Serial Killer: Polícia de SP quer exumar corpo na Tunísia

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A Polícia Civil de São Paulo intensifica as ações em um caso de repercussão internacional, com foco na apuração da responsabilidade da suposta serial killer Ana Paula Veloso Fernandes. As autoridades paulistas estão empenhadas em obter a exumação do corpo de Hayder Mhazres, um jovem tunisiano de 21 anos que era seu então namorado e, conforme investigações, teria sido vítima de envenenamento. A medida se torna crucial para a coleta de evidências definitivas em uma série de mortes atribuídas à suspeita.

A iniciativa da exumação visa suprir a ausência de exames periciais no momento do falecimento e do sepultamento de Hayder, que ocorreu na Tunísia. Sem a comprovação do suposto envenenamento e a identificação de substâncias letais na ocasião, a Polícia busca, por meio do procedimento póstumo, consolidar provas que liguem Ana Paula diretamente ao óbito do jovem. Esta etapa é vista como fundamental para o avanço da investigação, que já resultou na prisão da acusada.

Serial Killer: Polícia de SP quer exumar corpo na Tunísia

O delegado Halisson Ideiao Leite, responsável pelo 1º Distrito Policial de Guarulhos, explicou ao UOL as complexidades envolvidas na obtenção da exumação. Um dos maiores desafios é a necessidade de autorização da família de Hayder, que se encontra na Tunísia. A religião e os rituais funerários praticados por eles tornam a ideia de mexer no corpo do ente querido um ponto delicado e que exige uma abordagem cuidadosa por parte da polícia.

Inicialmente, os familiares de Hayder mostraram-se bastante hesitantes com a proposta. No entanto, após a grande repercussão do caso na mídia, aceitaram conversar com as autoridades brasileiras. “Nosso objetivo é tentar ser o mais respeitoso possível, a gente tenta informar a necessidade e por que seria bom para fazer Justiça ao Hayder”, reiterou o delegado Leite, enfatizando o empenho da equipe em explicar a relevância jurídica do procedimento para a busca da verdade e da justiça para a vítima e seus entes.

Além da aprovação familiar, o processo exige uma complexa cooperação internacional e autorizações judiciais. Com o consentimento dos parentes do falecido, a Polícia Civil formalizará um pedido ao Ministério Público e, em seguida, ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Após a aprovação dessas instâncias, será emitida uma carta rogatória, um instrumento jurídico internacional pelo qual as autoridades judiciais brasileiras solicitam às autoridades da Tunísia a realização da exumação e demais procedimentos cabíveis em território estrangeiro.

O delegado Halisson Ideiao Leite ponderou sobre a incerteza do resultado da empreitada, afirmando que a prioridade é sempre o respeito à vítima. “A gente primeiro respeita a vítima, depois partimos para o que é importante para nós enquanto polícia. São várias etapas e ainda não sabemos se ele será exumado ou não”, observou, sublinhando que a exumação na Tunísia é apenas uma de diversas ações na complexa apuração.

Enquanto aguardam o desenrolar das tratativas internacionais para o caso de Hayder, as autoridades brasileiras já realizaram a exumação dos corpos de outras três vítimas que supostamente teriam sido mortas por Ana Paula. Os cadáveres de Neil Corrêa da Silva, Marcelo Hari Fonseca e Maria Aparecida Rodrigues já passaram por exames periciais no Brasil. Os resultados dessas análises ainda são aguardados, mas a expectativa é que indiquem se houve envenenamento e qual substância letal foi empregada nos supostos crimes.

No caso de Hayder Mhazres, as investigações apontam que Ana Paula teria introduzido veneno em um milk-shake oferecido ao ex-namorado. O jovem estava em São Paulo desde março de 2023 e faleceu em 23 de maio do mesmo ano no Brás, na região central da capital. Ele passou mal no edifício onde residia, e a suspeita recaiu sobre a então companheira.

Dias antes da morte trágica de Hayder, ele havia se recusado a casar-se com Ana Paula. Os dois haviam se conhecido através de um aplicativo de relacionamento e, após o início do vínculo, ela passou a alegar que estava grávida de um filho dele, insistindo em firmar um matrimônio. Após o falecimento de Hayder, a mulher chegou a exigir dos familiares da vítima o seu reconhecimento como herdeira. Conforme explicado pela advogada especialista em direito de família e sucessões, Vanessa Paiva, ao UOL, se Ana Paula estivesse de fato grávida e sua união estável fosse comprovada, ela teria direito a administrar a herança do filho, caso a gravidez fosse bem-sucedida, o que evidenciava a motivação financeira e sucessória da suspeita.

A descoberta das mortes em série ocorreu em um período de apenas cinco meses no ano corrente, chocando a opinião pública e revelando um padrão de atuação macabro. A primeira vítima atribuída a Ana Paula foi Marcelo Hari Fonseca, o proprietário do imóvel onde a suspeita residia. A motivação para este crime teria sido a apropriação do bem. Em seguida, a segunda vítima foi Maria Aparecida Rodrigues, cuja morte, segundo as autoridades, Ana Paula teria usado como um meio para incriminar uma pessoa de quem desejava vingar-se. As mortes de Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres vieram na sequência, completando o cenário dos homicídios investigados.

Em julho, Ana Paula Veloso Fernandes foi detida, e a Justiça Paulista aceitou a denúncia contra ela pelas quatro mortes. Uma decisão proferida em setembro pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, da Vara do Júri de Guarulhos, manteve a prisão cautelar da acusada, considerando a necessidade de “resguardar a ordem pública” e evitar a reincidência. Além de Ana Paula, sua irmã gêmea, Roberta Veloso Fernandes, também está presa sob suspeita de cumplicidade e auxílio nas ações criminosas. Roberta foi detida em agosto, interrogada novamente e indiciada pela Polícia Civil de São Paulo, evidenciando um envolvimento familiar nos casos.

A defesa de Ana Paula e Roberta Veloso Fernandes, representada pelo advogado Almir Sobral, sustenta a inexistência de provas conclusivas que incriminem suas clientes. Segundo Sobral, “não existem elementos robustos e definitivos que autorizem conclusão sobre sua participação” nas quatro mortes sob investigação. Ele argumenta que o fato de Ana Paula ter confessado ao menos um dos crimes é ignorado pela defesa, que alega o direito à presunção de inocência para suas representadas.

“Qualquer afirmação prematura sobre sua participação, autoria ou responsabilidade é uma violação direta deste princípio fundamental. Reconhecemos a gravidade dos fatos investigados e a comoção social que geram. Nesta fase, em que as provas ainda estão sendo formadas e examinadas, não é possível afirmar ou negar categoricamente qualquer tese defensiva”, declarou Sobral. Em relação a Roberta, o advogado afirmou que ela “em nada participou”, sendo alvo de uma acusação que considera injusta e indevida. Ele solicita às autoridades uma análise isenta e minuciosa dos autos para esclarecer os fatos e garantir a justiça.

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Este complexo e delicado caso de múltiplas mortes continua a se desenvolver, com as autoridades policiais buscando todos os recursos para consolidar as provas e levar os responsáveis à Justiça. A exumação do corpo de Hayder Mhazres na Tunísia é um passo crucial para desvendar as circunstâncias de mais um crime atribuído à suposta serial killer e aprofundar as investigações. Continue acompanhando em nossa editoria de Cidades todas as atualizações e análises deste e de outros casos que marcam o noticiário.

Crédito da imagem: Obtido pelo UOL

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