A redução de incêndios em SP alcançou uma marca significativa em agosto de 2025, com uma queda impressionante de 86% nos focos de calor comparado ao mesmo período do ano anterior. O estado de São Paulo, que enfrentou um dos meses mais críticos em queimadas em sua história recente em 2024, implementou uma série de ações coordenadas que resultaram na drástica diminuição dos incidentes florestais e urbanos.
De acordo com o balanço divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o mês de agosto de 2025 registrou um total de 494 focos de incêndio. Este número representa uma melhoria substancial em contraste com os 3.612 focos computados em agosto de 2024, quando o estado paulista vivenciava o ápice da crise das queimadas. A média histórica para este período, que é de 1.014 ocorrências, evidencia ainda mais o sucesso das recentes intervenções estaduais e a eficiência das novas medidas.
Para evitar a repetição do cenário catastrófico vivido em 2024, o Governo de São Paulo articulou uma robusta força-tarefa e uma profunda reflexão estratégica. Envolvendo as Secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Segurança Pública e Defesa Civil, a iniciativa buscou métodos inovadores e eficazes para conter a proliferação das chamas. Este esforço coletivo é a chave para a compreensão de como o estado obteve uma marcante Redução de Incêndios em SP Atinge 86% Graças a Novas Estratégias, um título que bem descreve o empenho governamental na preservação ambiental e segurança pública.
As ações preventivas e de combate, conforme detalhado pelo Tenente Maxwel de Souza, porta-voz da Defesa Civil da Polícia Militar, tiveram início no final de 2024. Uma das primeiras e mais estratégicas medidas foi o envio de uma comitiva oficial à Europa. Espanha e Portugal foram os países escolhidos para esta missão de estudo, onde foram minuciosamente analisados os protocolos de atuação e os sistemas empregados pelas autoridades locais no enfrentamento de grandes incêndios florestais. Souza explicou que o objetivo da viagem foi “observar os protocolos de atuação, os equipamentos, todo o sistema que eles utilizam” para combater os frequentes e devastadores incêndios que assolam as nações europeias, retornando com valiosas inspirações e aprendizados.
Inovação com a “Sala SP Sem Fogo” e Monitoramento 24h
As ideias colhidas no Velho Continente, somadas a análises internas, culminaram na criação da inovadora “Sala SP Sem Fogo”. Essa iniciativa representa um novo protocolo de análise de ocorrências e funciona com o que há de mais moderno em monitoramento ambiental. Ela permite a vigilância ininterrupta de variáveis cruciais como focos de calor em tempo real, direção e velocidade dos ventos, e os níveis de umidade do ar, proporcionando uma visão preditiva sem precedentes.
No coração desta operação, dentro do Centro de Gerenciamento de Emergências, meteorologistas e analistas dedicam-se 24 horas por dia à análise climática. Eles são os responsáveis por processar os dados e emitir alertas e boletins meteorológicos contínuos para os gestores que estão na linha de frente – bombeiros, Defesa Civil e administradores de parques florestais. Segundo o Tenente Souza, a capacidade de “analisar agora o foco de incêndio” com tal profundidade e em tempo real é uma evolução que o estado não possuía anteriormente. O boletim detalhado inclui informações cruciais como temperatura local, velocidade e sentido do vento, projeções de mudança de direção do vento, umidade relativa do ar, condição do solo, contagem de dias sem chuva e a previsão de chuvas futuras.
Com tais dados estratégicos e precisos em mãos, a eficiência do combate aos focos de incêndio é consideravelmente ampliada. Torna-se possível remanejar efetivos, reagrupar equipamentos e até mesmo mobilizar aeronaves de forma mais assertiva, resultando em uma resposta significativamente mais rápida e eficaz. A atuação da “Sala SP Sem Fogo” está programada para se estender até o final de outubro, mantendo a vigilância sobre todo o território paulista durante o período mais crítico. Para uma compreensão mais aprofundada sobre as dinâmicas dos incêndios e os dados científicos relacionados a esse tipo de evento, você pode visitar o portal do Programa Queimadas do Inpe.
Endurecimento da Legislação Ambiental Reforça Punições
Paralelamente às inovações em monitoramento e planejamento, o estado de São Paulo revisou sua legislação ambiental neste ano, adotando medidas mais rigorosas. As mudanças visam impor penalidades mais severas e justas aos responsáveis por queimadas ilegais, servindo como um potente fator de dissuasão. Agora, quem for flagrado provocando incêndios em áreas produtivas ou de vegetação sem a devida permissão poderá ser multado em R$ 3 mil por hectare atingido. Em situações consideradas mais graves, como ocorrências em terras indígenas ou áreas de preservação, essa multa pode inclusive dobrar, evidenciando o comprometimento com a proteção dessas regiões. Anteriormente, o valor máximo previsto era de R$ 1,5 mil por hectare, uma pena menos impactante.

Imagem: g1.globo.com
Adicionalmente, uma nova sanção específica foi criada para proprietários rurais que falharem em adotar medidas preventivas adequadas contra incêndios florestais em suas terras. As multas para esta infração podem variar significativamente, indo de R$ 5 mil a R$ 10 milhões, dependendo da extensão da área e da gravidade da negligência, sinalizando um controle mais rigoroso e uma responsabilidade acrescida. Os impactos dessas novas legislações também se refletem no sistema judiciário; o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) informou que, em 2024, houve 246 processos com condenações por crimes de incêndio. Até julho de 2025, este número já atingiu 166, indicando que a fiscalização e a punição permanecem ativas e eficazes.
Contrastando com o Cenário Crítico de 2024
O sucesso alcançado na redução de incêndios em SP é ainda mais notável quando comparado ao cenário caótico vivido há apenas um ano. Em 23 de agosto de 2024, diversas cidades, principalmente nas regiões de Ribeirão Preto (SP) e São José do Rio Preto (SP), enfrentaram uma onda sem precedentes de queimadas. Naquele dia específico, o Inpe registrou impressionantes 1.886 focos de incêndio em apenas 24 horas, o que equivalia a cerca de 78,5 focos surgindo a cada uma hora, sobrecarregando equipes e recursos.
Entre os dias 22 e 23 de agosto de 2024, o total de focos em São Paulo atingiu 2.316. Este valor representou quase sete vezes o total de incidentes computados em todo o mês de agosto de 2023, que somou apenas 352 ocorrências, demonstrando a gravidade e a intensidade da crise. A densidade da fumaça foi tamanha que “fez o dia virar noite” em Ribeirão Preto e nas cidades vizinhas de Cravinhos (SP), Dumont (SP), Jardinópolis (SP) e Sertãozinho (SP), comprometendo gravemente a visibilidade nas rodovias e culminando em acidentes e engavetamentos em diversas estradas da região.
As consequências ambientais e de saúde pública foram severas e generalizadas. Plantações foram destruídas, vastas áreas de vegetação sucumbiram às chamas, e a qualidade do ar atingiu níveis críticos, dos piores já aferidos pela Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), afetando diretamente a saúde dos moradores, que enfrentaram problemas respiratórios e outros males. Diante da emergência, aulas foram suspensas, eventos esportivos e atividades ao ar livre cancelados em cerca de 50 municípios paulistas, que ficaram em estado de alerta. Para lidar com a gravidade da situação, um gabinete de crise foi instituído pelo governo de São Paulo, e até as Forças Armadas foram acionadas para auxiliar no árduo e complexo combate às chamas.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
Em suma, a notável diminuição dos incêndios em São Paulo em 2025 reflete um esforço multifacetado do governo, combinando inteligência internacional, tecnologia de monitoramento 24 horas por dia e uma reformulação legislativa para endurecer as punições e responsabilizar os infratores. O estado de São Paulo demonstrou que, com coordenação, inovação e rigor nas políticas ambientais, é possível reverter quadros ambientais críticos e proteger seu território e população. Para mais insights sobre questões ambientais e iniciativas de desenvolvimento urbano no Brasil, continue acompanhando as notícias em nossa editoria de Cidades.
Foto: VINCENT BOSSON/FOTOARENA
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados