Sífilis Congênita Recua, Mas Cresce em Adultos no Brasil

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A sífilis no Brasil registrou um cenário de contrastes em suas tendências epidemiológicas, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Sífilis 2025, divulgado pelo Ministério da Saúde. Pela primeira vez em três anos, o país observou uma redução significativa nos diagnósticos de sífilis congênita. No entanto, o levantamento aponta para uma expansão preocupante da sífilis adquirida, especialmente entre a população adulta acima de 40 anos, um grupo que historicamente apresentava menor incidência da doença.

Os dados oficiais indicam que, em 2024, foram confirmados 24.443 casos de sífilis congênita, o que representa uma diminuição de 2.677 ocorrências em comparação com o ano de 2022. Esse recuo na transmissão vertical, que ocorre da mãe para o bebê, sinaliza um avanço nas estratégias de controle e prevenção, embora a luta contra a sífilis no Brasil esteja longe de ser vencida, dado o persistente crescimento da forma adquirida em outras faixas etárias. O mês de outubro é nacionalmente dedicado ao combate a essa Infecção Sexualmente Transmissível (IST).

Sífilis Congênita Recua, Mas Cresce em Adultos no Brasil

A análise detalhada do boletim revela que a taxa de sífilis congênita em 2024 atingiu 9,6 casos por mil nascidos vivos. Adicionalmente, foram registrados 183 óbitos de crianças menores de um ano decorrentes da infecção, configurando um coeficiente de mortalidade infantil de 7,2 por 100 mil nascidos vivos. Entre os estados, Tocantins e Espírito Santo apresentaram as maiores taxas, com 17,8 e 12,9 casos por mil nascidos vivos, respectivamente, ambos acima da média nacional. O estado do Rio de Janeiro se destacou com o maior índice de casos entre gestantes, alcançando 68,3 ocorrências por mil nascidos vivos.

O Ministério da Saúde atribui a melhora nos índices de sífilis congênita e no controle da transmissão vertical a uma série de iniciativas focadas na saúde pública. A ampliação da testagem para detecção precoce e o subsequente tratamento foram fundamentais. Em 2024, a pasta distribuiu 4,5 milhões de testes rápidos combinados para detecção de HIV e sífilis. Para 2025, o volume foi expandido para 6,5 milhões de testes, com uma atenção prioritária para gestantes e outras populações consideradas mais vulneráveis à infecção. As Unidades Básicas de Saúde oferecem os testes de forma acessível e gratuita.

Crescimento da Sífilis Adquirida entre Adultos Mais Velhos

Apesar da epidemia de sífilis tradicionalmente ter maior prevalência entre os jovens, o Boletim Epidemiológico salienta um incremento notável e consistente na incidência da doença em adultos de 40 a 49 anos e naqueles com 50 anos ou mais. Este avanço, documentado desde 2021, demonstra uma mudança no perfil epidemiológico da sífilis adquirida.

Entre 2021 e 2022, as taxas de sífilis adquirida subiram de 76,8 para 98,8 casos por 100 mil habitantes na faixa etária de 40 a 49 anos. Para os indivíduos com 50 anos ou mais, o aumento foi de 50,6 para 67,6 casos por 100 mil. Esses resultados sugerem que as estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento necessitam ser revistas e ampliadas para englobar de forma mais eficaz esses grupos etários, que anteriormente não eram foco principal das campanhas. Em 2024, a taxa de sífilis adquirida no Brasil alcançou 120,8 casos por 100 mil habitantes, marcando o índice mais elevado desde o início da série histórica de registros.

No acumulado, o país registrou impressionantes 1,9 milhão de notificações de sífilis adquirida entre 2010 e junho de 2025. O número de casos em gestantes também é elevado, somando 810 mil desde 2005. Estes dados reforçam a urgência de uma abordagem contínua e adaptada às diferentes realidades da doença no território nacional. Mais informações sobre campanhas de saúde e dados epidemiológicos podem ser acessadas no site oficial do Ministério da Saúde, responsável pela divulgação destes relatórios.

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Imagem: g1.globo.com

Compreendendo a Sífilis: O Que É e Por Que Persiste?

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela é amplamente conhecida como a “grande imitadora” devido à sua capacidade de manifestar uma gama variada de sintomas, que por vezes são tão discretos ou mesmo inexistentes que passam despercebidos. A principal via de transmissão é o contato sexual sem proteção, mas a infecção também pode ser transmitida verticalmente, da mãe para o bebê, durante a gestação ou o parto.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo, enfatiza que a sífilis continua sendo um desafio de saúde pública, cercada por desinformação e um estigma social significativo. Ele reitera a importância do diagnóstico rápido e do tratamento precoce, destacando que “o acesso a testes rápidos e o tratamento precoce salvam vidas”. Felizmente, o tratamento da sífilis é relativamente simples, completamente gratuito e altamente eficaz, utilizando penicilina benzatina, disponível em todo o Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.

Mitos e Verdades Sobre a Sífilis

Desmistificar a sífilis é crucial para combatê-la. Muitos conceitos errôneos ainda circulam sobre a infecção, impactando a prevenção e o tratamento:

  • A sífilis é transmitida apenas por meio de múltiplos parceiros ou sexo desprotegido? Mito. Basta uma única relação sexual sem proteção com uma pessoa infectada para que a transmissão ocorra. Além disso, a sífilis pode ser transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez ou no momento do parto.
  • Se o cancro duro (a ferida inicial da sífilis) sumir sozinho, estou curado? Mito. Embora a ferida inicial, chamada cancro duro, possa desaparecer espontaneamente em algumas semanas, isso não indica cura. A bactéria permanece ativa no organismo e a doença continua a progredir para estágios mais avançados, podendo causar sérias complicações a longo prazo.
  • Posso contrair sífilis novamente mesmo após ter sido tratado? Verdade. Ao contrário de outras doenças, a sífilis não confere imunidade permanente. Uma pessoa pode ser reinfectada várias vezes se for exposta novamente à bactéria em futuras relações sexuais sem proteção.
  • A sífilis é difícil de diagnosticar? Mito. Atualmente, o diagnóstico da sífilis é facilitado por testes simples, rápidos e eficazes, amplamente disponíveis na rede pública de saúde. Esses testes permitem a identificação da infecção em tempo hábil para iniciar o tratamento.
  • O tratamento da sífilis é simples e eficaz? Verdade. O tratamento com penicilina benzatina, quando administrado corretamente sob acompanhamento médico, é curativo para a sífilis em todos os seus estágios.
  • Se a gestante estiver com sífilis, o bebê sempre terá sequelas graves? Mito. Embora o risco de complicações e sequelas graves seja muito alto caso a gestante não receba tratamento, a administração adequada de penicilina durante o pré-natal é capaz de prevenir quase todas as complicações da sífilis congênita no bebê, protegendo sua saúde.

O infectologista Alberto Chebabo reforça a mensagem final de que a “informação, aliada à testagem ampla e acessível, é a ferramenta mais poderosa para enfrentar a sífilis e proteger a população”, sublinhando o papel essencial da conscientização pública na estratégia de saúde.

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Este panorama da sífilis no Brasil destaca a complexidade da infecção, com avanços notáveis na redução de casos congênitos, mas um desafio crescente na população adulta. Compreender as formas de transmissão, a importância do diagnóstico e do tratamento precoces, e desmistificar a doença são passos essenciais para controlá-la efetivamente. Continue acompanhando nossas publicações para mais informações e análises sobre temas relevantes de saúde pública. Visite nossa editoria de Análises para aprofundar a discussão sobre temas que impactam a sociedade brasileira.

Crédito da imagem: Gea/Divulgação

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