O Projeto Elas Empreendedoras capacita mulheres de comunidades distantes para transformarem recursos naturais em fonte de sustento e autonomia financeira. Em diversas regiões do Brasil, mulheres, como as do município de Itapiranga, a mais de 300 quilômetros de Manaus, no Amazonas, descobrem habilidades e o potencial de criar produtos valorosos a partir da biodiversidade local.
Esta iniciativa singular tem demonstrado a capacidade de transformação de vidas, revelando talentos e habilidades latentes que muitas participantes sequer imaginavam possuir. Por meio de uma série de oficinas e cursos práticos em áreas variadas, o projeto “Elas Empreendedoras” já beneficiou expressivas 450 mulheres em cinco estados brasileiros, focando no desenvolvimento individual e na subsequente conquista da autonomia econômica.
A força desse movimento é palpable no depoimento de Marcilene Carvalho, uma das beneficiadas, que resume com clareza a missão do programa: “Nós saímos da vulnerabilidade social e hoje nós somos mulheres empreendedoras”. Este testemunho reforça a magnitude e o impacto real do projeto, cujas conquistas se expandem por diferentes realidades. Veremos, a seguir, como essa transformação se desdobra nas comunidades e nas vidas de cada mulher.
Projeto Elas Empreendedoras Capacita Mulheres para Renda
A implementação do projeto “Elas Empreendedoras” visa aprimorar competências e talentos individuais, projetando um impacto transformador que transcende a esfera pessoal para alcançar o coletivo. Elizabeth Telles, gerente de responsabilidade social, compartilha resultados animadores: “Durante quatro anos de projeto, 89,27% [das participantes] saíram de debaixo da linha da pobreza, tendo um aumento de renda de 123% por ano”. Estes dados concretos evidenciam o sucesso e a efetividade das ações.
No contexto do Amazonas, o entusiasmo é ainda maior com a ascensão notável de duas vertentes de capacitação. “Dentro do Amazonas, para a nossa alegria, nós tivemos a culinária regional e as biojoias. Foram duas coisas que ascenderam e que teve uma adesão muito forte e coletiva de todas essas mulheres”, acrescenta Elizabeth Telles. Essas áreas têm se destacado como pilares de geração de renda, unindo a riqueza natural da Amazônia ao potencial criativo das mulheres.
A Valoração da Natureza e o Empreendedorismo de Impacto
A produção das biojoias, em particular, destaca-se por sua capacidade de valorizar e incorporar a matéria-prima abundante da floresta. Fibras diversas, pedaços de madeira reaproveitada, cascas e sementes de frutos tipicamente amazônicos — como o buriti, encontrado nas palmeiras da família de Taína de Lima de Castro — são meticulosamente transformados em peças únicas. A sustentabilidade e o resgate cultural são elementos intrínsecos a esse processo.
Para Taína de Lima de Castro, empreendedora impulsionada pelo projeto, o benefício é tangível: “Eu posso ter uma renda extra através desse trabalho. Eu queria uma cama, aí eu não tinha o dinheiro ainda, através desse trabalho eu consegui um móvel”, revela. A experiência de Taína ilustra como a capacitação permite a concretização de sonhos e necessidades básicas, promovendo a independência financeira e a realização pessoal.

Imagem: g1.globo.com
Maely de Souza Serrão, outra visionária participante, já planeja a expansão de seus negócios. Ela investe ativamente para estruturar um espaço físico capaz de receber seus clientes e testemunha um crescimento expressivo nas vendas online. A criatividade e o respeito pelo valor da natureza amazônica são os combustíveis para suas aspirações. “Eu estou valorizando a semente da minha região e também eu estou vendendo a minha cultura, minhas raízes, tá entendendo? E isso para mim é prazeroso. Eu não quero parar por aqui. Eu quero ter uma loja física”, afirma Maely, demonstrando não apenas uma ambição empresarial, mas um profundo orgulho por sua herança cultural.
Transformando Vidas: Da Dependência à Autonomia
O impacto do “Elas Empreendedoras” é profundamente visível em histórias como a de Marcilene Carvalho. Antes do projeto, ela dependia do benefício do Bolsa Família e do apoio familiar, principalmente para custear as necessidades de seu bebê. “Eu dependia da minha família em tudo, principalmente com meu bebê. E, através do projeto, foi onde eu comecei a ganhar uma renda extra igual das outras meninas”, conta Marcilene, celebrando a recém-adquirida independência.
A capacitação fornecida vai além da mera geração de renda; ela promove a restauração da dignidade e oferece novas perspectivas. Este tipo de iniciativa ressoa com os esforços maiores para promover a autonomia econômica das mulheres, conforme articulado em programas e políticas governamentais.
Em alguns casos, a jornada empreendedora oferece também um caminho para a cura emocional. Luciane de Castro, por exemplo, encontrou na arte de tecer peças com recursos da floresta uma verdadeira terapia para superar um período de profunda depressão. Após perder dois filhos jovens em menos de dois anos, Luciane enfrentava uma dor devastadora. “Eu já senti muita dor, dor horrível… de correr aqui nessa casa e não saber o que fazer. E hoje eu choro de saudade, mas aquela dor horrível que eu sentia amenizou, passou. E eu não vou desistir”, declara emocionada. Seu depoimento destaca o poder terapêutico do trabalho manual e da conexão com a natureza, que lhe trouxe alívio e renovada esperança. É inegável o profundo impacto que a iniciativa proporciona, resgatando talentos e promovendo um ambiente de empoderamento e reconstrução de vidas. Este projeto oferece uma luz em meio à escuridão para muitas mulheres, ressaltando a importância do empreendedorismo feminino no contexto socioeconômico brasileiro, assim como destacado pelo Ministério das Mulheres em suas políticas de autonomia econômica.
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O Projeto Elas Empreendedoras reafirma que o talento e a resiliência das mulheres, quando apoiados por iniciativas eficazes de capacitação, podem gerar transformações econômicas e sociais significativas. O futuro vislumbrado por essas empreendedoras, que planejam expandir seus negócios com lojas físicas e novas coleções de biojoias e produtos da culinária regional, demonstra a vitalidade do empreendedorismo enraizado na cultura e na riqueza natural. Continue acompanhando outras notícias e análises sobre o desenvolvimento social e economia na sua editoria favorita.
Crédito da imagem: Reprodução Jornal Nacional
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