A Sabesp (SBSP3) divulgou um lucro líquido ajustado de R$ 1,28 bilhão no terceiro trimestre de 2023, superando em 9,5% o desempenho obtido no mesmo período do ano anterior. O resultado foi considerado em linha com as projeções do mercado, segundo o balanço financeiro que evidenciou uma estabilidade nas receitas e uma redução significativa nos custos operacionais da companhia.
Considerada a terceira maior empresa de saneamento e abastecimento de água globalmente, a Sabesp demonstrou um robusto desempenho operacional. Seu Ebitda ajustado atingiu R$ 3,2 bilhões, marcando um crescimento notável de 14,7% em comparação ao apurado nos três primeiros meses do ano passado. Essa performance reforça a solidez financeira da empresa em um cenário desafiador para o setor de saneamento.
Sabesp SBSP3: Lucro de R$ 1,28 Bilhão no 3º Trimestre
De acordo com uma compilação de previsões realizadas pela IBES, da LSEG, os analistas do mercado esperavam um lucro na casa de R$ 1,28 bilhão e um Ebitda de R$ 3,25 bilhões para a Sabesp neste período, o que valida a capacidade da empresa em atender ou superar as expectativas em relação ao seu balanço.
Desempenho Financeiro e Redução de Custos
Entre os meses de julho e setembro, a Sabesp registrou uma receita operacional líquida de R$ 5,47 bilhões, montante praticamente estável quando comparado ao faturamento do mesmo trimestre do ano anterior. Paralelamente, os custos e as despesas operacionais ajustadas sofreram uma redução de quase 16%, totalizando R$ 2,26 bilhões. Essa contenção de despesas foi crucial para o incremento da margem de lucro e para o sólido resultado final.
Essa estabilidade na receita, aliada a uma rigorosa política de controle de custos, é um indicativo da eficiência na gestão da companhia após o processo de desestatização. A capacidade de gerar valor ao acionista, mesmo diante de um cenário de volatilidade econômica, reflete a maturidade operacional e a visão estratégica da Sabesp.
Desafios Hídricos e Planos de Abastecimento
Um ano após o início de seu processo de privatização, a Sabesp se viu diante de um agravamento nos níveis dos reservatórios de água no Estado de São Paulo durante o terceiro trimestre, impactados por um regime de chuvas abaixo da média histórica. Na segunda-feira de divulgação do balanço, as represas da região operavam com 28,2% de sua capacidade de armazenagem, uma queda em relação aos 31,5% registrados no final do trimestre anterior, evidenciando a persistência da escassez hídrica.
Em entrevista à agência Reuters, o diretor financeiro da companhia, Daniel Szlak, comentou sobre a situação dos mananciais, admitindo que o nível atual está “um pouco pior que o histórico”. No entanto, Szlak expressou otimismo, destacando que o ano hidrológico havia apenas começado e que os reservatórios já apresentavam elevação nos primeiros dias de novembro. Este cenário exige uma constante atenção e investimentos, o que influencia diretamente o preço das ações negociadas no mercado financeiro brasileiro, um dos mais importantes da América Latina.
Para mitigar futuros riscos hídricos e garantir o abastecimento, a Sabesp está investindo em projetos de infraestrutura que preveem a adição de aproximadamente 8 metros cúbicos por segundo (m³/s) até 2026, com a meta de alcançar 22 m³/s até 2030. Essas iniciativas incluem projetos inovadores de reuso de água, aprimoramento da recarga de mananciais existentes e a interconexão de diversos sistemas de abastecimento, conforme afirmou o diretor.
Um passo estratégico recente foi a aquisição da estatal paulista Emae no início de outubro, que proporcionou à Sabesp acesso direto ao estratégico Reservatório Billings. Essa movimentação é vista como um grande potencial hídrico a ser explorado, especialmente com a conclusão do projeto de despoluição dos rios Tietê e Pinheiros, que poderão, futuramente, ser utilizados para recarga do manancial da Billings, consolidando a capacidade de resiliência do sistema até 2030.
Universalização e Revisão Tarifária Pós-Privatização
Durante o terceiro trimestre, a Sabesp continuou seu plano de expansão, adicionando 91 mil novas ligações de água, 175 mil de esgoto e expandindo o serviço de tratamento para 350 mil novas conexões. Em termos de atingimento das metas de universalização estabelecidas até 2029, a empresa alcançou 141% no fornecimento de água, 125% em esgoto e 92% em tratamento, demonstrando um avanço consistente na cobertura e qualidade dos serviços.

Imagem: Agência SP via infomoney.com.br
Questionado sobre o aguardado primeiro processo de revisão tarifária após a privatização, Szlak optou por não divulgar a expectativa da companhia em relação à decisão da agência reguladora Arsesp. A agência tem previsão de divulgar, entre o final de novembro e o início de dezembro, o novo índice tarifário a ser aplicado a partir de janeiro. O executivo, no entanto, enfatizou que o contrato da empresa incorpora o cálculo da base de ativos, sendo essa base minimizada pela utilização do Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento (Fausp).
Ainda sobre as tarifas, Szlak admitiu que “esse primeiro ano vai doer mais (o reajuste das tarifas), mas ao final de 2029 ou 2030, vai doer menos”, indicando que os impactos iniciais do novo regime tarifário, pós-privatização, serão mais acentuados para, em seguida, se estabilizarem e se tornarem mais favoráveis à longo prazo.
A remoção de descontos anteriormente concedidos a grandes consumidores, que antecediam a privatização, também trouxe impactos financeiros positivos. A Sabesp levantou entre R$ 130 milhões e R$ 140 milhões no terceiro trimestre como resultado direto dessas ações, e o diretor financeiro assegurou que, após uma segunda onda de revisões com esses clientes no segundo trimestre, a questão estaria solucionada, gerando um ambiente de maior equidade tarifária.
Estratégia de Investimentos e Estrutura de Capital
A Sabesp projeta investimentos de R$ 70 bilhões para alcançar suas ambiciosas metas de universalização dos serviços de saneamento até 2029. Para financiar essa expansão, a companhia já conseguiu captar R$ 13 bilhões de um montante total estimado entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões em financiamentos necessários. Szlak ponderou que “não faz sentido captar tudo agora, até porque o custo do dinheiro está elevado”, demonstrando uma gestão prudente do capital.
Ao final de setembro, o caixa da Sabesp estava robusto, somando R$ 11,6 bilhões. A alavancagem financeira da empresa, medida pela relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado, encerrou o período em 1,9 vez, representando um ligeiro aumento em comparação com as 1,7 vezes registradas no final do terceiro trimestre do ano anterior. O diretor financeiro confirmou que a Sabesp está atualmente em processo de captação de mais R$ 5 bilhões, cuja liquidação está prevista para o dia 14 de novembro, o que reforçará ainda mais sua posição financeira para futuros investimentos.
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Em suma, os resultados da Sabesp no terceiro trimestre de 2023 mostram uma companhia financeiramente sólida, com crescimento de lucros e Ebitda alinhados às expectativas, apesar dos desafios impostos pela crise hídrica em São Paulo. Os investimentos em infraestrutura e as estratégias para otimização da gestão de água e das tarifas posicionam a empresa para cumprir suas metas de universalização. Para continuar acompanhando as análises do setor de saneamento e as últimas perspectivas econômicas, acesse a nossa seção de Economia.
Crédito da imagem: Marcelo Ferrelli/Prefeitura de SP