No dia 31 de maio de 2024, as sanções impostas pelos Estados Unidos ao presidente colombiano Gustavo Petro desencadearam uma resposta veemente por parte do líder sul-americano. Em pronunciamento oficial, Petro reiterou que a Colômbia “não é colônia de ninguém”, postura adotada poucas horas após as medidas restritivas serem divulgadas pelo governo norte-americano, em Bogotá.
As penalidades econômicas dos EUA não se dirigem apenas a Gustavo Petro. A lista de indivíduos sancionados inclui também a primeira-dama do país, Verônica Garcia, o filho mais velho do presidente, Nicolás Petro, e o ministro do Interior colombiano, Armando Benedetti. Tais sanções geralmente implicam o congelamento de eventuais ativos localizados nos Estados Unidos e a proibição de quaisquer transações financeiras envolvendo as pessoas e entidades atingidas, visando isolá-las do sistema financeiro global americano.
Sanções EUA Petro: Colômbia Reage Com Firmeza
A reação inicial de Gustavo Petro manifestou-se, primeiramente, nas plataformas digitais. Uma publicação específica na rede social X (anteriormente Twitter) serviu como um retumbante revide a uma declaração do congressista republicano Carlos Gimenez. O legislador norte-americano havia alertado o presidente colombiano sobre as consequências caso não abandonasse as suas “ações patéticas”, finalizando com uma irônica saudação em nome do Congresso estadunidense, sugerindo que Petro estava colhendo o que plantou.
A contundente réplica de Petro ressaltou o caráter de autonomia da nação andina, que data do dia 31 de maio de 2024: “Esqueça que o presidente da Colômbia vai renunciar sob ameaças e extorsões mafiosas. Nós não nos ajoelhamos, não somos uma colônia de ninguém”. Esta afirmação, proferida no calor do momento, deixou clara a intenção do líder colombiano de não ceder à pressão externa, reforçando a soberania e a dignidade nacional diante do que ele percebe como coerção e arbitratividade.
Além da arena digital, o chefe de estado colombiano levou sua mensagem às ruas e palcos, durante uma marcha popular. Em seu discurso, Gustavo Petro frisou que sua abordagem não se igualaria à de Donald Trump, alegando não ser “como eles”. Ele fez questão de distinguir sua gestão de “comportamentos mafiosos”, tanto no cenário interno quanto nas relações internacionais da Colômbia. A sua posição foi de resistência: “Não respondemos ao atual governo do Sr. Trump ajoelhando-nos. Respondemos como a humanidade já fez: permanecendo firmes e indo às ruas para defender os direitos do povo, os direitos da democracia de não ser governada por tiranias, como aconteceu recentemente na Colômbia”, disse Petro em evento público.
Nas redes sociais, Petro amplificou o sentimento nacional, compartilhando inúmeras mensagens de solidariedade e destacando as manifestações populares que tomavam as ruas de Bogotá. Esses protestos visavam rechaçar o que ele caracterizou como a “arbitrariedade e tirania” exercida pelos Estados Unidos. Segundo o líder colombiano, o povo estaria pronto para defender a soberania nacional do país diante dos ataques sofridos e das ações recentes.
A Controvérsia Sobre a Produção de Cocaína e as Alegações dos EUA
Um ponto central de discórdia entre os dois países é a questão da produção de cocaína. Petro veementemente classificou a declaração do Departamento do Tesouro dos EUA sobre o alegado aumento da produção de cocaína na Colômbia como uma “mentira”. Em postagens no X, ele reiterou que seu governo empreendeu esforços bem-sucedidos para diminuir as taxas de crescimento do cultivo de folhas de coca. Para sublinhar a efetividade de suas políticas antidrogas, o presidente colombiano afirmou: “A minha administração apreendeu mais cocaína do que em toda a história do mundo. O que o Tesouro dos EUA está fazendo é a arbitrariedade de um regime opressor”, disparou o líder colombiano em seu perfil.
De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, a justificativa para as sanções contra Petro decorre de sua suposta participação ou tentativa de envolvimento em atividades que representam um risco significativo para a proliferação internacional de drogas ilícitas. Petro refutou essas acusações, recordando a “ameaça” prévia feita pelo senador republicano Bernie Moreno, que, segundo ele, foi agora concretizada por meio dessas sanções e das declarações emitidas pelo governo estadunidense.
Petro foi categórico ao criticar a postura dos Estados Unidos, especialmente considerando o histórico de colaboração da Colômbia no “combate efetivo ao narcotráfico há décadas” e os esforços para mitigar o consumo de cocaína na sociedade norte-americana. Ele argumenta que, mesmo diante de um engajamento tão significativo, as medidas punitivas foram adotadas unilateralmente pelos EUA.

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Visão do Tesouro dos EUA: Cartéis e Produção de Drogas
Do lado americano, as acusações são graves. Scott Bessent, a quem o artigo original identifica como Secretário do Tesouro, declarou que o presidente Petro permitiu a prosperidade de cartéis de drogas, falhando em coibir tais atividades. Bessent teria afirmado que a produção de drogas na Colômbia atingiu o ritmo mais acelerado em décadas sob a gestão de Petro, provocando uma suposta inundação dessas substâncias nos Estados Unidos e, por conseguinte, no resto do mundo.
A tese do Tesouro americano é que a cocaína colombiana é adquirida por cartéis mexicanos, que, por sua vez, são responsáveis pelo contrabando e distribuição das substâncias ilícitas para o mercado norte-americano. Em nota, o departamento acusou Petro de estabelecer alianças com o que denomina “regime narcoterrorista de Nicolás Maduro [na Venezuela] e com o Cartel de Los Soles”, endurecendo ainda mais a retórica contra o governo colombiano e sua política de segurança interna.
Para mais informações sobre as políticas fiscais e financeiras internacionais, pode-se consultar diretamente as publicações oficiais do Departamento do Tesouro dos EUA.
Outros Alvos das Sanções e o Contexto Global
As sanções contra Nicolás Petro, filho do presidente, e Verônica Garcia, a primeira-dama, são justificadas pelos EUA sob a alegação de que ambos teriam oferecido, ou tentado oferecer, algum tipo de suporte em apoio às atividades atribuídas a Gustavo Petro, implicando-os na cadeia de sanções. Já Armando Benedetti, o ministro do Interior, que ocupou diversas posições de alto escalão no governo colombiano, também foi alvo das restrições econômicas e financeiras.
Com essa ação, os Estados Unidos inserem Gustavo Petro em uma seleta, e polêmica, lista de líderes mundiais já sob sanções norte-americanas. Dentre os nomes notáveis que compartilham essa condição estão o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o presidente russo, Vladimir Putin, entre outras figuras proeminentes da geopolítica global. Esta lista destaca o alcance das ferramentas diplomáticas e econômicas que os EUA podem empregar em seu papel como ator influente nas relações internacionais e seu impacto nas esferas geopolíticas de diversos países.
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A intensificação das sanções EUA Petro e a firme resposta da Colômbia marcam um momento de crescente tensão nas relações bilaterais, levantando questões sobre soberania nacional e o combate ao narcotráfico na América Latina. O presidente Gustavo Petro continua a defender a autonomia de seu país e as ações de seu governo, em contraste direto com as acusações de Washington e a pressão externa. Para se manter atualizado sobre os desdobramentos políticos na região e aprofundar seu entendimento das nuances diplomáticas, continue acompanhando nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Raul Arboleda/AFP


