Os protestos da Geração Z no Peru voltaram a dominar as ruas de Lima nesta quarta-feira (15), marcados por intensos confrontos com a polícia e prisões. As manifestações prosseguem mesmo após o recente impeachment da então presidente Dina Boluarte, ocorrido na semana anterior, e representam o primeiro grande ato contra o presidente interino José Jerí, que assumiu o cargo há seis dias.
A mobilização, amplamente orquestrada através das redes sociais, concentrou-se na emblemática Praça San Martín, no coração da capital peruana. No local, jovens manifestantes foram registrados incendiando cercas, lançando coquetéis molotov, fogos de artifício e diversos objetos em direção às linhas policiais. Em resposta, as forças de segurança empregaram gás lacrimogêneo e balas de borracha na tentativa de dispersar a multidão, conforme divulgado pela imprensa local. O jornal El Comercio reportou que ao menos 29 policiais sofreram ferimentos, e três pessoas foram detidas durante os atos.
Protestos Geração Z Peru: Confrontos e Prisões em Lima
As demandas dos jovens peruanos transcenderam a mera oposição ao presidente interino. Os manifestantes exigem medidas contundentes contra o aumento alarmante da criminalidade no país, o fechamento imediato do Congresso e a convocação de uma assembleia constituinte para redigir uma nova Carta Magna. Esta onda de descontentamento juvenil já vinha se consolidando antes da deposição de Boluarte, com a imprensa local cunhando o termo “protestos da Geração Z” para descrever essas manifestações, caracterizadas pela força e organização dos nascidos entre 1995 e 2009, faixa etária que compreende entre 16 e 30 anos.
Força e Contexto da Geração Z Peruana
A mobilização da Geração Z no Peru reflete um fenômeno global onde os jovens têm desempenhado um papel crucial em movimentos sociais e políticos. No contexto peruano, os atos que agora se estendem também registraram confrontos e feridos, com os primeiros registros significativos em setembro. Inicialmente, as manifestações foram impulsionadas por uma controversa reforma no sistema de aposentadoria proposta pelo governo de Dina Boluarte, que impunha a todos os peruanos acima de 18 anos a adesão obrigatória a um provedor de pensão.
Entretanto, as reivindicações e a insatisfação rapidamente se expandiram, revelando um descontentamento arraigado e de longa data com Boluarte, com o Congresso e com a elite política em geral. O pano de fundo dessa revolta inclui escândalos de corrupção recorrentes, uma crescente insegurança econômica e a percepção de um aumento da criminalidade que afeta a vida cotidiana dos cidadãos. A juventude, conectada e engajada através de plataformas digitais, emergiu como um motor principal para expressar essas frustrações e buscar mudanças estruturais profundas na nação andina. Os desafios políticos no Peru são complexos e foram recentemente explorados por publicações como The Guardian.
A Queda de Dina Boluarte e a Ascensão de José Jerí
A tensão política atingiu seu ápice na madrugada da última sexta-feira (10), quando o Congresso peruano aprovou, por votação unânime, o afastamento da presidente Dina Boluarte. A decisão, que contou com 122 votos a favor – o maior número já registrado em um processo de impeachment no país, superando até mesmo a votação que removeu o ex-presidente Alberto Fujimori – foi baseada em acusações de “incapacidade moral”. O pedido de afastamento mencionava graves denúncias de corrupção, incluindo o notório “Rolexgate”, um caso que investigava uma coleção de relógios de luxo não declarados por Boluarte. O escândalo dos relógios Rolex veio à tona após uma reportagem do programa jornalístico “La Encerrona”, que expôs a utilização de vários acessórios de luxo da marca em eventos oficiais pela então presidente.
Imediatamente após a votação do impeachment, o então chefe do Congresso, José Jerí, de 38 anos, assumiu interinamente a presidência do Peru em uma cerimônia oficial. Membro do partido conservador Somos Peru, Jerí declarou seu objetivo de conduzir um governo de reconciliação nacional e prometeu uma “guerra contra o crime”, afirmando que “o principal inimigo está lá fora, nas ruas: as gangues criminosas”. Com sua posse, Jerí tornou-se o sétimo presidente do país desde 2016, um reflexo da profunda instabilidade política que assola o Peru nos últimos anos. As novas eleições presidenciais já estão agendadas para abril de 2026, prazo final que coincidiria com o término do mandato de Boluarte em 28 de julho de 2026. Jerí garantiu que defenderá a soberania nacional e entregará o poder ao vencedor das urnas na próxima eleição.
Os acontecimentos recentes no Peru, que envolvem intensos protestos, mostram uma população, especialmente os jovens, atenta e atuante nas transformações políticas e sociais do país. A capacidade de mobilização da Geração Z demonstra um engajamento cívico significativo que exige respostas dos seus líderes e reformas profundas para construir um futuro mais estável e justo para a nação.
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Este cenário de agitação social e instabilidade política sublinha a complexidade do momento atual do Peru, com uma juventude determinada a influenciar os rumos do país. Continue acompanhando a nossa editoria de Política para análises detalhadas e as últimas notícias sobre os desdobramentos dessa crise.
Crédito da imagem: CONNIE FRANCE / AFP
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