Reforma do Hotel Nacional de Brasília Inicia Após 5 Anos: Após um período de portas fechadas que se estendeu por cinco anos, marcado pela ausência de hóspedes e equipe, o emblemático Hotel Nacional de Brasília se prepara para um novo capítulo. As obras de revitalização estão agendadas para começar na próxima segunda-feira, dia 27 de maio, com a promessa de devolver o glamour e a funcionalidade ao que foi o primeiro hotel de luxo da capital federal, inaugurado em 1961.
O projeto ambicioso visa transformar o complexo sem descaracterizar sua essência. A reabertura está estrategicamente planejada para o dia 21 de abril de 2028, coincidindo com o 68º aniversário de Brasília, solidificando a intenção de a Incorp – a empresa responsável – marcar uma nova era para o empreendimento. Durante os últimos anos, a discussão do projeto envolveu órgãos como o Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), garantindo que as intervenções respeitem o valor histórico e arquitetônico do local.
Reforma do Hotel Nacional de Brasília Inicia Após 5 Anos
A reforma do Hotel Nacional prevê uma modernização completa, abrangendo desde as salas de reunião e restaurantes até as áreas de lazer, como sauna e piscina. Uma das alterações significativas será a readequação do número de quartos, que passará de 347 para 300. Essa redução visa atender às mais recentes normas de acessibilidade, proporcionando conforto e segurança para todos os hóspedes, conforme diretrizes da arquitetura contemporânea e legislações vigentes.
Saulo Mesquita, representante da Incorp, delineou a visão por trás da revitalização. “Nossa intenção é recriar o Hotel Nacional em sua glória original dos anos 60 e 80, infundindo-o, ao mesmo tempo, com a modernidade necessária para satisfazer as demandas do público nas décadas de 2020 e 2030”, afirmou Mesquita. Essa abordagem dupla busca harmonizar o charme clássico com as conveniências contemporâneas, prometendo uma experiência única aos futuros visitantes. A estética exterior será meticulosamente preservada, garantindo que a fachada do prédio continue a ser um ícone de Brasília, utilizando materiais compatíveis com os da época de sua construção para manter a autenticidade histórica.
O Caminho da Revitalização e os Desafios Vencidos
A concretização da revitalização do Hotel Nacional representa a superação de um longo e complexo processo. Em 2018, o patrimônio do Hotel Nacional de Brasília foi a leilão para o pagamento de dívidas acumuladas. A Incorp saiu vitoriosa no certame, arrematando o imóvel por significativos R$ 93 milhões. Contudo, os antigos proprietários só desocuparam o espaço em 2020, após uma ordem judicial de despejo, adicionando dois anos de espera ao cronograma inicial para a recuperação do complexo.
Durante o período em que permaneceu fechado, a nova gestão da Incorp dedicou-se também à importante tarefa de catalogar as diversas obras de arte que adornavam o hotel, incluindo esculturas e quadros de grande valor artístico. Este acervo será cuidadosamente realocado para um museu que será construído nas dependências do próprio Hotel Nacional, valorizando ainda mais a experiência cultural dos hóspedes e visitantes e preservando a memória da propriedade. A previsão é que a totalidade da reforma, essencial para a reabertura do empreendimento, se estenda por aproximadamente três anos, com grande parte focada em instalações e infraestrutura.
Passado Glorioso: Palco de História e Celebridades
Nos primeiros anos de sua existência, o Hotel Nacional de Brasília se destacava de forma proeminente na paisagem urbana. Inaugurado antes do surgimento de empreendimentos icônicos como o Conjunto Nacional e o Conic, sua imponente estrutura de 43,4 mil metros quadrados compartilhava a vista com o Congresso Nacional e outros ministérios. Seus salões suntuosos e a cobiçada pérgola da piscina eram cenários de reuniões políticas de grande relevância, desfiles de celebridades, grandes eventos sociais e até mesmo encontros com curiosos em busca de autógrafos das personalidades que frequentavam o local.
A história do Hotel Nacional é amplamente enriquecida pela presença de figuras ilustres. A rainha Elizabeth II da Inglaterra, acompanhada pelo príncipe Philip, marcou a história do local em 1968, ao se hospedar e estrear a suíte presidencial, estrategicamente situada no 9º andar do edifício. Curiosamente, uma placa comemorativa da visita do casal real, que permanece afixada no corredor dos elevadores no térreo, apresenta a palavra “majestade” gravada com ‘g’ no lugar de ‘j’, um detalhe que se tornou parte da rica anedotário do hotel. Um acervo da TV Globo, que inclui uma reportagem do jornalista Carlos Monforte veiculada em 18 de agosto de 1994, recupera imagens dessa e de outras passagens notáveis.
A lista de hóspedes notáveis transcende o protocolo real. Entre os líderes globais que pernoitaram nas luxuosas suítes, destacam-se os presidentes dos Estados Unidos Jimmy Carter e Ronald Reagan, o presidente francês Charles De Gaulle, a primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi, e os cosmonautas soviéticos Andrian Nikolayev e Pavel Romanovich Popovich. No cenário artístico, o Hotel Nacional era o ponto de encontro de admiradores do cantor Roberto Carlos, que arrastava multidões à sua portaria sempre que se apresentava na capital do país. O célebre “Livro de Ouro” do hotel preserva mensagens autografadas de grandes nomes como a atriz Fernanda Montenegro, o astro de “Grease – Nos Tempos da Brilhantina” John Travolta, e a icônica atriz francesa Catherine Deneuve, eternizando um período de brilho cultural e social para o hotel e para a história de Brasília.
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Com a proximidade do início da reforma, a expectativa é alta para a reintrodução do Hotel Nacional de Brasília no circuito de grandes hospedagens, recuperando seu status de um dos símbolos mais importantes da capital federal. A revitalização não só trará de volta um espaço de prestígio, mas também celebrará a rica tapeçaria histórica de Brasília, conectando passado, presente e futuro em uma só edificação. Para mais detalhes e o acompanhamento completo sobre o panorama do desenvolvimento urbano e cultural na capital, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Secretaria de Comunicação Social/Arquivo Público do DF/Reprodução

