Neste domingo (19), o renomado Museu do Louvre, em Paris, foi palco de um audacioso roubo de joias que mobilizou as autoridades francesas e a opinião pública. O incidente levou o presidente Emmanuel Macron a prometer a recuperação dos itens furtados e a punição severa dos criminosos envolvidos, enfatizando a importância do patrimônio nacional francês, que considera “parte da nossa história”, atingido por esta ação criminosa de grande impacto.
Após o incidente, que resultou no fechamento imediato do museu mais visitado do mundo por tempo indeterminado neste domingo, Macron utilizou a rede social X para se manifestar. Ele classificou o ato como “um ataque a um patrimônio que prezamos porque faz parte da nossa história”, reafirmando o compromisso de que as obras serão recuperadas e os responsáveis levados à justiça. O presidente garantiu que “tudo está sendo feito, em todos os lugares, para alcançar esse objetivo, sob a liderança do Ministério Público de Paris”, que prontamente iniciou uma investigação detalhada sobre o ocorrido.
França: Macron promete recuperar joias após roubo no Louvre
De acordo com o balanço preliminar apresentado pelo Ministério Público da França, um total de oito peças pertencentes à valiosa coleção de joias e pedras preciosas da Galeria Apollo foram subtraídas. O crime ocorreu em plena luz do dia, por volta das 9h em Paris, justamente quando os primeiros visitantes adentravam as instalações do Louvre. Toda a operação de furto durou meros quatro minutos, com a participação de pelo menos quatro suspeitos que, segundo as investigações, fugiram utilizando duas scooters. Até o momento desta reportagem, nenhuma prisão havia sido efetuada em decorrência do roubo no Louvre.
A promotora Laure Beccuau, em entrevista à emissora francesa BFM TV, confirmou um avanço crucial na investigação: um nono objeto, inicialmente roubado, foi recuperado por policiais. Beccuau não especificou a identidade do item, mas, horas antes, o governo francês havia informado a descoberta de uma coroa adornada com esmeraldas e diamantes em uma rua próxima ao museu, embora estivesse danificada. A imprensa francesa posteriormente identificou a peça como a Coroa da Imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, célebre por conter 1.354 diamantes e 56 esmeraldas, destacando seu valor histórico e artístico incalculável para a Coroa francesa.
Apesar da audácia da ação, Beccuau ressaltou que os criminosos não tiveram como alvo principal o renomado diamante Regent. Esta peça, que permanece intacta na mesma galeria, é avaliada em mais de US$ 60 milhões, segundo estimativas da prestigiada casa de leilões Sotheby’s. Este detalhe levanta questões sobre os objetivos específicos dos assaltantes e sua possível familiaridade prévia com o layout das coleções e os sistemas de segurança do museu, sugerindo uma ação seletiva por parte do grupo.
Modus Operandi: Os detalhes da ousada operação criminosa no Louvre
As investigações iniciais fornecidas pelas autoridades permitiram reconstruir parcialmente o modus operandi dos criminosos para perpetrar o roubo de joias no Louvre. Os assaltantes empregaram uma escada móvel, acoplada a um caminhão, que lhes permitiu ascender pela fachada do edifício até o segundo andar. Após alcançarem uma janela, procederam ao seu arrombamento e, em seguida, quebraram vitrines para ter acesso direto às peças. A rota de fuga envolveu as duas scooters, conforme observado por testemunhas e registrado pelas autoridades. Ninguém ficou ferido na ação criminosa, informação confirmada pela ministra da Cultura francesa.
O ministro do Interior da França, Laurent Nuñez, sublinhou a natureza dos itens levados, afirmando que possuem um “valor inestimável” para a história e a cultura francesas. Nuñez também avaliou a ação: “Eles [os ladrões] claramente fizeram um reconhecimento prévio. Parecem muito experientes”, o que sugere um planejamento meticuloso e o possível envolvimento de criminosos com histórico em furtos de grande envergadura. Este é um dado crucial para entender a complexidade do evento e o desafio imposto às forças de segurança. A polícia, inclusive, está analisando minuciosamente as imagens de câmeras de segurança da ala Denon e da área do Rio Sena, inspecionando a plataforma utilizada para acesso à galeria e ouvindo os funcionários que estavam presentes durante a abertura do museu.
Ainda não foi determinado se houve algum tipo de colaboração interna no museu, mas as informações indicam que os ladrões, usando coletes amarelos como disfarce, conseguiram acessar o edifício através de um canteiro de obras pela fachada voltada para o Rio Sena. A engenhosidade do plano incluía o uso do guindaste, instalado no caminhão, para chegar ao museu e, depois, um elevador de carga para alcançar a Galeria da Apollo. As autoridades francesas também informaram que os criminosos estavam armados e portavam pequenas motosserras, reforçando a natureza agressiva e planejada da invasão.
Contexto e falhas de segurança: O Museu do Louvre sob intenso escrutínio
O episódio do roubo no Louvre expõe uma questão premente enfrentada pela administração do museu: a conjunção de multidões crescentes de visitantes com equipes de segurança e manutenção reduzidas. Relatos de turistas brasileiros durante a evacuação do museu descreveram a cena caótica como “parecia uma manada”, ilustrando a aglomeração e a potencial desordem em situações de emergência, mesmo no museu mais visitado do mundo, que abriga mais de 33 mil obras, incluindo a icônica “Mona Lisa”, localizada a cerca de 250 metros do local do roubo.

Imagem: g1.globo.com
Historicamente, o Louvre não é estranho a incidentes de furto. Em 1911, o desaparecimento da “Mona Lisa”, levada por um ex-funcionário chamado Vincenzo Peruggia que se escondeu dentro do museu e saiu com a pintura debaixo do casaco, marcou um dos casos mais célebres, elevando a pintura de Leonardo da Vinci a um patamar de fama global após sua recuperação dois anos depois em Florença. Outros casos incluem o furto de duas peças de armadura da era renascentista em 1983, recuperadas quase quatro décadas depois. Para além dos roubos, a própria coleção do museu tem sido objeto de debates contínuos sobre a restituição de artefatos oriundos da era napoleônica. Para detalhes sobre sua rica história, consulte o site oficial do Museu do Louvre.
Em junho, meses antes deste incidente, o Louvre chegou a atrasar sua abertura devido a uma paralisação de funcionários que protestavam justamente contra a superlotação e a escassez crônica de pessoal. Sindicatos apontam que o turismo massivo sobrecarrega o quadro de funcionários, criando pontos vulneráveis onde zonas de obras, rotas de serviço e o fluxo de visitantes se cruzam de forma perigosa. Embora a segurança de obras mais célebres, como a Mona Lisa – protegida por vidro à prova de balas em uma vitrine com controle climático –, seja robusta, o roubo recente demonstrou que a proteção não é uniforme entre os milhares de objetos que o museu abriga.
O furto representa um embaraço significativo para uma instituição já sob intenso escrutínio. Críticas como as da professora Magali Cunel, da região de Lyon, ecoam o sentimento público: “É inacreditável que um museu tão famoso tenha falhas de segurança tão óbvias”, questionando publicamente como os assaltantes puderam subir por elevador até uma janela e levar joias em pleno dia. Esse incidente alimentou imediatamente o debate político, com o líder da extrema direita Jordan Bardella criticando duramente o presidente Emmanuel Macron, em um momento em que este já se encontra politicamente fragilizado e com um Parlamento dividido.
Bardella expressou em sua rede social X que o Louvre, como “símbolo global da nossa cultura”, foi vítima de um “roubo, que permitiu a ladrões levarem joias da Coroa francesa, [e é] uma humilhação insuportável para o nosso país”, interrogando-se “Até onde vai a decadência do Estado?”. Tais críticas emergem enquanto Macron avança com o plano “Nova Renascença do Louvre”, um investimento substancial de cerca de 700 milhões de euros (mais de R$ 4 bilhões) para modernizar a infraestrutura, mitigar a superlotação e planejar uma galeria exclusiva para a Mona Lisa até 2031. No entanto, para os funcionários do museu, o alívio das pressões operacionais e a implementação de medidas de segurança adequadas têm sido mais lentos do que o esperado, agravando as preocupações com a integridade do acervo.
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O roubo de joias no Louvre, ocorrido neste domingo (19), reacende discussões cruciais sobre a segurança de patrimônios culturais de valor inestimável e a gestão de instituições gigantescas. A promessa enfática de Emmanuel Macron de recuperar os bens furtados e levar os responsáveis à justiça enfatiza a seriedade com que a França encara este ataque à sua história e identidade nacional. Mantenha-se informado sobre os desdobramentos dessa investigação e outros temas relevantes acompanhando a seção de Política em nosso portal.
Crédito da imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters



