A Lei 15.238, sancionada pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, reconheceu oficialmente Robson Sampaio como Patrono do Paradesporto Brasileiro. O ato foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na última sexta-feira, dia 24, consolidando o legado de uma das figuras mais influentes e dedicadas ao esporte paralímpico nacional.
Essa oficialização representa um marco significativo para o esporte adaptado no Brasil, honrando a trajetória de Robson Sampaio, um alagoano cujo esforço e visão foram cruciais para o desenvolvimento e a ascensão do movimento paralímpico no país. Sua vida foi dedicada à promoção da inclusão através do esporte, culminando neste reconhecimento público e merecido de sua extraordinária contribuição histórica.
Robson Sampaio É Patrono do Paradesporto Brasileiro por Lei
A designação de Robson Sampaio como Patrono do Paradesporto Brasileiro reflete uma jornada notável, iniciada décadas antes da popularização do movimento no Brasil. Ele se destacou como uma figura central nos primórdios da participação brasileira nos Jogos Paralímpicos, sendo um verdadeiro desbravador que abriu caminhos e inspirou futuras gerações de atletas com deficiência. Seu papel transcendeu a mera competição, assumindo a função de um catalisador para a organização e a expansão do paradesporto.
Um Pioneiro e Conquistador da Primeira Medalha Nacional
A história de Sampaio está intrinsecamente ligada à conquista da primeira medalha do Brasil em Jogos Paralímpicos. O feito ocorreu em 1976, durante a edição dos Jogos de Toronto, no Canadá. Naquela ocasião memorável, Robson Sampaio, em parceria com Luiz Carlos, obteve uma valiosa medalha de prata na modalidade Lawn Bowls. Este esporte, precursor da bocha praticada em gramados, marcou a estreia gloriosa do Brasil no pódio paralímpico, um momento de imenso orgulho e esperança para o incipiente cenário esportivo adaptado brasileiro.
A relevância e as condições incomuns desta medalha foram amplamente destacadas por especialistas. Em um depoimento ao programa “Caminhos da Reportagem”, da TV Brasil, a Dra. Michele Barreto, especialista em Educação Física com foco em Atividade Física Adaptada, sublinhou as circunstâncias pioneiras daquela época. Segundo Barreto, o objetivo primordial da organização dos jogos era a participação das nações, e a estrutura das competições ainda não possuía a rigidez e a padronização observadas nos dias atuais. Atletas brasileiros, incluindo o próprio medalhista Luiz Carlos, admitiram publicamente que desconheciam completamente a modalidade Lawn Bowls, tendo viajado para o Canadá com a intenção de competir em natação e basquete – esportes que já contavam com alguma prática e desenvolvimento no Brasil.
Chegando ao local das competições, Sampaio e Luiz Carlos depararam-se com o Lawn Bowls. Diante da falta de equipamento específico, eles precisaram improvisar, pegando bolas emprestadas, mas a determinação os impulsionou, culminando na histórica medalha de prata para o Brasil. Esse episódio ilustra vividamente o espírito de improvisação, coragem e resiliência que caracterizou os primeiros anos do Movimento Paralímpico no Brasil, bem como a audácia desses atletas. A perseverança em competir e a notável capacidade de adaptação foram elementos fundamentais para que o Brasil trouxesse para casa sua primeira e tão significativa glória paralímpica.
O Nascimento do Clube do Otimismo e o Legado Inicial no Paradesporto
A atuação de Robson Sampaio no paradesporto não se restringiu à participação como atleta em competições. Sua vivência pessoal nos Estados Unidos foi um divisor de águas: durante seu processo de reabilitação, ele conheceu e começou a praticar o basquete em cadeira de rodas, vislumbrando o potencial transformador do esporte adaptado. De volta ao Brasil, ele canalizou essa valiosa experiência para a criação de iniciativas que pudessem replicar o impacto positivo observado no esporte adaptado.
Em 1958, na vibrante cidade do Rio de Janeiro, Sampaio, em uma colaboração fundamental com o técnico Aldo Miccolis, fundou o icônico Clube do Otimismo. Esta organização não só se tornou um marco para o paradesporto brasileiro, mas também antecedeu em dois anos a primeira edição dos Jogos Paralímpicos em Roma, Itália, em 1960. É importante notar que o Brasil ainda não fazia parte das nações participantes daquela edição inaugural, o que demonstra o quão vanguardista foi a iniciativa de Sampaio ao estabelecer uma estrutura dedicada ao esporte adaptado em território nacional tão precocemente.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
O Clube do Otimismo foi muito mais que um grupo de praticantes; foi um verdadeiro berço para o desenvolvimento de atletas e um centro essencial para a disseminação do basquete em cadeira de rodas, servindo como modelo inspirador para outras iniciativas que surgiriam posteriormente no país. A fundação de um clube com esse foco específico em 1958, apenas oito anos após a criação dos Jogos de Stoke Mandeville (que futuramente evoluiriam para os Jogos Paralímpicos), sublinha a visão de longo alcance e a liderança de Sampaio no contexto global e nacional do esporte adaptado.
Participação Nas Primeiras Delegações Brasileiras de Atletas
Além de sua atuação fundamental na organização e no desenvolvimento inicial do paradesporto, Robson Sampaio também foi um atleta de ponta em seu próprio direito. Ele integrou, com honra, a primeira delegação oficial do Brasil a participar dos Jogos Paralímpicos. Este evento histórico ocorreu em Heidelberg, Alemanha, onde Sampaio representou o país nas disputas de basquete em cadeira de rodas e no atletismo, demonstrando sua versatilidade e compromisso.
Sua dedicação em ser parte ativa das delegações, enfrentando os desafios logísticos e as limitações de recursos características da época, solidificou seu papel como um pilar essencial do Movimento Paralímpico no Brasil. O legado de Robson Sampaio, uma vida dedicada ao esporte adaptado e à superação, é um convite à reflexão sobre a resiliência e a capacidade humana de transcender adversidades. Sua história inspira o Comitê Paralímpico Brasileiro a continuar seu trabalho de excelência em inclusão e fomento esportivo.
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A sanção da Lei 15.238 formaliza o merecido reconhecimento a Robson Sampaio, uma figura seminal cuja influência moldou significativamente o Paradesporto Brasileiro. Sua visão pioneira e as conquistas inigualáveis, desde a fundação do visionário Clube do Otimismo até a histórica medalha em Toronto e a participação nas primeiras delegações, deixam um legado inspirador e duradouro para as futuras gerações. Continuaremos a acompanhar e celebrar o desenvolvimento esportivo, convidando você, nosso leitor, a explorar mais sobre histórias de superação, vitórias e os desafios superados em nossa editoria de Esporte.
Crédito da imagem: Robson Sampaio/Acervo Pessoal/Direitos Reservados



