TÍTULO: Rodrigo Paz Vence e Encerra Era de Esquerda na Bolívia
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META DESCRIÇÃO: A vitória de Rodrigo Paz na Bolívia com 54,6% dos votos pôs fim ao ciclo de quase 20 anos da esquerda, atraindo apoio de antigos redutos de Evo Morales.
A eleição presidencial na Bolívia culminou com a vitória expressiva de Rodrigo Paz, representante da centro-direita, marcando o fim de uma hegemonia de quase duas décadas do Movimento ao Socialismo (MAS). O resultado, apurado majoritariamente, sinaliza uma reviravolta política significativa, impulsionada por eleitores de regiões que tradicionalmente apoiavam a esquerda e o líder do MAS, Evo Morales. Esse cenário inédito reorganiza as forças políticas do país andino e estabelece novas direções para seu futuro governamental.
Os eleitores de zonas outrora consideradas fortalezas da esquerda boliviana desempenharam um papel crucial no triunfo de Paz. Essa transição de votos ocorreu mesmo diante de uma intensa campanha de boicote promovida pelo ex-presidente Evo Morales nos estágios finais da corrida eleitoral. Morales, sem candidaturas de esquerda qualificadas para o segundo turno, havia defendido o voto nulo e em branco como uma tática de protesto contra os candidatos existentes.
Rodrigo Paz Vence e Encerra Era de Esquerda na Bolívia
Os números finais, divulgados após 97,8% das urnas apuradas pelo órgão eleitoral boliviano na segunda-feira (20), solidificaram a conquista de Paz. O presidente eleito registrou um percentual de 54,6% dos votos válidos, superando seu adversário, Jorge ‘Tuto’ Quiroga, que obteve 45,4%. A estratégia de boicote do ex-presidente Morales, que pregava votos nulos e em branco, não encontrou ressonância esperada, uma vez que os votos nulos representaram apenas 4,69% do total e os brancos, meros 0,75%. De um eleitorado de 7,5 milhões de cidadãos aptos, uma robusta participação de 6,5 milhões (85,9% do total) confirmou o engajamento cívico na Bolívia.
Mudanças Geográficas do Apoio Político
O mapa eleitoral da Bolívia sofreu notáveis alterações, evidenciando o realinhamento político que favoreceu Paz. Ele saiu vitorioso em 6 dos 9 departamentos, divisões equivalentes a estados. É importante destacar que, em 2020, o atual presidente Luis Arce, do MAS, havia vencido em todas essas localidades logo no primeiro turno. A vitória mais expressiva de Paz, em termos percentuais, foi observada no departamento de La Paz, um bastião historicamente ligado a movimentos indígenas e ao próprio MAS.
Cochabamba, outro tradicional reduto de Evo Morales – local onde o ex-líder sindical, enfrentando acusações de corrupção e estupro de uma adolescente, reside atualmente em um acampamento cercado por apoiadores – também foi conquistado por Rodrigo Paz. Por outro lado, Jorge ‘Tuto’ Quiroga garantiu a vitória nos departamentos de Beni, Tarija e Santa Cruz de la Sierra. Nestas últimas áreas, representantes da direita já haviam prevalecido em eleições anteriores, há cinco anos. Santa Cruz, um reduto com perfil mais conservador e pró-mercado, e uma forte presença do empresariado agroindustrial, representou a maior vitória para Quiroga. Curiosamente, Tarija, sua base política onde atuou como senador e prefeito, também optou por Quiroga.
Para contextualizar, em eleições passadas, o MAS havia angariado 55% dos votos em âmbito nacional e dominado o pleito em seis dos nove departamentos. Tarija, juntamente com Santa Cruz, estava entre os poucos locais onde o grupo de esquerda perdeu a vantagem na época. O partido Creemos, liderado pelo ex-governador Luis Fernando Camacho, registrou vantagem nesses dois departamentos em 2020. No departamento de Beni, o MAS ficou em segundo lugar, praticamente empatado com o grupo político Comunidad Ciudadanía (CC), do ex-presidente Carlos Mesa.
Estratégia Moderada de Paz e o Desgaste da Esquerda
A campanha de Rodrigo Paz, à frente do Partido Democrata Cristão (PDC), focou em uma mensagem de moderação, incentivo ao diálogo e proposta de reconstrução nacional. Esta abordagem visava distinguir-se tanto do populismo inerente ao MAS quanto de uma oposição conservadora mais incisiva. Essa estratégia se revelou decisiva para angariar o apoio de eleitores que se sentiam desapontados com as crescentes divisões internas no movimento de Evo e o perceptível desgaste da administração de Luis Arce, que também enfrentava rachas significativos dentro de sua própria base. As divisões e desilusões com o governo vigente permitiram que Paz capitalizasse sobre a insatisfação geral, prometendo um futuro de estabilidade e cooperação, em contraponto à turbulência política observada anteriormente, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada da política boliviana. Para mais detalhes sobre os desafios políticos na Bolívia e em outros países latino-americanos, veja a cobertura de fontes confiáveis como a BBC Brasil, que frequentemente aborda temas semelhantes.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Discurso de Unidade e Desafios para a Governança
Em seu discurso de vitória, Rodrigo Paz defendeu vigorosamente um governo de unidade nacional, ao mesmo tempo em que criticou o ambiente de polarização e hostilidade que tem caracterizado o cenário político boliviano nos últimos anos. “Não podemos permitir que o insulto e o ódio sejam parte do exercício democrático na Bolívia”, declarou Paz. Enfatizando prioridades pragmáticas, ele acrescentou: “A ideologia não dá de comer. O que dá de comer é o direito ao trabalho, instituições fortes e segurança jurídica.”
Apesar da vitória presidencial, Paz enfrentará um cenário complexo e desafiador no Parlamento. Seu partido não conquistou maioria legislativa, o que exigirá dele a formação de amplas alianças para governar eficazmente, em um ambiente que já se mostra propenso a agitações sociais e dissenções políticas. Na Câmara dos Deputados, o PDC de Paz garantiu 47 dos 130 assentos para a próxima legislatura, enquanto no Senado, obteve 16 das 36 cadeiras. O Movimento ao Socialismo (MAS), que outrora dominava o Congresso, teve um de seus piores resultados históricos, diminuindo consideravelmente sua presença no Legislativo.
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A ascensão de Rodrigo Paz à presidência da Bolívia representa um momento crucial, encerrando uma era política e inaugurando um período que demanda habilidade para negociação e consolidação. A superação das divisões ideológicas e a busca por um governo de unidade serão fundamentais para a estabilidade e o progresso do país nos próximos anos. Para aprofundar seu conhecimento sobre o desenrolar político e os eventos marcantes que moldam a região, convidamos você a explorar mais notícias em nossa editoria de Política e manter-se informado.
Crédito da imagem: Marcelo Gomez/AFP


