RS intensifica testes para coibir vinhos ilegais e adulterações

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No Rio Grande do Sul, a luta contra a adulteração de vinhos ganha novos contornos, à medida que autoridades estaduais e federais intensificam a fiscalização e os testes para identificar produtos ilegais. A presença crescente de bebidas contrabandeadas representa uma ameaça significativa tanto para a economia local quanto para a saúde do consumidor, colocando em risco a reputação do setor vitivinícola gaúcho.

As estatísticas recentes sublinham a magnitude do problema: apenas no primeiro semestre de 2025, mais de 40 mil garrafas de vinho ingressaram ilegalmente no estado, segundo dados da Receita Federal. Tais mercadorias são introduzidas via descaminho, modalidade criminal que evade os impostos de importação ou exportação, gerando concorrência desleal e prejuízos milionários para a cadeia produtiva formal.

RS intensifica testes para coibir vinhos ilegais e adulterações

Recentemente, na quarta-feira (29), uma ação notável da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-290, próximo a Porto Alegre, exemplificou os desafios enfrentados. Uma carreta foi interceptada com uma vasta carga de vinhos, mas também uísques, licores, vodcas, perfumes e produtos de beleza sem comprovação fiscal. O motorista responsável pelo transporte irregular foi detido e encaminhado às autoridades competentes.

Os desdobramentos financeiros decorrentes do contrabando e da adulteração de vinhos reverberam por toda a cadeia vitivinícola. Conforme Luciano Rebelatto, que preside o Conselho de Planejamento da Vitivinicultura do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), o impacto econômico negativo afeta desde os produtores rurais e as vinícolas estabelecidas até os comerciantes que operam legalmente. A concorrência com produtos que não arcam com impostos e padrões de qualidade gera uma distorção de mercado insustentável para aqueles que seguem a lei.

O Rigoroso Controle de Qualidade Gaúcho

A garantia da qualidade e segurança dos vinhos vendidos legalmente no país é uma premissa fundamental, que exige registro junto ao Ministério da Agricultura e a exibição de informações completas e transparentes nos rótulos. No cenário gaúcho, o Laboratório de Referência Enológica (Laren) se destaca como o pilar dessa fiscalização.

Plínio Manosso, responsável técnico pelo Laren, enfatiza o papel crucial da instituição. “Nossa missão é assegurar que cada garrafa de vinho comercializada no estado esteja rigorosamente dentro das exigências legislativas”, explica. Ele adverte que produtos fora dos padrões, sejam por origem ilegal ou adulteração, não apenas criam uma disputa desleal, mas também corroem a imagem de toda a cadeia produtiva, que trabalha para entregar um produto de excelência.

Anualmente, o Laren recebe cerca de 300 amostras de uvas, submetendo-as a um minucioso processo de microvinificação. Este procedimento permite a produção de pequenos volumes de vinho sob condições controladas, os quais são posteriormente analisados. Cada uma dessas amostras de vinho passa por um comparativo criterioso com um banco de dados que detém informações de mais de 6 mil amostras já analisadas, um acervo vital para detectar quaisquer irregularidades.

Identificando Adulterações e Protegendo o Consumidor

Essa metodologia robusta possibilita a detecção de uma série de fraudes, entre elas, a adição de água, uma prática terminantemente proibida pela legislação brasileira de bebidas. A engenheira de alimentos Susiane Leonardelli ressalta a importância desse controle não só para a integridade econômica do setor, mas, primariamente, para a proteção do consumidor final.

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Imagem: g1.globo.com

“É fundamental garantir ao consumidor que o que ele está pagando por um vinho seja de fato um vinho genuíno, e não um produto diluído”, afirma Leonardelli. Segundo ela, a premissa central é bidirecional: salvaguardar a economia do estado dos prejuízos fiscais e da concorrência predatória, ao mesmo tempo em que se assegura a conformidade do produto que chega à mesa dos brasileiros.

No Brasil, a regulamentação do setor impõe que os vinhos obedeçam a padrões rigorosos de identidade e qualidade estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. Entre os componentes scrutinizados estão a acidez, o grau alcoólico, os conservantes e, notavelmente, os componentes voláteis, com especial atenção ao metanol.

Plínio Manosso detalha que a presença de metanol, um subproduto natural da fermentação das uvas, é permitida em limites estritos, de até 400 mg por litro, volume considerado normal para o processo produtivo. Caso esse patamar seja excedido, o vinho é classificado como impróprio para consumo e imediatamente descartado, reforçando o compromisso com a saúde pública.

Desde sua fundação em 2001, o Laboratório de Referência Enológica tem mantido um registro impecável nesse quesito, sem ocorrências de adulteração por excesso de metanol em qualquer das amostras analisadas. Este histórico atesta a eficácia dos procedimentos de análise e a seriedade com que a questão é tratada no Rio Grande do Sul.

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A batalha contra os vinhos ilegais e as práticas de adulteração é contínua e essencial para a integridade do mercado gaúcho. Através da colaboração entre órgãos fiscalizadores, instituições como o Laren e a constante vigilância sobre a cadeia produtiva, o Rio Grande do Sul demonstra seu empenho em proteger os produtores idôneos e garantir que apenas produtos de qualidade comprovada cheguem ao consumidor. Fique atento às nossas próximas análises e notícias sobre a economia e o desenvolvimento do estado, sempre trazendo informações precisas e relevantes para você.

Crédito da imagem: PRF/Divulgação

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