiente e um melhor prognóstico. Ao se manter informado sobre as últimas descobertas e aprofundar seu conhecimento sobre as complexidades das condições neurológicas, você contribui para uma melhor compreensão e tratamento. Para saber mais sobre as inovações e desafios na medicina e saúde, explore nossa editoria de Análises e mantenha-se atualizado com as notícias que impactam sua vida e a de seus entes queridos.
Crédito da imagem: Acervo pessoal.
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