Neste domingo, uma nova etapa na trajetória de milhares de educadores brasileiros foi marcada pela primeira edição da Prova Nacional Docente (PND). O exame, que teve início às 13h30 (horário de Brasília) e se estendeu por cinco horas e trinta minutos, atraiu mais de 1,08 milhão de inscritos em todo o país. Essa avaliação representa um passo obrigatório para os estudantes que concluirão o curso de licenciatura em 2025 e uma oportunidade estratégica para professores já atuantes que buscam usar sua pontuação em processos seletivos estaduais e municipais, no que é chamado de “CNU dos Professores”. Os candidatos puderam deixar as salas após duas horas de aplicação, concluindo o período de provas às 19h.
A iniciativa faz parte de um movimento mais amplo do Ministério da Educação (MEC) para valorizar e qualificar o magistério. O objetivo primordial da PND é medir o desempenho dos futuros e atuais docentes, fomentando a melhoria contínua da educação básica brasileira. É nesse contexto de desafios e aspirações que diversas histórias inspiradoras emergem, revelando a paixão e o compromisso desses profissionais com o futuro do país.
Prova Nacional Docente Reúne Mais de Um Milhão Por Futuro
A paixão por transformar vidas através do conhecimento foi um denominador comum entre muitos participantes da PND. No Distrito Federal, Francisco Gilvar Pereira da Silva, de 56 anos, foi um desses candidatos. Filho de pais analfabetos do Piauí, Francisco iniciou sua jornada profissional aos sete anos, carregando areia e madeira. Sua vinda para Brasília o levou a trabalhar como auxiliar de limpeza em uma escola particular, onde o ambiente acadêmico despertou o desejo de lecionar. Após uma primeira graduação em administração, ele agora está finalizando Letras – Português, sua segunda licenciatura, com o firme propósito de retornar à sua cidade natal, Amarante (PI), para fazer a diferença na educação, como ele mesmo afirma: “Sinto uma emoção grande porque tenho vontade de retornar para o meu estado para dar oportunidade àqueles que não têm condições [de estudar], como eu não tive.”
Sonhos e Resiliência na Jornada Educacional
Outro exemplo de superação veio do indígena Marubo, Edinácio Silva Vargas, de 32 anos. Natural da Terra Indígena Vale do Javari (AC), Edinácio nutriu o sonho de ser professor de língua inglesa desde que deixou sua comunidade. Formado em gestão pública pela Universidade Estadual do Amazonas, ele vislumbra unir suas duas formações para oferecer um ensino mais abrangente aos seus futuros alunos. Ele destaca: “Era um sonho antigo de querer falar outra língua. Ainda não estou fluente, mas falta pouco. Também penso nas perspectivas profissionais que o inglês pode proporcionar.” Sua meta é atuar como mediador do conhecimento, ajudando na formação dos estudantes para a vida.
A força do exemplo e a superação de barreiras também caracterizam a história de Diego Lima, futuro professor de educação física. Como atleta paralímpico velocista cadeirante, Diego, que nasceu com paralisia cerebral e já praticou diversas modalidades, foi profundamente inspirado por seus próprios mestres no esporte. A gratidão e o desejo de retribuir o incentivo o motivaram a seguir a docência. Enfrentando dificuldades financeiras que quase o fizeram abandonar a faculdade, ele perseverou graças ao Programa Atleta Cidadão, do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Agora, ele quer “passar o que aprendi para os futuros alunos e dar o conhecimento que eles precisam”, especialmente para outros atletas que venham a buscar um caminho semelhante.
A Influência dos Professores e o Propósito de Ensinar
A escolha da profissão docente muitas vezes nasce de experiências pessoais marcantes. Maíra Araújo dos Santos, de 23 anos, residente em Itapoã, Distrito Federal, é um claro exemplo disso. A decisão por cursar química foi impulsionada pela didática e paixão de sua professora Marina no ensino médio. Para Maíra, a prova é crucial para a obtenção do diploma: “Essa prova é do Enade das Licenciaturas. Então, para a faculdade liberar meu diploma, preciso fazer a PND.” Ela almeja mostrar aos alunos que a química é “muito mais do que uma matéria que vai dar medo”, desmistificando a área e tornando-a mais acessível, como sua mentora lhe ensinou.
No caso de Solange Oliveira Braga, formada em pedagogia, a vocação para a educação infantil foi percebida cuidando de seus irmãos mais novos na cidade de São Francisco, em Minas Gerais. A influência de parentes que atuam no magistério também reforçou seu caminho. Solange agora se prepara para o concurso da Secretaria de Educação do Distrito Federal, autorizado para 2026, com o objetivo de lecionar para crianças com menos de 5 anos. Ela vê no “amor verdadeiro” o cuidado com as crianças e se prepara intensamente: “Já estou estudando, porque no ano que vem já vai ter concurso da Secretaria de Educação do DF. Estou nesse propósito.”
Marcela Silva Vaz, de 31 anos, que também concluirá sua licenciatura em 2025, é impulsionada pela estabilidade do serviço público e pelo desejo de causar um impacto positivo. Marcela almeja trabalhar com crianças em situação de vulnerabilidade econômica e social no primeiro ano do ensino fundamental, o período crucial da alfabetização. “Quero ser um diferencial nisso tudo”, afirma ela. A futura professora destaca o papel fundamental do educador na formação de todas as outras profissões e defende a necessidade de as redes de ensino se adaptarem para atender a estudantes neurodivergentes e com outras necessidades especiais. Ela ressalta que, embora os professores enfrentem desafios, “aprendi a dar o meu máximo. Na escola, quero ser uma professora que dá a direção, em conjunto com a família.”

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
PND: O Cenário Nacional e o Compromisso com o Futuro
A dimensão da participação na Prova Nacional Docente demonstra a importância do magistério para o desenvolvimento do Brasil. Dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) revelam a expressividade do engajamento em diferentes regiões do país. Entre as cidades, São Paulo liderou com 84.633 inscritos, seguido pelo Rio de Janeiro, com 28.765, e Brasília/DF, que registrou 18.754 participantes, colocando a capital federal na terceira posição. No cenário estadual, São Paulo confirmou a maior participação com 253.895 inscritos, seguido por Minas Gerais (97.113) e Rio de Janeiro (72.230).
No que tange às áreas de licenciatura avaliadas, Pedagogia se destacou com um total de 560.576 inscritos. Letras – Português veio em segundo lugar, com 73.187 confirmações, seguido de Matemática, com 72.530 participantes, e Educação Física, com 65.911. Esses números ressaltam a busca por formação nas diversas áreas que compõem a educação básica.
A PND será aplicada anualmente e integra o programa “Mais Professores para o Brasil”, que reúne uma série de ações destinadas a reconhecer e qualificar o magistério. A avaliação é pautada na mesma matriz teórica do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas, focado em cursos de formação docente desde sua primeira edição em 2024. Essa iniciativa demonstra o comprometimento em fortalecer o corpo docente nacional, uma meta essencial para a melhoria do sistema educacional brasileiro, conforme o Plano Nacional de Educação e as metas de aprimoramento profissional.
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Em um país que valoriza o investimento em seus futuros líderes e pensadores, o aprimoramento da educação e o apoio aos docentes são pilares cruciais para o desenvolvimento social e econômico. A Próva Nacional Docente emerge como um instrumento fundamental para esse propósito. Para mais informações sobre as iniciativas do governo no setor, consulte as notícias do Ministério da Educação. Queremos continuar trazendo as notícias mais relevantes para você. Acesse nossa categoria de Educação para acompanhar outras análises e desenvolvimentos importantes no cenário educacional do país.
Crédito da imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil



