A **onda de violência na Grande São Luís** foi o tema central de uma entrevista concedida nesta sexta-feira (24) pelo Secretário de Estado da Segurança Pública do Maranhão, Maurício Martins, à TV Mirante. O panorama alarmante inclui o registro de sete mortes, mais de dez pessoas feridas por disparos e a interrupção das atividades em diversas instituições de ensino, desde escolas a universidades, impactando diretamente a rotina da capital maranhense e cidades adjacentes.
Durante a fala, o secretário Maurício Martins assegurou que o sistema de segurança pública do Maranhão não se dobrará diante de qualquer forma de desordem. Ele detalhou o esforço conjunto, mencionando que a Polícia Militar intensificou a patrulha nas ruas, a Polícia Civil está focada na investigação dos crimes e o Serviço de Inteligência realiza levantamentos cruciais. Além disso, Martins revelou que várias prisões relacionadas aos incidentes mais recentes já foram efetuadas e outras ainda serão concretizadas. Ele também dirigiu críticas incisivas à legislação brasileira, caracterizando-a como excessivamente “frágil e fraca” no enfrentamento a grupos criminosos, uma vez que, segundo ele, facilitaria a libertação de infratores.
Secretário de Segurança: Lei frágil e fake news na Grande SL
Martins também fez um alerta sobre a disseminação de boatos e “fake news” que, segundo ele, têm como objetivo principal gerar pânico na população, reforçando que tal prática constitui crime. O titular da Segurança Pública afirmou que todos os envolvidos, de maneira direta ou indireta, nos crimes e na propagação das notícias falsas, serão devidamente responsabilizados e presos. Essa declaração busca reafirmar o compromisso das autoridades em conter não apenas a criminalidade física, mas também a desinformação que abala a ordem social.
Onda de Desinformação e o Impacto na População
O Secretário foi enfático ao desmentir informações falsas sobre supostos ataques a instituições de ensino. Segundo Maurício Martins, não houve quaisquer ocorrências violentas dentro ou nos arredores de escolas e universidades, sejam públicas ou privadas, descaracterizando qualquer razão para a suspensão das aulas por questões de segurança. “O que existe é uma onda de fake news, trazendo terror para as pessoas, atrasando, atrapalhando as famílias, os alunos, os idosos, as pessoas que precisam sair de casa para trabalhar ou para qualquer outra atividade”, destacou. Ele reiterou que a Polícia Militar está atuante nas ruas e a Polícia Civil investigando. A preocupação se estende àqueles que promovem a desinformação, que também serão responsabilizados criminalmente.
Resposta ao Sentimento de Insegurança nas Periferias
Em sua entrevista, Maurício Martins foi questionado sobre a sensação de insegurança generalizada, especialmente sentida nos bairros periféricos de São Luís, que motivou a suspensão de aulas e levou moradores a exigirem policiamento constante. O secretário assegurou que o reforço no patrulhamento da capital e região metropolitana é antigo, e se tornou ainda mais robusto após a recente onda de eventos violentos. Ele mencionou que a segurança atua tanto nas “grandes avenidas, que é o chamado corredor de segurança”, quanto dentro dos bairros, afirmando que não há ocorrências em colégios que justifiquem o fechamento. Martins reforçou a tese de que o pânico, muitas vezes, é instigado por “fake news” exploradas por pessoas que genuinamente temem pela segurança. Como prova da atuação policial, ele informou que mais de 2 mil prisões foram efetuadas nos últimos dois meses no Maranhão, sendo mais de dez delas de criminosos ligados aos ataques recentes nos últimos dias.
A Problemática da Legislação Brasileira
Ainda na entrevista, o chefe da pasta de segurança abordou uma de suas principais críticas: a ineficácia da legislação brasileira no combate a organizações criminosas. Para Maurício Martins, o sistema jurídico impõe barreiras ao trabalho policial, pois criminosos, frequentemente, são postos em liberdade pouco tempo depois de detidos, seja por meio de audiências de custódia, uso de tornozeleiras eletrônicas ou prisões domiciliares. “É preciso alertar, chamar atenção para um detalhe que a sociedade sabe, mas que é preciso nós repetirmos: é a questão da lei no Brasil. Nós temos uma lei frágil em relação às organizações criminosas”, pontuou Martins. Ele defende que o Judiciário está engessado por leis que, de certa forma, “protegem muito mais as ações de criminosos do que as do próprio cidadão”.
Questionado sobre a persistência do domínio de facções criminosas em diversas áreas, o secretário reiterou a importância de uma reforma legislativa. Segundo Martins, as facções agem de forma “terrorista”, demandando, assim, “uma legislação forte para combater todo aquele faccionado que promove ações contra a sociedade brasileira, contra a sociedade maranhense”. Ele informou que os secretários de Segurança Pública de todo o país encaminharam nove projetos de lei ao Congresso Nacional, com foco em novas abordagens para o combate à criminalidade e às facções. Dentre essas propostas, uma delas visa discutir e, possivelmente, alterar os parâmetros da audiência de custódia, procedimento do qual Maurício Martins expressou total discordância, reiterando que “o lugar de bandido é na cadeia”. O problema, segundo o Secretário, está intrinsecamente ligado à ausência de leis mais rigorosas, as quais, se existentes, coibiriam as ações dos criminosos.
Cronologia de Ataques na Grande São Luís
A recente onda de violência tem deixado os moradores da Grande São Luís em estado de alerta. Os incidentes, que se estendem por bairros como Cidade Operária e Liberdade, em São Luís, e municípios como São José de Ribamar e Paço do Lumiar, foram caracterizados por assassinatos, tentativas de homicídio e ataques a tiros. A maioria das vítimas fatais era do sexo masculino, com idades entre 17 e 43 anos, todas executadas por disparos.

Imagem: g1.globo.com
A seguir, alguns dos fatos marcantes da série de ataques que impactou a região na última semana:
- **Domingo (19):** Mateus Ribeiro Costa, de 27 anos, foi executado a tiros em São José de Ribamar. No Paço do Lumiar, Jobson Carlos de Souza Pereira foi ferido em uma tentativa de assalto. Na Cidade Olímpica, Taivisson Amaro, de 18 anos, faleceu em um tiroteio que feriu mais três. Eduardo de Jesus Salles Costa, de 25, também foi baleado. Um homem de 26 anos foi morto em Tibiri, e Cauã Fonseca Pereira, de 18, ficou ferido no Bairro de Fátima.
- **Segunda-feira (20):** Lucas Felipe Vianna Azevedo, de 26 anos, foi assassinado na Liberdade por suspeitos em um carro. Em Vila Magril, um adolescente de 17 anos foi morto a tiros.
- **Terça-feira (21):** Eduardo Lemos Martins, de 19 anos, faleceu após ser atingido em um ataque que feriu outras cinco pessoas em um estabelecimento.
- **Quarta-feira (22):** Janilson Pereira Ramos, de 43 anos, foi morto a tiros no Monte Castelo, possivelmente por vingança. Uma clínica odontológica no Vinhais foi assaltada por um grupo de quatro criminosos. Disparos foram registrados na Vila Janaína, uma tentativa de homicídio na Cidade Olímpica e uma mulher acionou a polícia após tiros no Residencial Maria Aragão.
- **Quinta-feira (23):** Disparos ocorreram em Vila Vitória. Na Liberdade, um comércio foi assaltado. Em Vila Palmeira, dois homens foram baleados em um ataque motivado por briga de facções.
Sobre o crescimento do número de homicídios na Região Metropolitana, Martins afirmou que, apesar da força do Estado e do sistema de segurança, a legislação atual “permite a soltura de criminosos”. Ele destacou as contínuas ações de prisão e as conversas em andamento com o corregedor-geral e o corregedor do Tribunal de Justiça para aprimorar o sistema judiciário, buscando manter os criminosos presos por mais tempo. “Lugar de criminoso, lugar de bandido é na cadeia, atrás das grades”, asseverou.
O secretário finalizou a entrevista detalhando os investimentos do Governo do Maranhão na área da segurança pública. As ações incluem o aumento do efetivo policial, a reforma de delegacias, a aquisição de novas viaturas e, crucialmente, o investimento em treinamento para os profissionais da segurança. Maurício Martins concluiu com um reforço de sua crítica, reiterando que, embora os policiais estejam avançando e prendendo criminosos, “a legislação é falha. A legislação é fraca. A legislação não beneficia o cidadão de bem; ela beneficia, às vezes, o indivíduo que pratica o crime.” As declarações de Martins refletem um profundo descontentamento com o sistema legal, o qual ele considera um entrave significativo para o controle da criminalidade organizada na região.
Para uma visão mais aprofundada sobre as iniciativas do sistema de justiça no Brasil, é possível consultar documentos e projetos diretamente no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Confira também: crédito imobiliário
Este cenário de desafios contínuos ressalta a importância de um debate amplo e constante sobre as estratégias de combate à violência e as bases legais que as regem. Para ficar sempre atualizado sobre o panorama de Segurança e as últimas notícias do Maranhão e do Brasil, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
Crédito da Imagem: Reprodução/TV Mirante



