O cenário musical brasileiro, especialmente o sertanejo, é conhecido por lançar artistas que rapidamente ascendem ao estrelato, cativam o público com seus hits e, por vezes, desaparecem da cena principal. Esse ciclo de ascensão e, em alguns casos, de relativo distanciamento dos holofotes é uma constante na história do gênero. Várias duplas sertanejas que estouraram no passado, após marcar época com canções memoráveis, seguiram caminhos distintos, longe da intensidade da mídia, mas preservando um legado artístico notável. Esta reportagem detalha as jornadas de figuras que, com um ou mais grandes sucessos, gravaram seus nomes no panorama musical antes de empreenderem trajetórias que os afastaram do protagonismo de outrora.
Ao longo das décadas, a música sertaneja evoluiu e abarcou diversas vertentes, desde o sertanejo raiz até o moderno funknejo. Para entender a rica história do gênero que abarca essas trajetórias, pode-se consultar informações adicionais sobre a música sertaneja no Brasil.
Sertanejos Sumidos: O Que Aconteceu com Grandes Nomes?
João Lucas e Marcelo: Do Sucesso Vertiginoso às Novas Formações
A dupla João Lucas e Marcelo protagonizou um dos maiores fenômenos musicais de 2012 com o hit “Eu quero tchu, eu quero tcha”. A canção se tornou onipresente, servindo como trilha para a novela “Avenida Brasil” e embalando o carnaval daquele ano. Poucos meses após esse impacto inicial, emplacaram outro êxito, “Louca, Louquinha”, seguido pela parceria “Vamos Beber”, que contou com Dennis DJ e o ídolo do futebol Ronaldinho Gaúcho. No auge do “funknejo”, esses artistas agitavam as festas e baladas pelo país. No entanto, após esse período de intenso sucesso, a popularidade de novas músicas diminuiu.
A formação original de João Lucas e Marcelo se desfez em 2018. Marcelo, conhecido também por seu talento como compositor de músicas românticas para grandes nomes, como “Na linha do tempo” de Victor e Leo e “Incondicional” de Luan Santana, expressou o desejo de explorar trabalhos que refletissem sua essência musical. Adotando o nome Marcelo Martins, iniciou uma carreira solo, mas sem o mesmo impacto de hits. João Lucas, por sua vez, encontrou um novo Marcelo e manteve o nome da dupla, mas essa nova formação também não conseguiu repetir o sucesso de lançamentos anteriores. Atualmente, intitulando-se “os reis do funknejo”, a dupla prossegue em apresentações que revisitam os antigos êxitos de sua parceria original.
Chrystian & Ralf: Uma História de Quatro Décadas e Legado Musical
Muito antes do sucesso instantâneo de João Lucas e Marcelo, a dupla Chrystian & Ralf já consolidava uma trajetória icônica na música sertaneja, brindando o público com sucessos atemporais como “Cheiro de shampoo”, “Nova York”, “Sensível demais”, “Prazer por prazer” e “Ausência”, entre muitos outros. Após uma carreira que se estendeu por impressionantes 40 anos, Chrystian e Ralf anunciaram o “término definitivo” de sua parceria musical em 2021, uma decisão que ecoou movimentos semelhantes de outros irmãos no universo sertanejo que dissolveram suas duplas para seguir projetos individuais.
Após a separação, ambos os cantores investiram em suas respectivas carreiras solo. Ralf chegou a unir-se a Eduardo Costa no projeto denominado “Mitos” e, em 2023, lançou seu álbum solo “A Diferença”, apresentando composições inéditas ao seu repertório. Chrystian, por sua vez, retornou aos palcos com a turnê “Romance” e divulgou a música “Não Dá Pra Ficar Assim”. Tragicamente, o artista veio a falecer em junho de 2024, aos 67 anos de idade, deixando um vasto e valioso legado para a cultura musical brasileira.
Marlon e Maicon: Romantismo, Reuniões e Vidas Pessoais sob os Holofotes
No limiar dos anos 2000, Marlon e Maicon conquistaram corações com o hit “Por te amar assim”, uma versão em português da balada romântica originalmente interpretada pelo cantor mexicano Cristian Castro. Em 2001, a canção alcançou a notável façanha de posicionar a dupla como os únicos artistas sertanejos no TOP 10 das músicas mais executadas do ano no Brasil, superando astros do pop nacional e internacionais. No ano subsequente, emplacaram mais três composições entre as cem mais tocadas: “Te peço, fica comigo”, “Tá na cara” e “Rezo”. No entanto, a regularidade de novos lançamentos e o estrondo dos hits tornaram-se mais esporádicos com o tempo. O último disco da dupla, lançado em 2011, foi um compilado que celebrava seus dez anos de sucesso, com poucas faixas inéditas.
Em 2018, após anos sem grandes lançamentos, os irmãos anunciaram o fim da dupla. Dois anos depois, protagonizaram um reencontro virtual para uma live durante a pandemia, mas a parceria em tempo integral não foi retomada. Desde então, Marlon participou de alguns programas de variedades, e sua vida pessoal, marcada por uma separação, um novo relacionamento com a então melhor amiga da ex-esposa, e o nascimento de mais dois filhos, frequentemente gerou comentários na mídia. Maicon, ao contrário do irmão, escolheu um estilo de vida mais reservado, mantendo-se distante dos holofotes. Sua paixão pela música passou a ser mais evidente em momentos familiares, ocasionalmente compartilhados nas redes sociais, enquanto também atua como empresário artístico. Uma dica de possível retorno foi dada em agosto de 2025, quando se reuniram no programa “Acerte Ou Caia” da Record, deixando no ar a possibilidade de “um remember ou o começo de algo novo”.

Imagem: g1.globo.com
Cleiton & Camargo: Hits Consagrados e Retomadas de Parceria
Cleiton & Camargo é outra dupla que marcou profundamente os anos 90 com uma sequência de sucessos, muitos deles versões de canções internacionais, como “Na hora de amar” e “Quando um grande amor se faz”. A força dessas composições é tamanha que foram regravadas pelo aclamado Gusttavo Lima em 2023. Além das versões, a dupla também emplacou hits nacionais originais, a exemplo de “Agenda rabiscada”, consolidando sua presença nas paradas musicais da época. Em 1998, diversas de suas músicas figuravam nas listas das mais tocadas do ano. Contudo, em 2005, a dupla decidiu seguir caminhos distintos. Cleiton aventurou-se na carreira política, e Camargo formou uma nova parceria musical, mas nenhum dos projetos alcançou o mesmo reconhecimento da dupla original.
Oito anos depois, em 2013, os irmãos Cleiton e Camargo decidiram reatar a parceria, embora com um ritmo de atividade e visibilidade diferente daquele dos anos áureos. A dupla permanece na ativa, e para o ano de 2025, está previsto o lançamento de um novo EP, contendo músicas inéditas, indicando um esforço contínuo para renovar seu repertório.
Hugo Pena e Gabriel: Trajetórias Individuais e o Retorno Triunfante
Hugo Pena e Gabriel brilharam no início dos anos 2000, destacando-se com hits como “Mala pronta”, “Robin Hood da Paixão” e “Vou Te Amar”, popularmente conhecida como “Cigana”. A dupla, que por uma década desfrutou de grande sucesso, anunciou sua separação. Hugo Pena iniciou sua jornada em carreira solo, explorando um caminho musical individual. Gabriel, por sua vez, formou uma nova dupla, a qual recebeu o nome de Hugo e Gabriel, aproveitando parte do reconhecimento de seu antigo parceiro. Contudo, pouco tempo depois, Gabriel também optou por uma carreira solo.
Após mais de dez anos com as carreiras desvinculadas, em junho de 2023, os cantores decidiram reativar a formação original, retomando a parceria que os projetou. Esse retorno foi recebido com entusiasmo pelos fãs que acompanharam a trajetória da dupla, sinalizando um novo capítulo na história de Hugo Pena e Gabriel.
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Em suma, as trajetórias desses sertanejos sumidos ou menos visíveis revelam a dinâmica mutável e imprevisível do universo artístico. Enquanto alguns se reinventam e seguem em novas roupagens, outros buscam novos horizontes pessoais e profissionais, mas o legado de suas músicas, que tanto marcaram gerações, continua ecoando e sendo parte fundamental da cultura brasileira. Continue acompanhando nossas notícias para mais análises e atualizações sobre o mundo da música e suas estrelas em nossa editoria de Celebridade.
Foto: Adriano Zago/G1
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