Rodrigo Paz Eleito: Bolívia Vê Novos Ventos de Mudança

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Em um resultado eleitoral que reorienta o cenário político boliviano, Rodrigo Paz é eleito presidente da Bolívia, assumindo a liderança do país com a promessa de “ventos de mudança e renovação”. O anúncio da vitória, divulgado neste domingo (19), marca uma inflexão significativa para a direita na nação andina, após um período de duas décadas sob governos de inclinação esquerdista.

Após a apuração de 91,2% dos votos, Paz conquistou 54,5% do total, consolidando-se como o novo chefe de estado. Durante sua declaração após a vitória, o presidente eleito expressou gratidão pelo apoio recebido ao longo da campanha, reforçando os pilares de sua visão de futuro para a Bolívia: “Deus, pátria e a família são a base de uma visão que, junto com seu vice-presidente, Edman Lara, têm para o país e para todos os bolivianos”. A proposta de Paz buscou atrair eleitores desiludidos com as gestões anteriores da esquerda, apresentando alternativas mais moderadas para desmobilizar a polarização política existente no país.

Rodrigo Paz Eleito: Bolívia Vê Novos Ventos de Mudança

Paz, identificado como um candidato de centro, registrou seu voto na cidade de Tarija neste domingo (19). Sendo filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, o novo líder boliviano acena para o diálogo internacional, mencionando uma possível aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Prioridades do Governo Paz: Segurança Pública e Economia

Um dos pilares do plano de governo de Rodrigo Paz reside na segurança pública e na estabilidade institucional. O discurso do novo presidente é notavelmente mais conciso e menos polarizador do que o de seus antecessores. Ele frequentemente destaca a intenção de “fortalecer as instituições”, com especial atenção ao sistema judicial. Segundo Paz, este fortalecimento é crucial para combater eficazmente o crime organizado. “A justiça é a base para o progresso de qualquer país, e precisamos de instituições fortes e independentes que assegurem a lei para todos”, declarou Paz em diversas ocasiões durante sua campanha eleitoral.

No pacote de medidas proposto, incluem-se a modernização e a profissionalização das Forças Armadas, juntamente com a implementação de “tecnologias digitais avançadas”. Contudo, o detalhamento sobre como essas tecnologias seriam aplicadas ou os meios para financiá-las não foi especificado no plano divulgado.

No âmbito econômico, a proposta central de Paz foi batizada de “capitalismo para todos”. Este conceito se traduz na promoção do crescimento econômico através de incentivos robustos ao setor privado, enquanto se mantêm e se fortalecem programas sociais voltados para as camadas mais vulneráveis da população. O presidente eleito também prometeu esforços para formalizar a extensa economia informal da Bolívia, além de medidas para cortar gastos públicos considerados supérfluos e descentralizar as operações do Estado. Nestas propostas econômicas, Paz demonstra uma clara tentativa de diálogo com o eleitorado que tradicionalmente apoiava a esquerda, buscando reverter a percepção de um governo socialista. “A Bolívia não é socialista”, afirmou Paz durante um evento de campanha no mês passado. “A Bolívia trabalha com capital, trabalha com dinheiro… porque 85% da economia é informal. Não queremos austeridade severa, mas uma economia forte, justa e voltada para gerar oportunidades a todos os bolivianos”, reiterou o presidente eleito.

Contudo, críticos às suas propostas levantam questões sobre a exequibilidade de tais promessas. Jonathan Fortun, pesquisador do Instituto de Finanças Internacionais, alertou à agência de notícias Reuters sobre a gravidade da situação fiscal. “O rombo fiscal é imenso”, observou Fortun. “A questão não é se um ajuste virá, mas quão rápido e quão disruptivo ele será”, acrescentou, indicando os desafios econômicos que o novo governo terá pela frente.

Diplomacia e Relações Internacionais

As relações exteriores sob a gestão de Rodrigo Paz prometem ser marcadas por um pragmatismo que prioriza os interesses nacionais. Em relação ao Brasil, apesar de manifestar divergências com o governo do presidente Lula, Paz enfatizou que “o Brasil é nosso principal parceiro estratégico”. Com isso, sua administração busca fortalecer a parceria entre a Bolívia e o Brasil, assegurando a manutenção da participação boliviana em blocos regionais importantes como o Mercosul e o Brics. Durante a campanha, também foram aventadas propostas para ampliar a cooperação econômica e desenvolver projetos de infraestrutura conjunta.

Rodrigo Paz Eleito: Bolívia Vê Novos Ventos de Mudança - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Sobre as relações com os Estados Unidos, Rodrigo Paz optou por não se posicionar diretamente sobre o então presidente Donald Trump. No entanto, o líder boliviano defendeu uma “aproximação pragmática” com os EUA, assegurando que a política externa de seu governo não será pautada por alinhamentos ideológicos. Sua postura tem sido percebida como moderada nas relações internacionais. “Ideologias não colocam comida na mesa”, sentenciou Paz, reiterando a prioridade em resultados concretos sobre embates doutrinários.

O Fim de Vinte Anos da Esquerda no Poder

A eleição de Rodrigo Paz simboliza o encerramento de duas décadas de hegemonia da esquerda na Bolívia. Fatores como a carência de dólares e combustíveis, além de uma inflação anual que superou os 23%, levaram os eleitores a descredenciar no primeiro turno o Movimento ao Socialismo (MAS). O partido, outrora liderado por Evo Morales, dominou a política boliviana por vinte anos, desde o início do ciclo em 2006. O fim dessa era é consolidado pela saída de seu sucessor, Luis Arce, agora adversário de Paz.

Sob a gestão do MAS e da esquerda, a Bolívia vivenciou um período que começou com a prosperidade advinda da nacionalização do gás natural. Contudo, essa bonança deu lugar a uma drástica redução na produção do recurso, que historicamente foi a principal fonte de divisas para o país. Atualmente, a nação de 11,3 milhões de habitantes enfrenta sua mais grave crise em quatro décadas, marcada por longas filas em postos de gasolina e para a aquisição de alimentos básicos subsidiados, como arroz e óleo. A mudança de governo representa a esperança de reverter este cenário e construir um novo capítulo para a Bolívia.

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Foto: REUTERS/Adriano Machado

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