O Rio+Agro debate soluções inovadoras para agronegócio em um encontro internacional de relevância estratégica para o setor. Especialistas de diversas áreas se reúnem no Rio de Janeiro com o objetivo de traçar os caminhos para um futuro mais sustentável da produção rural. A segunda edição do Fórum Internacional Rio+Agro, que se encerra nesta sexta-feira (3), tem destacado abordagens criativas e eficientes para desafios do campo e da cidade.
Entre os projetos apresentados, a criatividade de jovens estudantes tem se destacado. Miguel Baring e Mateus, por exemplo, idealizaram e implementaram um sistema de irrigação inovador para a horta de uma escola pública. Sua invenção emprega uma célula fotovoltaica, responsável por captar energia solar. Essa energia alimenta um sensor de chuva e um eletroímã, que controlam a liberação de água para irrigar toda a horta a cada quatro horas. Esse método otimiza o uso da água e gera significativa economia hídrica.
Rio+Agro debate soluções inovadoras para agronegócio
As inovações não se limitam apenas à tecnologia desenvolvida por estudantes. No âmbito da produção familiar, Samiê Seabra demonstrou como a tradição pode se reinventar. Sua família, que atua na produção de goiabada, atualizou seus métodos para operar com uma pegada ambiental reduzida. A principal mudança envolveu a substituição da irrigação elétrica por um sistema gravitacional, aproveitando a topografia do terreno. Adicionalmente, o manejo de resíduos é inteiramente integrado ao ciclo do sítio, com sementes e subprodutos transformados em ração para animais como galinhas, porcos e até mesmo peixes em um córrego que atravessa a propriedade. Essa circularidade é um modelo exemplar de sustentabilidade no agronegócio.
A otimização de espaços e recursos também foi abordada no fórum. O engenheiro agrônomo Sael Sanches Elias apresentou um sistema de cultivo de cogumelos que exemplifica alta eficiência. Este método utiliza resíduos agrícolas como substrato para a produção, transformando o que antes seria descartado em um alimento de alto valor agregado. Em um ambiente controlado e compactado, é possível alcançar o dobro da produção tradicional, enquanto a água utilizada no processo é meticulosamente reutilizada. Tal abordagem representa uma solução robusta para a agricultura vertical e intensiva, especialmente em áreas com restrição de espaço e recursos hídricos.
Um dos pilares do futuro do agronegócio sustentável, discutido no Rio+Agro, é a integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF). Francisco Matturro, presidente executivo da Rede ILPF, ressaltou os inúmeros benefícios dessa abordagem. Ao diversificar as culturas e atividades em uma mesma área, os produtores saem do modelo de monocultura, que frequentemente torna o solo mais suscetível. Essa diversificação não apenas reduz a incidência de pragas, diminuindo a necessidade de defensivos, mas também promove a saúde do solo, estimulando a ação de microrganismos. Consequentemente, a prática de ILPF contribui para a preservação de nascentes, Áreas de Preservação Permanente (APPs) e cursos d’água, criando um ecossistema mais resiliente e produtivo. Esse método ilustra um modelo próspero para o agronegócio no Brasil.
Desde as soluções mais elementares, como as práticas de manejo familiar, até as inovações tecnológicas mais sofisticadas, a conexão entre as ciências agrárias e a proteção ambiental é mais do que nunca essencial para o futuro da cadeia produtiva rural. O Fórum Internacional Rio+Agro atua como um catalisador para essa conexão, envolvendo desde o pequeno agricultor à grandes empresas, no campo ou em áreas de cultivo urbano. É no palco deste evento que se definem estratégias cruciais para um futuro harmonioso entre produção e conservação.
Imagem: g1.globo.com
Lideranças e expositores presentes veem o Rio+Agro como um ensaio fundamental para a COP30, a conferência da ONU sobre o clima que será sediada em Belém, no Pará, em novembro. O Brasil, país que sediou a primeira conferência global do clima, a Rio-92, tem agora a oportunidade de reassumir um papel de protagonismo no debate ambiental global. Conforme apontado por Ana Margarida Castro Euler, diretora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a capacidade do Brasil de liderar pelo exemplo no agronegócio e sustentabilidade é possível graças aos avanços científicos, tecnológicos e inovadores que impulsionam o setor no país. A Embrapa, inclusive, é uma das instituições chaves para esses desenvolvimentos.
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Em suma, o Rio+Agro demonstra que o futuro do agronegócio reside na convergência entre sustentabilidade, tecnologia e inovação, aplicando soluções desde o micro até o macroprodutor. Para se manter atualizado sobre os desdobramentos desse e outros eventos cruciais para o cenário nacional, continue acompanhando nossa editoria de Economia.
Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
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